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Formigas saúva e dadinhos de tapioca do Brasil ganham o mundo
O Brasil está se tornando o país das inovações culinárias. É o que explicou o engenheiro agrônomo e consultor de agronegócio do Sebrae, Vinícius Lages, na palestra realizada nesta sexta-feira (25) durante o seminário Fruto 2019, em São Paulo. Ele destacou que produtos como o mel puro de abelhas nativas, o queijo de pequenas queijarias, cachaça, cafés especiais, dadinhos de tapioca e até mesmo pratos preparados com formigas saúva estão ganhando o mundo.

A palestra foi focada principalmente no desafio de equilibrar a agricultura com o meio ambiente, mas sem afetar os negócios. O engenheiro, que trabalha diretamente com o desenvolvimento de pequenos negócios no campo, explicou que o país está assumindo uma posição de destaque no mundo quando se fala em inovações culinárias.
Para ele, produtos que eram pouco valorizados há até alguns anos já estão atravessando fronteiras. E caindo no gosto popular inclusive por aqui.
“Pesquisadores, pessoas que lidam com a biodiversidade, e cozinheiros que foram capazes de tirar do nada produtos que não tinham valor agregado e conseguiram colocar em cardápios de restaurantes do mundo inteiro. Eu estive em São Francisco [EUA], em janeiro, e descobri que os dadinhos de tapioca estão no menu deles há anos, e nunca deixaram de ser servidos. E até mesmo as formigas saúva, que até anos atrás estava no alvo para ser erradicada do Brasil, agora são vendidas a preço de caviar no exterior”, explicou.

Vinícius explica que é fundamental que tenhamos a competência de agregar valor à nossa própria biodiversidade, que ele compara a uma grande biblioteca esperando para ser lida e interpretada. Um dos alimentos que vem ganhando espaço no Brasil na última década é o pirarucu, um dos maiores peixes de água doce que tinha pouca saída em feiras espalhadas pelo país.
“Quando enfrentamos esse desafio, há mais de dez anos, vários estados brasileiros estavam tentando estabelecer um processo criativo de criação de pirarucu. Ele é um produto de difícil manejo, mas vemos um enorme potencial nele. O peixe já está começando a ganhar escala nas maiores feiras do país”, diz o consultor sobre as perspectivas futuras dele.
Ele ainda ressaltou a valorização da cachaça, que era renegada e passou a ser divulgada pelo mundo. Vinícius explicou que o Brasil tem mais de 500 pequenas destilarias.
Turismo pela comida
Durante a palestra, Vinícius lembrou ainda do exemplo dado pelo Peru, de que é possível desenvolver o turismo de um país através da gastronomia. Ele lembra que a nação andina soube trabalhar seus produtos e ingredientes mais típicos para ficar conhecido no mundo, e que isso só é possível com o fomento principalmente dos pequenos e médios produtores.
“Em um movimento mundial de 1,3 bilhão de pessoas viajando, o Brasil recebeu apenas seis milhões de turistas internacionais no último ano”, analisou.
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Para o engenheiro agrônomo, ainda há muito o que ser desenvolvido, mas o caminho já está traçado.