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Bom Gourmet

Culinária russa: estrogonofe já foi prato nobre no Brasil

Talita Boros Voitch
12/06/2018 12:07
O estrogonofe teve seu auge no Brasil na década de 1970, quando servir o prato a convidados era sinônimo de sofisticação. Estrogonofe era comida de festa, acompanhado sempre por arroz e batata palha. Anos mais tarde, o prato se popularizou e deixou de ser refinado para se tornar trivial. Mas o requinte do estrogonofe vem de berço. Nasceu na Rússia, como comida de czares no início do século 19.
Prato de strogonoff pedido pelo editor André Pugliesi que está na Rússia para cobrir a Copa do Mundo para a Gazeta do Povo. Foto: André Pugliesi/Gazeta do Povo
Prato de strogonoff pedido pelo editor André Pugliesi que está na Rússia para cobrir a Copa do Mundo para a Gazeta do Povo. Foto: André Pugliesi/Gazeta do Povo
Há algumas versões sobre a criação do prato, mas a mais provável é que seria de um cozinheiro francês de uma família nobre de São Petesburgo, os Stroganov. Seria uma homenagem ao patrão já falecido, o conde Pavel Alexandrovich Stroganov, um importante comandante militar russo.
A versão tida como original leva carne cortada em tiras finas, dourada e flambada, que depois recebe o smetana, clássico creme de leite azedo russo, iguaria que acompanha muitas receitas tradicionais do país da Copa do Mundo.
E nada de arroz e batata palha. O clássico preparo russo é servido sobre purê de batatas e vem com salada de repolho, picles, tomate cereja e ervas frescas, como salsinha e erva-doce. O jornalista André Pugliesi, que está na Rússia para cobrir a Copa do Mundo para a Gazeta do Povo, experimentou o prato em um restaurante próximo ao Museu de História da Rússia, numa das entradas da Praça Vermelha.
“Logo de cara caímos na tentação do estrogonofe, tão falado. A principal diferença é mesmo o purê de batatas no lugar da batata palha, que eu considero um ganho. A carne estava gostosa, parece um prato mais ‘refinado’, mas não tem sabor tão distante do feito no Brasil, apesar dos ingredientes diferentes”, diz. O prato custou 800 rublos (cerca de R$ 50) e aparecia no cardápio como “Befstroganov” (em cirílico: Бефстроганов).

Chegada na França e popularização pelo mundo

A fuga da nobreza russa após a revolução soviética de 1917 levou o estrogonofe para outros países da Europa, como a França. Em Paris, recebeu a adição de champignon, mas o prato se popularizou mesmo somente após a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados russos levavam carne cortada em tiras em grandes barris debaixo de uma mistura com sal grosso e aguardente. Na hora do preparo, a carne era frita e acompanhava cebola e smetana.
Nos Estados Unidos o prato recebeu a adição de catchup e no lugar do purê passou a ser acompanhado por batatas cortadas em palitos e fritas. E assim ganhou o mundo (e o coração dos brasileiros). Em Curitiba, dois restaurantes clássicos – Ile de France e L’Épicerie – servem estrogonofe em seus cardápios. Um leva mostarda Dijon enquanto outro catchup e Tabasco. Além deles, a chef Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça, em São Paulo, também apresenta a sua receita. Confira: 
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