Bom Gourmet
Diga-me qual o seu tipo de café e eu te direi os drinks certos para você

Whiskey Sour, clássico equilibrado com bourbon, limão, açúcar e texturizado com clara de ovo. Crédito: Photokool.
Tem dias que a gente já chega ao bar sabendo o que pedir. Tem dias que estamos prontos para explorar drinks que tragam novos sabores e nos façam exercitar um pouco mais o nosso paladar. Para esses dias em que estamos mais curiosos – e como é bom estar –, a dica para sempre acertar no novo coquetel que vai escolher é saber exatamente o jeito que você gosta do seu café.
A relação pode não parecer óbvia num primeiro momento. Mas o barista e bartender Zeca Dominico, sócio-proprietário do Royaltye Café, explica que esse olhar ao consumo do dia a dia pode ser um bom caminho para entender o próprio paladar para a coquetelaria.
“Se a pessoa já sabe que gosta de café forte, isso diz muito. O café entrega amargor, acidez, textura. Quem curte um espresso bem tirado, por exemplo, tende a gostar de drinks mais intensos e secos”, afirma Zeca, que é um dos mentores do The Next Bartender 2025. Para essa turma, coquetéis como Negroni, Boulevardier e Dry Martini caem como uma luva.
O Negroni, clássico italiano, é feito com partes iguais de gim, vermute rosso e Campari. O Boulevardier substitui o gim por bourbon, ganhando corpo e intensidade. Já o Dry Martini, com gim e vermute seco é finalizado com azeitona ou limão
Já quem prefere cafés com leite ou notas mais doces, pode seguir por outro caminho. “Alguém que toma café com baunilha, por exemplo, costuma se dar melhor com um Espresso Martini, que é cremoso, açucarado e um toque alcoólico na medida”, diz Zeca. A receita mistura vodca, licor de café e expresso.
Contexto e treino também influenciam na escolha do seu próximo coquetel
Claro que quando se trata de paladar nada é “escrito em pedra”. Afinal, contexto e treino podem fazer muita coisa mudar. “Um mesmo drink pode ser perfeito num jantar à luz de velas e estranho numa tarde de verão”, diz o barista e bartender, que lembra, também, da importância de treinar o paladar.
Segundo ele, que também é professor de coquetelaria clássica no Senac Paraná, o público está mais curioso e com mais acesso à informação. A busca pelos coquetéis de perfil doce e tropical segue em alta, mas o amargo – com qualidade – vem ganhando espaço.
Mas, se você é da linha dos mais adocicados, é melhor treinar o paladar antes de partir para drinks mais marcantes e complexos como o Manhattan (clássico à base de whisky, vermute e bitters, extratos concentrados de ervas e especiarias que dão sabor e aroma à bebida) e Dry Martini.
Para essa transição, Zeca sugere coquetéis equilibrados como o famoso Daiquiri (à base de rum, suco de limão e açúcar) ou o Whiskey Sour – que leva bourbon, limão, açúcar e, às vezes, clara de ovo para dar textura. “São ótimas portas de entrada. Mostram técnica, têm sabor agradável e não assustam”, resume.
E para tornar essa experiência de descobertas perfeita, vale procurar bares que sejam referência em coquetelaria.
“Acontece muito de a pessoa achar que gosta de uma coisa, mas provar outra e se apaixonar. Muita gente chega com experiências ruins de drinks mal executados. Aí, quando provam algo bem-feito, com ingredientes de qualidade e equilíbrio, a reação de encantamento é nítida. O olhar que vem depois do primeiro gole entrega tudo”, revela.
Mas, uma dica: quando for se aventurar em novos perfis de sabor, opte pelos clássicos. Um dos preferidos de Zeca é o Sidecar, receita criada no período da I Guerra Mundial que combina conhaque, licor de laranja (Cointreau) e limão. “É elegante, ácido na medida e alcoólico sem ser agressivo”, conta.