Experiência
Talheres de prata e foto na parede: como entrar para o hall da fama dos restaurantes
A luz do restaurante reflete nos talheres de prata com o nome do cliente gravado. Ao lado, um guardanapo de linho também personalizado, mas com fios de ouro. E, na parede, a foto do fiel frequentador mostra que ele não é apenas mais um a jantar ali. Esta espécie de hall da fama está ganhando cada vez mais espaço nos restaurantes, como se fosse um programa de fidelidade tal qual aos existentes nas companhias aéreas. Mas, ao invés de milhagens, os clientes acumulam mimos personalizados.
Conjuntos personalizados
Um desses ‘mimos’ é o conjunto de cinco talheres de prata com o nome do cliente gravado, oferecido pelo restaurante curitibano Durski. Aberto há cerca de 20 anos, o local foi um dos primeiros a oferecer este tipo de presente, o Le Club Personnalité. Além do faqueiro reluzente, há ainda um guardanapo de linho com o nome bordado com fios de ouro.
O kit, que fica guardado em uma gaveta com uma placa na vitrine no salão, se tornou objeto de desejo e curiosidade dos clientes que, não raramente, se perguntam como conseguir um deles. À reportagem, a gerência do restaurante informou que os talheres personalizados são para os clientes frequentes, mas que não há uma frequência exata para isso (três a quatro vezes por mês durante um ano, por exemplo).
Atualmente são cerca de 150 clientes com seus conjuntos personalizados de garfo e faca de entrada/sobremesa e de refeição e mais uma colher de sopa. O menu-degustação do chef, chamado de Banquete Eslavo, custa R$ 120 por pessoa e vem com três entradas, quatro pratos principais e uma sobremesa.
Galeria
Os clientes mais frequentes também ganham um espaço especial nas unidades do Lellis Trattoria em Curitiba e São Paulo, com fotos nas paredes e, não raramente, um ‘mimo’ a mais. Às vezes uma entrada extra ou uma sobremesa, e um dedo de prosa com o sempre presente João Lellis.
Ele conta que a ideia de fotografar os clientes surgiu há 38 anos com a abertura da primeira unidade da rede, em São Paulo. “Na ocasião, praticamente todos os convidados foram fotografados e ganharam um espaço na parede. Hoje em dia, os amigos e clientes assíduos também merecem foto nas paredes das unidades do Lellis”, conta.
Os pratos italianos no Lellis Trattoria custam a partir de R$ 88.
A curitibana Sina Hamburgueria se inspirou nos videogames para elaborar sua galeria de fotos: o ‘hall da fama’ da casa só é conquistado depois que o cliente provar todos os 10 hambúrgueres do cardápio (incluindo a versão vegetariana). Gustavo Romero, sócio do Sina, conta que a ideia surgiu em setembro do ano passado para homenagear um cliente bom de garfo.
“A gente tinha um cliente que vinha sempre aqui, e uma vez ele comentou que faltavam somente dois hambúrgueres para ‘zerar’ o cardápio. Falamos que se ele conseguisse, colocaríamos a foto dele na parede. Não deu outra: ele terminou e penduramos a fotografia dele”, brinca lembrando que a ação despertou o interesse de outros clientes. Hoje são 49 fotos, e Romero já planeja fazer a segunda parede do ‘hall da fama’.
Ele diz que os clientes ainda recebem novos desafios para cada conquista realizada, como provar um dos sabores mensais de hambúrguer. Os sanduíches começam em R$ 13.
Essa caneca é minha!
Na rede de bares Sirène, os clientes mais cativos têm a sua própria caneca de chope de 500 ml com o nome gravado nela. Já são cerca de 500 canecas personalizadas nas unidades de Curitiba (exceto no Mercado Sal), Florianópolis e Belo Horizonte vendidas a R$ 50 cada. Segundo Afonso Natal Neto, sócio do Sirène, a ideia surgiu bem despretensiosamente a partir da sugestão de um cliente.
“Quando a gente abriu o primeiro Sirène há três anos, na rua Trajano Reis, em Curitiba, não tínhamos quase nada de decoração. Um dia chegou um cliente que morava na Nova Zelândia e disse que lá tinha um bar em que os frequentadores levavam a própria caneca e deixavam lá. Resolvemos adotar a ideia e implantamos aqui”, conta. Para ele, é uma forma até mesmo de ajudar o meio ambiente, evitando o uso de copos plásticos.
Afonso explica que as canecas não precisam necessariamente ficar nos bares da rede, o cliente pode levá-las embora se quiser. Além de ter uma caneca com o próprio nome, o cliente acaba ganhando 100ml a mais de chope a cada compra, já que os copos de plástico normalmente tem 400ml. As variedades começam em R$ 10.