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Febre no TikTok, matchá ganhou lugar nos cardápios de Curitiba.

Bom Gourmet

Sucesso no TikTok, matchá conquistou o Brasil e ganha protagonismo em Curitiba em 2025

Guta Bolzan, especial para o Bom Gourmet
10/12/2025 12:45
O pó verde de sabor marcante e textura cremosa, que há séculos acompanha monges e samurais no Japão, agora ocupa lugar de destaque nas xícaras e cardápios brasileiros. O matchá, chá feito a partir da moagem de folhas jovens da Camellia sinensis, ganhou o TikTok. Na rede favorita da geração Z, a bebida é tendência e acumulava até dezembro de 2025 mais de 3,5 milhões de conteúdos com hashtags relacionadas a ela.
Do mundo virtual para o real, a tendência online faz o consumo de matchá crescer tanto na forma de lattes e sobremesas quanto em experiências gastronômicas. No Brasil, o mercado da bebida movimentou cerca de US$ 24,5 milhões, segundo dados da Grand View Research. A expectativa é atingir US$ 36,1 milhões até 2030.
A brasileira Thaísa Meraki, que vive no Japão há dez anos e foi a primeira mulher estrangeira a trabalhar na casa de chá Ippodo – uma das mais tradicionais do país, que acumula mais de 300 anos de história –, observa que o matchá passou de nicho gourmet a fenômeno cultural. “O TikTok popularizou o matcha latte e atraiu novos públicos. Hoje, muitas cafeterias e marcas de chocolate no Brasil já incorporam o ingrediente em suas criações”, comenta.

Cerimônia do chá no Japão e uso culinário no Ocidente, como apreciar o matchá

O matchá pode variar bastante em sabor, cor e intensidade conforme sua qualidade e finalidade. O chamado matchá cerimonial é o mais nobre, de uso tradicional na cerimônia do chá japonesa: tem sabor delicado, textura aveludada e coloração verde vibrante. Já o premium preserva características sensoriais sofisticadas, mas costuma ser usado em bebidas e preparações gastronômicas. Há ainda o matchá culinário, de perfil mais intenso e amargo, ideal para receitas como bolos, chocolates e pães.
Thaísa Meraki em plantação de matchá na cidade de Kyoto, Japão.
Thaísa Meraki em plantação de matchá na cidade de Kyoto, Japão.
“Essas diferenças estão ligadas tanto ao processo de cultivo, fermentação e moagem quanto ao terroir das plantações de chá. É mais ou menos o que acontece com o café”, conta Thaísa. 
No Japão, no entanto, o chá mantém raízes muito mais profundas. Embora essa dimensão simbólica ainda não seja plenamente percebida no Ocidente, Thaísa acredita que a popularização abre espaço para novas formas de consumo e novos significados. “No Brasil, a bebida está muito ligada ao bem-estar físico e às tendências gastronômicas. Já no Japão, ela é parte de um ritual que valoriza o silêncio, a contemplação e o respeito ao momento presente”, diz.
O matchá exige alguns cuidados para revelar todo o seu potencial. Thaísa também é autora do e-book Guia Definitivo do Matchá e reforça que a simplicidade é fundamental. “Não é preciso ser ortodoxo, mas alguns pontos são essenciais para não estragar o chá”, explica.

Marca curitibana de chocolates dedicou mês à bebida: "primo espiritual do cacau"

Barra de chocolate com matchá da Utopia Tropical: mergulho no universo do matchá.
Barra de chocolate com matchá da Utopia Tropical: mergulho no universo do matchá.
Aproveitando a popularização do produto, a Utopia Tropical — marca curitibana de chocolates bean to bar criada pelo suíço Julian Caron Lys — decidiu mergulhar no universo do matchá. O destaque é a barra de chocolate branco com matchá cerimonial, feita com manteiga de cacau amazônica e ilustrada pela artista Monique Pak. 
O cardápio da cafeteria da marca também ganhou novas bebidas desenvolvidas em parceria com a Namu Matcha, além de workshops sensoriais e apresentações musicais. Em agosto deste ano, a marca realizou um mês inteiro de programação dedicada à bebida. Foi o "Agosto Verde”, que reuniu lançamentos, oficinas e até um campeonato de latte art com matchá, o primeiro do gênero no Brasil.
Os produtos à base do chá permanecem disponíveis no cardápio da Utopia Tropical. “O matchá é como um primo espiritual do cacau: ambos são ritualísticos, conectam com a natureza e convidam à pausa. A ideia é expandir o universo sensorial do chocolate e criar pontes entre sabores e ideias”, afirma Lys.