Bom Gourmet
Como nasceu a empada Caruso e por que virou um clássico curitibano

Antonio Nerone Caruso era famoso por ser bom cozinheiro – tanto é que um dia seu filho, Enrico, pediu ao pai que preparasse algo para sua turma do bolão, um jogo parecido com boliche. E ele atendeu ao pedido com empadas feitas com massa folhada no lugar da tradicional massa podre, recheadas com palmito e camarão. Pronto, surgia assim a famosa empada Caruso. O ano era 1954. Desde então, a popularidade do petisco só cresceu e não dá para negar: a empada é um clássico curitibano.
Mas a família Caruso já estava envolvida com gastronomia mesmo antes disso. “Meu bisavô já tinha tido um restaurante, mas meu avô, Enrico, foi o primeiro a usar o nome Caruso para um estabelecimento da família – foi uma mercearia que vendia secos e molhados”, explica Guilherme Caruso, à frente dos negócios desde 2001. A mercearia abriu justamente em 1954, na mesma casa onde funciona hoje a sede da Caruso Empadas, na Rua Visconde do Rio Branco.
Nessa época, os salgados não eram o foco principal da mercearia – mas para atender ao apelo dos amigos que provavam (e se apaixonavam) pelas empadas, elas começaram também a ser vendidas por lá. Com o passar dos anos, o mundo foi mudando: as compras cotidianas passaram a ser feitas mais nos supermercados do que nos armazéns, enquanto as empadas seguiam firmes, cada vez mais populares. “Lá por 1984, mais ou menos, já estávamos em transição – ainda tínhamos alguns produtos remanescentes da época da mercearia, mas as empadas foram tomando conta e aos poucos o lugar virou a Caruso Empadas”, conta Caruso.

O primeiro sabor que surgiu foi o Especial, de palmito com camarão. Depois, vieram outros recheios como palmito, frango e outros dois feitos lançados especialmente para o aniversário de 60 anos do surgimento do petisco – Calábria (de calabresa, cebola e champignon) e Pupunha com Alho Poró. Hoje são fabricadas mais ou menos mil empadas por dia – todas, mesmo as que são vendidas nos quiosques ou pontos de venda, são fabricadas na sede da Caruso Empadas, e depois congeladas a -35 graus, uma técnica específica para que a qualidade seja mantida.
E a receita da empada? Caruso conta que desde a década de 1950, ela mantém-se praticamente a mesma – ele, inclusive, tem até hoje o livro de receitas do bisavô guardado a sete chaves. “Mas a verdade mesmo é que essa receita não tem nenhum ingrediente secreto, não… O segredo era e é o jeitinho de fazer, o gosto pela cozinha”, finaliza.
Serviço
Rua Visconde do Rio Branco, 877 – (41) 3029-5411. Segunda a sexta das 9 às 19h; sábado das 10 às 17h.