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Clitória, Licuri e Piracuí: conheça alguns dos ingredientes diferentões do jantar da posse do presidente Lula

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02/01/2023 14:30
Casquinha de castanha com farofa de Licuri, bolinho de Piracuí, macarrão gravatinha ao molho de tomate com Maxixe salteado, abobrinha e Ora Pro Nóbis e gin tônica com flor de Clitória. Estes são apenas alguns dos preparos servidos na recepção de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo (01).
O cardápio servido para 65 delegações estrangeiras de 5 continentes foi elaborado por um time de chefs, com nomes como Nara Amaral (Di Janela, Bahia), Saulo Jennings (Casa do Saulo, Pará) e Bela Gil (culinarista e apresentadora de TV).
O que chamou a atenção foram os ingredientes diferentes que, apesar de fazerem parte da culinária brasileira, são bem peculiares. Por isso, nós fomos atrás para saber o que são e a origem desses ilustres desconhecidos.

Licuri

 Licuri é uma planta da Caatinga, conhecida como palmeira sertaneja. Foto: Luiz Carlos Rocha
Licuri é uma planta da Caatinga, conhecida como palmeira sertaneja. Foto: Luiz Carlos Rocha
O Licuri é fruto de uma espécie de palmeira nativa do nordeste brasileiro. A polpa verde é leitosa, mas quando seca se transforma em uma amêndoa, chamada de coquinho, cujo sabor e textura lembram o coco seco.
No evento presidencial, a amêndoa do Licuri foi utilizada pela chef Nara Amaral na Casquinha de castanha com farofa de Iicuri. Na Bahia, o ingrediente é muito utilizado em preparos doces, como cocadas e licores.

Piracuí

O Piracuí é uma farinha de peixe muito comum na região Amazônica. Foto: Eric Royer Stoner
O Piracuí é uma farinha de peixe muito comum na região Amazônica. Foto: Eric Royer Stoner
O chef paraense Saulo Jennings trouxe em seu Bolinho de Piracuí os sabores tradicionais amazônicos. Piracuí é uma farinha de peixe salgado, seco, triturado ou desfiado. A farinha é feita com espécies comuns na região, tais como Tamuatá e Bodó.
O Piracuí pode ser utilizado também em farofas, tortas e há quem diga que o sabor da farinha de peixe lembra o bacalhau. Por ter um preparo salgado e concentrado, os petiscos com Piracuí combinam muito bem com cerveja bem gelada.

Maxixe e Ora Pro Nóbis

Essas duas plantas foram as estrelas do macarrão gravatinha ao molho de tomate com maxixe salteado, abobrinha e Ora Pro Nóbis, servido no buffet da posse presidencial.
O maxixe é um primo do pepino, bem comum em climas mais quentes. É uma planta rasteira, cujos frutos são comestíveis. A casca é verde, com espinhos moles. Ele é bastante usado na culinária do Norte e Nordeste.
O sabor é parecido com o de espinafre e, assim como o jambu, deixa uma leve sensação de ardência na boca. Por isso, faz parte de ensopados, moquecas e cozidos.
Já o Ora Pro Nóbis é uma trepadeira espinhenta, com folhas suculentas bastante utilizadas na culinária mineira. As folhas podem ser consumidas cruas, em saladas, refogadas e combinam muito bem em sopas.  O gosto também é parecido com o de espinafre.

Flor de clitória

Essa flor azulada faz parte no grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). Ela integra a família do feijão e das vagens e é também conhecida como feijão-borboleta ou cunhã.
As cores mais comuns das flores são branca e rosa, mas as azuis são as mais utilizadas por terem um pigmento mais forte, capaz de colorir os preparos. Foi o caso da gin tônica presidencial, elaborada pela culinarista Bela Gil, que ganhou um tom arroxeado exclusivo com a flor de Clitória.