Experiência
Descubra os cavas, primos espanhóis do champagne francês
Quando a gente ouve falar em vinho espumante, com aquelas borbulhas tecnicamente chamadas de perlage, é natural remeter ao champagne. O espumante francês, que recebe esse nome devido à região onde é produzido, no entanto, já não reina absoluto nessa seara. O cava, o vinho espumante da Espanha, também cumpre um rigoroso processo de controle e pede passagem, muito em parte pela atuação mundial da marca Freixenet, que só em 2020 comercializou, nada menos, que 225 milhões de garrafas.
O sucesso, é claro, é resultado de alguns fatores. O primeiro deles, talvez, seja a consolidação do vinho cava como Denominação de Origem Protegida e, posteriormente, qualificada. Aqui, vale frisar, que o autêntico cava se produz, majoritariamente, na região da Catalunha, onde se encontra a fábrica da Freixenet, a 30 minutos de carro de Barcelona.
De acordo com Jep Bargalló, relações-públicas da marca, a certificação, estampada orgulhosamente nos rótulos das garrafas, veio nos anos 1990 e trouxe um selo que assegura as características originais da bebida, obtidas a partir de parâmetros como método tradicional, duas fermentações – a última delas em garrafa.
“Um cava tem guarda, no mínimo, de nove meses, para cavas de guarda, 18 para reserva e 30 meses para ser um Gran Reserva”, explica.
Outras características que tornam os cavas vinhos únicos é o tipo das uvas brancas com os quais são produzidos: a tríade Macabeo, Parellada e Xarel, que contribuem, respectivamente, com um toque de doçura, frescor e corpo. “A proporção é bem equilibrada. Por exemplo, o Cordón Negro, que é nosso vinho mais vendido no mundo, tem uma proporção de 40% de Macabeo, 30% de Parellada e 30% de Xarel”, completa Bargalló.
A origem
E, você deve estar se perguntando: como descobrimos tudo isso? O Bom Gourmet foi convidado a conhecer a Cavas Freixenet, fundada oficialmente em 1911, quando a herdeira da Casa Sala, Dolores Sala Vivé, profícua produtora de vinhos, uniu-se a Pedro Ferrer de la Freixeneda, que deu origem ao nome Freixenet.
Dolores, por sinal, é responsável pela criação do maior ícone da marca: o Carta Nevada. Foi esse rótulo que deu origem à excelência da na produção de cavas, lá nos idos dos anos 1940.
As visitas a Sant Sadurní d`Anoia são abertas ao público e incluem apresentação da história da marca, explicação detalhada sobre as características dos cavas e passeio até a linha de produção, que fica quase 20 metros abaixo da terra.
Aliás, sempre bom frisar que, é justamente por causa da produção subterrânea que os cavas têm esse nome.
Quem optar pela visita básica à Freixenet, que dura uma hora e meia, ainda tem direito à degustação de dois cavas, ao preço de 15,50 euros. Outra possibilidade é visitar o Cava Bar, onde é possível provar os principais rótulos da marca, enquanto degusta jamón ibérico, queijos, croquetas y otras cositas más, tudo bem à espanhola.
Harmonização especial
A sede catalã da Freixenet também está aberta para eventos, com almoço com tapas custa em torno de 35 euros por pessoa, já que dispõe de um amplo salão para receber convidados. Foi ali, da companhia do CEO da marca no Brasil, Fabiano Ruiz, que pudemos experimentar almoço harmonizado com alguns dos rótulos mais emblemáticos durante a visita.
Começamos com brinde de boas-vindas com o Gran Reserva Meritum, de 2015, para seguirmos com Freixenet Elyssia Gran Cuvée, um cava de guarda superior Reserva. A harmonização – ou, maridaje, em espanhol – foi com salada de vagem verde com lagostins, que combinaram com a leveza do rótulo.
Para a robustez do pato a Penedès (nome da cidade onde está a fábrica) a la Catalana, servido com batatas e molho do próprio assado, a eleição foi Freixenet Reserva Real, de guarda superior Gran Reserva. Para fechar o banquete, torta de queijo, com menção especial ao Manchego da receita, servido com Freixenet Cuvée D.S. 2016, um Gran Reserva mais adocidado, que se casou perfeitamente com a sobremesa.
Referência no cava, o espumante da Espanha
A degustação, que seguiu uma evolução natural deste tipo de prova, comprovou a qualidade e a força dos cavas, em especial, dos que obedecem mais tempo de guarda.
De acordo com Jep Bargalló, relações-públicas da Freixenet, não é à toa que a marca é uma referência quando o assunto é o cava, o vinho espumante da Espanha.
“Além da tradição de mais de 100 anos, trabalhamos com um rigoroso controle de qualidade, que inclui provas sensoriais e análise de amostras em laboratório”, afirma.
Na visita à linha de produção, aliás, foi possível ver todo o aparato tecnológico utilizado, que é decisivo para a produção em grande escala, sem comprometer a qualidade final do produto. “Desenvolvemos um sistema que assegura o cumprimento de todas as normas do Conselho Regulador da Denominação de Origem Cava e dá mais agilidade à produção”, assegura Jep.
Hoje, no portfólio da marca, há uma média de 30 rótulos, boa parte à venda no Brasil. De acordo com o CEO da Freixenet Brasil, Fabiano Ruiz, a despeito de o carro-chefe da Freixenet ser o vinho cava, o espumante da Espanha, há uma busca constante pela diversificação do portfólio na marca, que inclui espumantes italianos, alemães e alguns rótulos produzidos pelo método charmat.
“A nossa intenção é mostrar que o espumante não precisa necessariamente só ser consumido em festa e em grandes ocasiões. É um tipo de vinho e, portanto, cabe perfeitamente acompanhando refeições, a qualquer hora do dia”, garante.
Ao fim e ao cabo, sejamos honestos: nunca é demais fazer um brinde com um espumante refrescante na taça. Salud!
*a jornalista viajou a convite da Freinexet Brasil.