Bom Gourmet
Bolo de frutas típicas brasileiras faz sucesso no Japão
Frutas típicas do Norte e Nordeste do Brasil, o cupuaçu e o cumaru atravessaram o oceano e conquistaram os paladares dos japoneses, tidos como um dos mais exigentes do mundo – no caso dos doces, eles usam pouco açúcar e o design é tirar o fôlego. Eles foram surpreendidos por um bolo preparado pelo ex-chefe de confeitaria do estrelado restaurante paulista D.O.M., Diego Lozano, que desenvolve um projeto gastronômico em Tóquio há um ano e meio.

Desde meados de 2017, Diego comanda um quiosque dentro do Matsuya Ginza Department Store, uma grande loja de departamentos na capital japonesa, servindo doces preparados com diversas frutas típicas brasileiras. O projeto é uma espécie de teste para a abertura de uma futura confeitaria com sabores do nosso país.
“Busco explorar ingredientes nacionais poucos conhecidos pelos estrangeiros, como uma forma de fomentar a cultura do nosso país. Tenho o suporte de um parceiro estratégico e estamos estudando e estruturando novos negócios e projetos, incluindo a abertura de confeitarias”, explica Diego Lozano.
Entre os preparos com frutas típicas brasileiras está o bolo Belém, que recebeu recentemente o selo de melhor doce para o Valentine’s Day, o dia dos namorados celebrado no dia 14 de fevereiro em vários países – o Japão, entre eles. A sobremesa é uma combinação de chocolate branco, coco, cupuaçu e cumaru, criando um equilíbrio entre os sabores cítricos e adocicados.
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A premiação foi organizada pela própria loja com avaliação dos editores de gastronomia do jornal Yomiuri Shimbun, de Tóquio. Diego conta que foi surpreendente ter a sobremesa escolhida como a melhor do departamento.
“Havia mais ou menos uns 40 chefs participando do evento. Destes 40, 18 foram selecionados entre japoneses, franceses e brasileiros, e o meu foi o melhor”, conta ele animado pela escolha dos diretores de redação e leitores do periódico.

Os doces foram avaliados em aspectos como o gosto, a aparência, embalagem, técnica, entre outros quesitos. “A doçura do chocolate branco e da fruta agridoce são excelentes”, disse Yuka Iketani, uma das participantes da degustação, sobre o doce criado por Diego.
O brasileiro desbancou até mesmo concorrentes de países tidos como referência na chocolataria, como o francês Matthieu Bijou e o belga Pierre Marcolini, e marcas famosas que oferecem produtos na loja, como Godiva e Pierre Hermé.
Frutas brasileiras lá?
Apesar de ainda morar no Brasil, Diego se divide entre São Paulo e Tóquio. A rotina do chef inclui a escola de gastronomia que mantém na capital paulista e o desafio de encontrar as frutas típicas brasileiras na terra do sol nascente.
Pode parecer difícil, mas ele descobriu uma empresa japonesa que importa os frutos do Brasil para o outro lado do mundo. “Aqui no Japão tem uma empresa chamada Fruta Fruta que é quem faz a importação dessas frutas congeladas. Eles trazem acerola, cacau, cajá, açaí, cupuaçu, castanha-do-pará, entre outras”, explica.
Um dos principais objetivos dele no Japão é mostrar que as vitrines de doces podem ter mais opções de sabores do que apenas as caixas de bombons e chocolates de todos os tipos.