Experiência
Conheça a história de pessoas que (re)descobriram a cozinha durante o isolamento social
Se antes da pandemia a cozinha não passava de um cômodo a mais da casa para a maioria das pessoas, o isolamento social, que obrigou as pessoas a ficarem mais tempo em seus lares, promoveu uma aproximação quase que automática com fogões, panelas e afins. Para alguns, cozinhar foi uma descoberta. Para outros, uma nova forma de se relacionar com o outro. E para outros tantos, uma maneira de se reinventar e transformar um hobby em uma forma de ganhar dinheiro em troca do alimento que remete à cozinha com gostinho de nostalgia.
De olho nestas tendências, o Bom Gourmet criou a plataforma de vídeos Redescubra a Cozinha e, hoje, traz algumas histórias de pessoas que se (re) descobriram como cozinheiros durante a pandemia.
Para a psicóloga Josiane Pereira de Azevedo, cozinhar nunca passou nem perto de suas prioridades. "Meu marido casou sabendo que não cozinhava", relembra. No entanto, o panorama mudou quando ela tirou férias no início da pandemia e se viu sem ter muito o que fazer, já que não poderia viajar.
"Decidi me arriscar e foi dando certo. Pesquisei algumas receitas na internet e minha estreia foi com um ravióli de tapioca", conta. A descoberta do novo talento pegou todos de surpresa, especialmente as amigas, que conheciam a aversão dela por panelas. "Quando comecei a postar os pratos, caíram para trás", se diverte.
A coisa foi tão longe que Josiane já chegou em um nível de fazer festas temáticas para a família. Já teve arraial, jantar a luz de velas e festa italiana, com direito à decoração. "Eu fujo do trivial, do arroz e feijão. Gosto de fazer pratos diferentes. Já fiz moqueca de banana, canelone de abobrinha, lasanha de berinjela, espaguete de abobrinha com almôndegas, risoto de couve-flor com frango e molho de laranja", conta.
O prazer da descoberta pela cozinha foi tão grande, que mesmo com a volta ao trabalho, Josiane segue experimentando novas receitas. "Faço alguns dias à noite e aos finais de semana".
Receitas no Instagram
Já para a digital influencer Mariah Luz, o gosto já existia. "Comecei me arriscando com a minha mãe e minha avó, que sempre faziam receitas especiais no domingo e com a minha melhor amiga, cujo pai tem restaurante no Rio. Ele sempre fazia a gente participar para aprender as receitas. Aí começou meu encantamento pela gastronomia".
No entanto, o apreço pela boa mesa acabou ficando mais no campo das degustações do que da produção culinária. "Isso mudou com a quarentena. Cozinhar está sendo uma terapia para mim e comecei a colocar a mão na massa", conta. Além de agradar as pessoas de casa, ela decidiu compartilhar suas experiências na cozinha na sua página do Instagram, onde receitas como o espaguete a carbonara foi campeã de acessos. "Mas meu carro-chefe é o talharim com o molho secreto do tio Rafael, com queijos e mignon".
As inspirações também vem de buscas pelas internet e de algumas referências, como o masterchef Vitor Bourguignon. "Minha última receita foi uma maminha na mostarda que ele ensinou a fazer". Apesar de estar passando mais horas na cozinha durante a pandemia, Mariah diz que não se descobriu, necessariamente, como uma boa cozinheira. "Sou mais uma boa aventureira", se diverte.
Toque de afeto
O percurso é um pouco diferente para a profissional de marketing Aline Esteves, cujo pai sempre mandou bem com as panelas e, inclusive, já teve uma padaria no Centro de Curitiba. De família mineira, ela sempre gostou de cozinhar para a família e para os amigos. Antes da pandemia, ela já havia começado a transformar o hobby em negócio, com a Docelines.
Mas, com a pandemia, a dedicação à cozinha passou a ser integral e foram surgindo novas receitas, como o pão de queijo mineiro e a lasanha. Em seus preparos, Aline resgata as receitas de família e tenta colocar, em casa bolo ou quiche, um toque de afeto. "Com a pandemia, as pessoas começaram a procurar os pequenos empreendedores. Acabei investindo em novas receitas, sempre buscando trazer afeto, além da comida".