Experiência
Chef´s Table: conheça o projeto que promove a aproximação entre cozinheiros profissionais
Se você costuma frequentar restaurantes com certa assiduidade, já deve ter notado que muitos deles fecham as portas às segundas-feiras. Como se trata, em geral, de um dia de menor movimento, costuma ser o dia de folga dos chefs. Não à toa, foi esse o dia da semana escolhido para colocar em ação o projeto Chef's Table, que depois de um evento-teste do final do ano passado, entra de vez no calendário do time da gastronomia nesta segunda (14).
Segundo o Chef Dobis, o "pai da criança" e anfitrião em sua Casa Dobis, que fica a 20 quilômetros de Ponta Grossa, a ideia surgiu com a vontade de promover a aproximação entre os chefs que agitam a cena gastronômica.
"No dia a dia, é complicado que a gente possa provar a comida dos nossos colegas, devido à correria nas respectivas cozinhas. O Chef´s Table é o momento e o lugar onde os chefs podem cozinhar de modo despretensioso, em uma roda de amigos", explica.
Mais do que isso, o encontro também recebe fornecedores e pode servir de ponte para bons negócios.
Na prática, a cada encontro, são convidados alguns nomes, que no início do dia se dirigem a Teixeira Soares, na região dos Campos Gerais (PR), onde fica a Casa Dobis. Como a proposta é promover um dia de diversão e descanso, a viagem é de van, pois a arte de bebericar também é exercitada enquanto rola uma verdadeira batalha de cozinheiros.
"Cada um é livre para preparar o que deseja, o que quiser fazer para dividir com os colegas", reforça Dobis.
Evento-teste do Chefs Table
O Bom Gourmet acompanhou in loco o evento-teste do Chefs Table, que incluiu uma lista com mais de 30 nomes da gastronomia de Curitiba, quando 2022 já pedia passagem, no final do ano. A montagem do primeiro grupo foi articulada por Dobis, com auxílio da dupla formada por Rafael Kula (Quitutto) e Alexandre Gonçalves (IGA).
Duas vans saíram de Curitiba cedinho a caminho de Teixeira Soares. Ao chegar, cada um descarregou suas armas para a batalha dos cozinheiros e começou a disputa, que se acirrava a cada apresentação de ingrediente ao público.
À disposição, os chefs têm churrasqueira, pit smoke, fogão e forno, para que qualquer técnica seja passível de ser empregada e a mágica da transformação dos alimentos em obras de arte possam acontecer. Munidos de suas armas básicas, como facas de estimação, temperos e, é claro, toda a expertise e criatividade inerentes ao ofício que exercem, os chefs são desafiados a processar ingredientes que são fornecidos pela própria Casa Dobis, como é o caso de legumes, verduras, temperos, frutas e algumas carnes, e, também, por fornecedores, que são convidados a participar da festa.
Délio Canabrava, da Cantina do Délio, se atracou com barriga de porco para transformá-las em defumados para o seu popular caldinho de feijão, enquanto Claudinei Oliveira, afeito ao trato com toda a sorte de carnes, pegou a costela para utilizar a técnica com pó de carvão na pit smoke. Na linha das carnes, também teve o Maurício Fontana, de O Gordo e o Magro e Mas será o Benedito? e o jovem Herbert Fagundes, do Pit Smoke de Matinhos, no litoral do Paraná.
Já o chef Rodrigo Pinto apostou na paella, enquanto a dupla Ale Gonçalves e Taylor Moresco investiu no preparo da massa de pizza, que recebeu a cobertura de bacalhau feita por Rafael Kula. A dupla dinâmica da Inspirar Gourmet, formada por Kauê Henrique e Larissa Guzzo, também fez bonito.
Quando a gente achava que tinha acabado, vinham mais e mais pratos cheios de técnica e sabor, o que não poderia deixar de ser. Afinal, o resultado não poderia ser outro com tanta gente boa comandando as panelas.
O desfecho do banquete ficou a cargo da Vania Krekniski, do Limoeiro, que foi, literalmente, colher os pêssegos do pé, para preparar um doce em calda super suave no fogão a lenha, servido com um crumble improvisado com brioche ralado, aqueles truques que só os melhores chefs têm na manga.
Para coroar a primeira edição do Chefs Table, o grupo foi brindado com um pôr-do-sol de tirar o fôlego, que provocou uma pausa no labor entre as panelas para admirar outro espetáculo, além da mesa. Com a noite pedindo passagem, uma fogueira foi acendida e espumantes estouradas pelo método sabrage.
Essa técnica de abrir as garrafas sacando o gargalo junto a rolha recebe esse nome porque, originalmente, era praticada com um sabre, nos campos de batalha franceses nos tempos de Napoleão, reza a lenda.
E, aqui entre nós, nada melhor do que brindar um belo encontro e celebrar os bons momentos com um brinde com vinhos borbulhantes, que são a cara do clima de festa. Mais do que o encontro, as taças erguidas também celebraram a esperança da volta à normalidade, depois de dois anos marcados pela pandemia e suas agruras.
Que venham, pois, mais encontros! Vida longa ao Chef´s Table!