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Como alimentar um mundo cada vez mais populoso? Evento on-line de Alex Atala debate o tema

Guilherme Grandi
25/01/2019 09:00
Com o objetivo de aprofundar a discussão de como alimentar um mundo cada vez populoso e com recursos escassos, começa nesta sexta-feira (25) a segunda edição do Fruto. O seminário criado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Fernando Ribenboim terá mais de 30 chefs e especialistas debatendo novas ideias de programas alimentares, combate ao desperdício e políticas públicas que deram certo – ou não – para o futuro da alimentação desde que começaram a ser discutidas no ano passado.
Alex Atala e Felipe Ribenboim discutem o futuro da alimentação no mundo. Foto: Reinaldo Canato/divulgação.
Alex Atala e Felipe Ribenboim discutem o futuro da alimentação no mundo. Foto: Reinaldo Canato/divulgação.
Durante os três dias de evento, serão realizadas palestras de assuntos que vão desde formas ecológicas de plantio de alimentos na agricultura familiar, o estudo da neurociência de consumo, a relação dos humanos com a floresta e seus habitantes originais, e até mesmo como o mar pode ser a próxima grande fronteira na geração do que irá abastecer o mundo.
De acordo com Alex Atala e Fernando Ribenboim, apesar de muita coisa já ter avançado nos últimos anos – em especial desde o primeiro Fruto (realizado em 2018), ainda há o que fazer. A dupla considera que o Brasil, apesar da recente mudança de governo e de novas metas e políticas, já desempenha um papel importante na geração de alimentos para o mundo. O que falta é um aprofundamento das discussões.
“Observamos no mundo uma crescente oferta orgânica, o aumento de projetos de hortas urbanas, organizações não-governamentais engajadas na questão alimentar, chefs de cozinha trazendo para a mesa essa discussão, além de diversos e relevantes projetos voltados para a origem do alimento. Este é um tema que está cada dia mais em pauta na nossa. Quando se fala de Brasil, é preciso respeitar a relação do homem com o alimento e a natureza”, explica Atala.
Atala e Ribenboim afirmam, ainda, que a escolha dos palestrantes deste ano se deu por conta de suas contribuições à alimentação mundial ao longo dos últimos meses – são poucos os mesmos da edição de 2018. Todos eles têm algo a acrescentar de iniciativas para a geração de alimentos de uma forma mais sustentável, além de mostrar como podemos consumir mais gastando muito menos, e assim preservar o meio ambiente e o próprio ser humano.
“Além disso, buscamos ampliar o espaço para diferentes atores dialogarem sobre os temas que consideramos os mais urgentes ligados ao alimento, como educação, desperdício e políticas públicas, sob diferentes perspectivas”, completa Ribenboim.
Em uma das palestras de 2018, a chef Bela gil propôs uma maior consciência alimentar, que o poder público precisa incentivar. Foto: reprodução/transmissão
Em uma das palestras de 2018, a chef Bela gil propôs uma maior consciência alimentar, que o poder público precisa incentivar. Foto: reprodução/transmissão
Entre os principais palestrantes da segunda edição do Fruto estão o neurocirurgião norte-americano Atom Sarkar, que aponta a relação entre o cérebro, os alimentos e a memória; o ornitólogo israelense Yossi Leshem, que estuda o poder de transformação das aves sob o meio ambiente; e Chido Govera, agricultora do Zimbábue que aprendeu o cultivo de cogumelos a partir de resíduos de café e milho. Também estão confirmadas as presenças dos chefs Andoni Aduriz (do premiado restaurante espanhol Mugaritz), Douglas McMaster (que comanda o Silo, na Inglaterra, de desperdício zero), Manu Buffara e Bela Gil, ativistas da alimentação natural e regional.
O seminário Fruto será realizado no Unibes Cultural, em São Paulo, com entrada apenas para convidados. Mas, todas as palestras serão transmitidas ao vivo de sexta (25) a domingo (27) pelo YouTube e pelo Bom Gourmet, desde cedo até as conclusões finais (veja mais abaixo a programação completa).

10 sementes

As palestras do simpósio Fruto deram origem a uma publicação trilíngue para uso livre. Foto: reprodução/transmissão
As palestras do simpósio Fruto deram origem a uma publicação trilíngue para uso livre. Foto: reprodução/transmissão
Durante a primeira edição do Fruto, os debatedores chegaram a 10 conclusões que precisavam ser resolvidas para que o mundo possa alimentar seus mais de 7 bilhões de habitantes sem muitos danos ao meio ambiente. Delas, se chegaram a algumas soluções que gradualmente já começaram a ser implantação.
Atala conta que os primeiros resultados já começaram a aparecer. A criação do Selo Fruto, incentivando o uso de alimentos que muitas vezes seriam descartados, é um dos projetos que surgiram a partir de discussões.
“O lançamento do selo aconteceu agora em janeiro com a chegada ao mercado dos Ovos Pequenos da Fazenda da Toca. A empresa não sabia como comercializar de forma mais valorizada os ovos de galinhas jovens. Após o Fruto, surgiu a ideia de colocar luz nesse produto e eis que agora, um ano após o evento, os ovos estão sendo lançados em supermercados de todo o país com os selos do seminário e do Instituto ATÁ, a fim de informar o consumidor sobre o consumo consciente”, conta.

Programação

Veja quais serão as palestras da segunda edição do seminário Fruto:
Sexta (25):
9h – abertura, com o chef Alex Atala e o produtor cultural Felipe Ribenboim.
9h25 – “O poder do cérebro”, a relação entre o órgão, alimentos e a memória com o neurocirurgião norte-americano Atom Sarkar.
9h50 – “Escolhas e impactos”, a consciência do consumo com Hélio Mattar, do Instituto Akatu.
10h15 – “Evolução x meio ambiente”, discutindo o evolucionismo, o equilíbrio natural e o ambientalismo, com o paleontólogo Max Langer (USP Ribeirão Preto).
10h40 – “Ancestrais da floresta”, arqueologia brasileira e as civilizações da floresta, com Eduardo Góes Neves, especialista em Amazônia (MAE-USP).
11h25 – “A gente precisa conversar” sobre sustentabilidade e alimentação, com Andoni Aduriz, chef do restaurante Mugaritz (Espanha).
11h50 – “Terra 2.0”, reformulações políticas, modelagem de sistemas de produção e o uso da terra, com Gerd Sparoveck, da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo.
12h15 – “Agricultura familiar 2.0”, discutindo ainda a agroecologia e a produção sustentável, com Marco Pavarino, do Ministério da Agricultura.
12h40 – “Peacemakers”, aves como agentes de transformação, com o ornitólogo israelense Yossi Leshem.
14h35 – “Cada um no seu quadrado”, sobre a classificação dos alimentos e o selo Origens Brasil, com Patricia Cota Gomes (Imaflora).
15h00 – “Juntos somos grandes”, os desafios da agricultura familiar, com Luis Carrazza, da Central do Cerrado.
15h25 – “Agro”, o desafio de aliar ecologia e negócio, com o engenheiro agrônomo Vinicius Lages (Sebrae).
16h10 – “Agricultura do futuro”, cultivo tradicional e agricultura sintrópica, com Vânia Antoniolli (Grupo de Agricultura Sustentável).
16h35 – “Onça-pintada”, o desafio de conservar o nosso símbolo da biodiversidade, com o biólogo Leandro Silveira (Instituto Onça Pintada).
17h00 – “O que a floresta me ensinou”, sobre serviços ambientais e o uso sustentável da floresta, com o empreendedor social João Meirelles Filho (Instituto Peabiru).
Sábado (26):
9h – abertura, com o chef Alex Atala e o produtor cultural Felipe Ribenboim.
9h25 – “Drinking our way out of the global food scandal”, sobre desperdícios no plantio de alimentos, com o ambientalista britânico Tristram Stuart.
9h50 – “Desperdício é falha da imaginação”, com foco sobre seus usos diversos explicados pelo chef britânico Douglas McMaster, que comanda o restaurante “desperdício zero” Silo.
10h15 – “Food chain”, sobre o desenvolvimento da cadeia do alimento, com os técnicos Edurne Battista e Sergio Hernán Justianovich, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina.
11h – “A natureza não é capitalista”, como a cultura alimentar pode nos tirar das armadilhas do mercado, com a jornalista e escritora argentina Soledad Barruti.
11h25 – “Floresta adentro”, conhecimento tradicional e inovação no desenvolvimento de produtos da floresta, com a pesquisadora intercultural Raimunda Rodrigues (Associação dos Moradores da Reserva Extrativista do Rio Iriri – Amoreri), e o engenheiro de produção Marcelo Salazar, do Instituto Socioambiental.
11h55 – “Desafio chinês”, o desenvolvimento de fazendas urbanas na China, com a fazendeira social chinesa Shi Yan.
12h20 – “Fazendas digitais”, a tecnologia aplicada aos alimentos, com o chef israelente Tomer Niv, do Infarm – Fazendas Digitais Urbanas.
14h35 – “O que você não sabia sobre a água”, um questionamento de como as mudanças climáticas afetam o mundo, com o cientista Antônio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
15h00 – “Tudo acaba no mar”, os impactos humanos nos mares e a indústria pesqueira, com o biólogo marinho canadense Daniel Pauly, do Sea Around Us.
15h45 – “The power of colab”, enriquecendo o mundo com os sabores do Zimbábue, com a fundadora da fundação ‘Future of Hope’ Chido Govera, e o chef dinamarquês Lars Williams, do Empirical Spirits.
16h20 – “As líderes da transformação”, lideranças regionais e povos tradicionais, com a médica veterinária Rita Moya, do Centro de Investigação em Medicina e Agroecologia do Chile (Cimasur); Dalí Nolasco Cruz, jovem indígena da tribo mexicana, e e Jera Tenondé Porã, liderança indígena Guarani Mbya, do Brasil.
17h25 – “Rocking the food chain”, com a chef e ativista norte-americana do movimento Slow Food, Alice Waters, e Davia Nelson, do projeto The Kitchen Sisters Present (EUA).
Domingo (27):
9h – abertura, com o chef Alex Atala e o produtor cultural Felipe Ribenboim.
9h15 – “Diálogo 1”, mesa redonda sobre educação com o mestre em nutrição Juarez Calil Alexandre (PNAE/FNDE), o líder comunitário Thiago Vinícius, a estudante Ariane Fachinetto, e a chef e ativista Bela Gil (programa Bela Cozinha).
11h15 “Diálogo 2”, mesa redonda sobre desperdício de alimentos com o economista Ronaldo dos Santos (Associação Paulista de Supermercados), a chefe do centro de qualidade da Ceagesp, Anita Gutierrez; a advogada e idealizadora do projeto Comida Invisível, Daniela Leite; a nutricionista Luciana Gonçalves (Mesa Brasil, SESC-SP) e a chef e ativista Manu Buffara (restaurante Manu).
13h35 – “Diálogo 3”, mesa redonda sobre políticas públicas de alimentação e abastecimento com o ambientalista e deputado federal Nilto Tatto (PT-SP); a chef e ativista do projeto Clandestino, Bel Coelho; a chef Paola Carosella (programa Masterchef); o engenheiro florestal Joe Valle, e o advogado na área de direito público, André Iera.
Serviço:
Fruto
Sexta (25), sábado (26) e domingo (27), a partir das 9h, no Unibes Cultural
Rua Oscar Freire, 2500, Sumaré, São Paulo (SP)
O auditório do Unibes Cultural recebe até 300 convidados, mas a transmissão pela internet é gratuita e ilimitada. Clique aqui e acompanhe as palestras.

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