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O Grand Gateau é a sobremesa campeã de vendas da rede Paris 6, principalmente a versão original apelidada de Paloma Bernardi.

Experiência

Restaurante vende 40 mil sobremesas do mesmo tipo mensalmente

Mariana Ceccon, especial para o Bom Gourmet
08/10/2021 13:17
O código de etiqueta, quando o assunto é sobremesa, pode até vender o mantra de que menos é mais. No entanto, a história das pequenas e elegantes porções açucaradas para encerrar uma refeição cai por terra ao olharmos para os números do Grand Gateau, uma sobremesa que celebra muito mais a exuberância e a fartura do que a delicadeza pregada na terra do primo petit.
O
ramequin quente e preenchido com uma massa cremosa de chocolate chega até a
mesa adornado por ganache, frutas secas, frescas e todo tipo de confeito. Como
se nada disso bastasse, o cliente ainda assiste um picolé recheado sendo
mergulhado bem no centro deste pequeno vulcão.
O espetáculo luxurioso ajuda a explicar o porquê de esta ser uma das sobremesas mais vendidas no Brasil. Ao todo são comercializadas mais de 50 unidades por dia em cada uma das 26 lojas do Paris 6 espalhadas pelo país, um montante que ultrapassa a faixa de 40 mil entre o almoço e jantar todos os meses.
Isaac Azar, criador da sobremesa lá em 2008, conta que queria fazer uma brincadeira com o petit gâteau, só que em uma versão onde as pessoas pudessem “se esbaldar”.
“Não vivemos uma época de nouvelle cuisine [movimento francês que prega empratamentos minimalistas e delicados]. As pessoas não querem ver um pedacinho de algo, com um pingo no prato. Hoje o mundo busca fartura”, explica.
Engana-se,
no entanto, quem lê a fartura propagandeada por Azar como sinônimo de falta de
equilíbrio. A complexidade do Grand Gateau, que é comercializado por valores
entre R$ 52 e R$ 69, já garantiu para a linha mais de 100 versões diferentes,
com sabores que, de acordo com o chef, fazem os clientes finalizarem a refeição
raspando o prato, e não com a sensação de empanturrados.

Equilíbrio

Entre as várias versões do Grand Gateau está a que homenageia a atriz Deborah Secco.
Entre as várias versões do Grand Gateau está a que homenageia a atriz Deborah Secco.
O segredo para equilibrar o açúcar é caprichar na quantidade de frutas menos doces, como morango e uva verde, usar apenas chocolate meio amargo nas composições e trazer para o prato outros elementos de contraste, como o café.
“Não é apenas por ser uma sobremesa ‘instagramável’. O segredo do sucesso do Grand Gateau é justamente a sua complexidade de sabores e o fato de ser um doce para compartilhar. É por isto que considero ela uma sobremesa que não é apenas a estrela principal do Paris 6, mas de todo o Brasil ” , conta o criador.
Segundo Isaac, a sobremesa campeã de vendas têm sido referência para outros restaurantes brasileiros e reproduzida em países como Estados Unidos, Portugal e até na Bolívia.
Azar detalha ao Bom Gourmet a operação que leva o Grand Gateau para todo território nacional, e dá dicas para quem quer preparar sua própria versão caseira.

Segredos

Quem vai ao Paris 6 enfrenta a difícil missão de escolher entre 25 opções de Grand Gateau disponíveis atualmente no cardápio. No entanto, sete em cada dez clientes pedem a versão original, que leva o nome da atriz e bailarina Paloma Bernardi (R$ 52).
Além do picolé de baunilha mergulhado na massa de chocolate, a versão clássica acompanha calda de Nutella, morangos picados, avelãs granuladas e leite condensado.
Já a versão mais recente do doce, uma homenagem à funkeira Jojo Todynho (R$ 69), é servida em uma panelinha de ferro, coberta com ganache crocante de chocolate Diamante Negro, acompanhado de morangos picados, sorvete de baunilha em bola e raspas de chocolate branco.
A funkeira Jojo Todynho também ganhou uma versão do Grand Gateau.
A funkeira Jojo Todynho também ganhou uma versão do Grand Gateau.
Para conseguir atender todas as exigências que o prato pede, as unidades Paris 6 Petit, dentro de shopping centers, recebem a massa do Grand Gateau congelada, focando apenas na montagem do prato.
Já as unidades Bistrô precisam executar a receita de Azar à risca em suas cozinhas próprias, um processo que ele próprio faz sob o olhar atento dos clientes – uma exclusividade do restaurante localizado na capital paulista.
“É como uma grife. Eu preparo desde a massa até o empratamento na mesa do cliente. Eu também faço este serviço quando estou visitando a rede. Em novembro, estarei em Curitiba e vamos oferecer este momento aos visitantes do Paris 6 de lá”, antecipa.
Até o
fim deste ano, a rede também deve implementar outra novidade para certificar a
padronização e qualidade da sobremesa: o retorno de sua marca própria de
picolés, considerado pelos gestores da rede a “joia da coroa” do Grand Gateau.
O
desenvolvimento do produto, exclusivo para compor a sobremesa, garante que o
processo de derretimento do sorvete seja mais lento ao entrar em contato com o
calor do ramequin, e que a casca de chocolate tenha a mesma qualidade e sabor
do que a do chocolate usado na composição da massa e na finalização.
“O Grand Gateau está em evolução constante, mas sempre se mantendo como um ícone do nosso cardápio. O segredo para uma sobremesa de sucesso é a identificação do público com aquele produto, é o seu restaurante ser reconhecido por ser um local onde se servem boas sobremesas”, arremata.

Faça em casa

Ter a
sua marca própria quando o assunto é sobremesa, não é uma exclusividade dos
restaurantes. Para quem cozinha em casa e para os eventos de família, tornar o
Grand Gateau a sua especialidade, não é algo distante.
O
segredo, de acordo com Azar, é bater bem a massa e a ganache, garantido que o
conteúdo que vai para o ramequin esteja bem aerado e que os sabores da calda bem
aveludados, envolventes e com os sabores uniformemente distribuídos.
“Além do chocolate, a ganache leva outros ingredientes e, por isso, misturá-los bem faz toda a diferença. Mesma coisa a massa, onde é preciso incorporar bem o ar, fazendo quase uma espécie de suflê”, conta.
Veja abaixo como preparar em casa a versão clássica do Grand Gateau e surpreenda os seus amigos e familiares.