Bom Gourmet
Culinária russa: estrogonofe já foi prato nobre no Brasil
O estrogonofe teve seu auge no Brasil na década de 1970, quando servir o prato a convidados era sinônimo de sofisticação. Estrogonofe era comida de festa, acompanhado sempre por arroz e batata palha. Anos mais tarde, o prato se popularizou e deixou de ser refinado para se tornar trivial. Mas o requinte do estrogonofe vem de berço. Nasceu na Rússia, como comida de czares no início do século 19.

Há algumas versões sobre a criação do prato, mas a mais provável é que seria de um cozinheiro francês de uma família nobre de São Petesburgo, os Stroganov. Seria uma homenagem ao patrão já falecido, o conde Pavel Alexandrovich Stroganov, um importante comandante militar russo.
A versão tida como original leva carne cortada em tiras finas, dourada e flambada, que depois recebe o smetana, clássico creme de leite azedo russo, iguaria que acompanha muitas receitas tradicionais do país da Copa do Mundo.
E nada de arroz e batata palha. O clássico preparo russo é servido sobre purê de batatas e vem com salada de repolho, picles, tomate cereja e ervas frescas, como salsinha e erva-doce. O jornalista André Pugliesi, que está na Rússia para cobrir a Copa do Mundo para a Gazeta do Povo, experimentou o prato em um restaurante próximo ao Museu de História da Rússia, numa das entradas da Praça Vermelha.
“Logo de cara caímos na tentação do estrogonofe, tão falado. A principal diferença é mesmo o purê de batatas no lugar da batata palha, que eu considero um ganho. A carne estava gostosa, parece um prato mais ‘refinado’, mas não tem sabor tão distante do feito no Brasil, apesar dos ingredientes diferentes”, diz. O prato custou 800 rublos (cerca de R$ 50) e aparecia no cardápio como “Befstroganov” (em cirílico: Бефстроганов).
Chegada na França e popularização pelo mundo
A fuga da nobreza russa após a revolução soviética de 1917 levou o estrogonofe para outros países da Europa, como a França. Em Paris, recebeu a adição de champignon, mas o prato se popularizou mesmo somente após a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados russos levavam carne cortada em tiras em grandes barris debaixo de uma mistura com sal grosso e aguardente. Na hora do preparo, a carne era frita e acompanhava cebola e smetana.
Nos Estados Unidos o prato recebeu a adição de catchup e no lugar do purê passou a ser acompanhado por batatas cortadas em palitos e fritas. E assim ganhou o mundo (e o coração dos brasileiros). Em Curitiba, dois restaurantes clássicos – Ile de France e L’Épicerie – servem estrogonofe em seus cardápios. Um leva mostarda Dijon enquanto outro catchup e Tabasco. Além deles, a chef Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça, em São Paulo, também apresenta a sua receita. Confira:
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