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Da quirera ao pinhão, culinária do PR é marcada por pratos e sabores afetivos
Nem só de barreado vive a cozinha tradicional paranaense. Embora o preparo litorâneo seja uma marca do estado, diversos são os ingredientes, receitas e até produtos que fazem parte das lembranças de infância e do dia a dia de quem nasceu ou escolheu o Paraná para morar. “A raiz da nossa gastronomia é muito rica e hoje estamos vivendo um momento de resgate da origem desses sabores. São receitas que começaram com a cultura indígena ou negra, por exemplo, e que ajudam a contar a nossa história”, explica Andrea Soares, idealizadora do evento Curitiba Paraná Show, realizado nesta sexta (8), na Universidade Positivo, em Curitiba. Objetivo? Valorizar a cultura e a gastronomia local.
Dos grupos indígenas, o Paraná herdou preparos com milho, mandioca e pinhão. “Um exemplo é o bolo de milho, que os índios tupis-guaranis costumavam preparar para o batismo das crianças, acompanhado de mel silvestre”, conta a chef Juliana Soares. O pinhão também foi incorporado ao hábito alimentar dos paranaense e hoje é um ingrediente típico de inverno, sendo usado em diferentes preparações ou mesmo apreciado puro. Ainda de origem indígena, temos a erva-mate, que antes era consumida como alimento e hoje na forma de chá quente ou gelado ou o tradicional chimarrão.

A passagem dos tropeiros pelo estado, no século XVIII, também deixou marcas na culinária regional: a cidade da Lapa é o berço de preparos tradicionais como o virado de feijão com farinha; a quirerinha, que leva milho quebrado e carne de suã, e a paçoca de pinhão com charque. Já da culinária caiçara, o barreado, que era preparado nos sítios de pescadores, é o prato mais tradicional: a receita tem mais de 200 anos e é originalmente preparada em panela de barro, cozinhando a carne por longos períodos. “É um prato que teve influência dos portugueses, que trouxeram o cominho, que é o principal tempero. Depois foi aperfeiçoado pela população litorânea”, explica Ailton Almeida, professor do curso de Gastronomia da Universidade Positivo.

Mais recentemente, outras preparações também passaram a representar a cozinha do estado. “Cada região ou cidade tem sua própria tradição culinária, de acordo com os produtos que são mais abundantes. Alguns exemplos são o porco no rolete, em Toledo, e o carneiro no buraco, em Campo Mourão. O porco é recheado e assado inteiro em um rolete. Já o carneiro é preparado em um tacho de ferro com diversas frutas e verduras e colocado em um buraco com brasa”, detalha Ailton.
Entre os ingredientes locais que marcam nossa gastronomia destacam-se a banana-da-terra, a pupunha, a farinha de mandioca, o gengibre e a cataia – esses produzidos nas cidades do litoral do estado. Temos, ainda, o mel de abelha-jataí do Lago de Itaipu, a uva da cidade de Marialva, o melado de Capanema, o café das cidades do norte do estado, e também a erva-mate de São Mateus do Sul. “Além disso, a produção de tilápia e também da espécie de porco chamado de porco moura, em Palmeira, tem atraído atenção para as riquezas do estado”, observa Juliana Soares.
Produtos que são a cara do Paraná

Alguns produtos já são considerados símbolos do estado. Um dos mais icônicos é a bala de banana de Antonina, que há 38 anos é produzida com banana de pequenos produtores da região. A embalagem é a mesma desde a criação, conservando a identidade do doce. Merece destaque também a gengibirra, da marca Cini, bebida preparada à base do gengibre de Morretes. O refrigerante é fabricado desde 1930 e conserva processo de produção semelhante ao de antigamente. Outro produto que marcou a infância dos paranaenses é a pipoteca, pipoca doce industrializada vendida em um pacote cor-de-rosa. Fabricada em Curitiba desde 1978, até hoje é sucesso de vendas entre os moradores da cidade.