O vento sopra gelado à beira do Vale do Quilombo, mas não o suficiente para fazer com que a gente se esconda e perca a vista surpreendente. É tentador ficar na varanda do Restaurante 1835 Carne e Brasa [a data é uma alusão ao ano da Revolução Farroupilha], olhar para a imensidão e pensar que foi nesse cenário em que parte da cultura riograndense se formou.

Localizado em Canela (RS), onde um dia foi o famoso hotel Laje de Pedra e onde em breve será o Hotel Kempinski Laje de Pedra, o restaurante faz um resgate da cultura gaúcha. Um brinde ao passado, com a elegância e o sabor cosmopolita que o empreendimento onde está instalado pede.

Com curadoria da chef Carla Pernambuco, o menu traz diversos elementos da mesa gaúcha. Dessa foma, charcutaria, queijos, abóbora, polenta e, claro, carne, estão no cardápio. A forma como eles chegam à mesa, no entanto, é que dá o toque de sofisticação à casa mais refinada da rede gaúcha 20BARRA9. Natural de Porto Alegre, Carla é conhecida por ter uma cozinha que reverencia a cozinha nacional, sem perder de vista as técnicas e possibilidades que a tornam mais moderna.

"Eu entrei no cardápio para fazer essa curadoria. Mas tiveram outros chefs que trabalharam aqui [no menu, também há criações dos chefs Felipe Di Sicca, Bruno Celente e Arika Messa]. Eu fiz essa amarração final e dei um toque, juntando a tradição gaúcha com um pouquinho de um ar cosmopolita", comenta a chef.

E como esse conceito se traduz à mesa? Alguns pratos destacados pela própria Carla falam por si. Caso do Risoto de Copa, preparado com uma charcutaria típica do Rio Grande do Sul, do Aligot de Aipim e das Croquetas de Abóbora, uma forma diferente de apresentar dois acompanhamento típicos dos churrascos gaúchos.

Nas sobremesas, mais elementos da culinária do Rio Grande do Sul ganham leituras diferentes. O doce de leite vira um creme brulet elegante e o butiá, fruta típica da região dos pampas, vai para a calda da cheesecake - me dá água na boca só de lembrar do sabor e textura da sobremesa.

Mas, como não poderia deixar de ser num restaurante de referências gaúchas, o fogo e a carne são o centro da experiência. Instalada no meio do salão e inteiramente envidraçada, a cozinha do Restaurante 1835 possui uma parrilha na área central da qual sai a todo instante os cortes assados servidos na casa.

"A parrilla está alí, no centro e à vista de todos, para os clientes se sentirem ao redor do fogo, junto com a gente", explica o chef Brenno Araújo, que comanda o dia a dia da operação do restaurante desde 2022. As carnes preparadas no local são selecionadas pela equipe do grupo 20BARRA9 e vêm de produtores do Rio Grande do Sul e do Uruguai.

O Restaurante 1835 será uma das operações gastronômicas do futuro Hotel Kempinski Laje de Pedra. Em obras, o empreendimento será o primeiro da famosa rede de hotelaria de luxo alemã na América do Sul. Baseado no tripé arte, cultura e gastronomia, o Kempinski Laje de Pedra tem em seu projeto vários elementos de valorização das tradições gaúchas.

Dessa forma, elementos do Rio Grande do Sul estão inserido em diversos pontos do projeto. Por exemplo, objetos de arte que farão parte dos apartamentos são assinados pelas artistas Heloísa Crocco e Inês Schertel. Além disso, todos os quadros e as composições de fotos que estarão no hotel são fruto de uma expedição fotográfica patrocinada pelo Instituto Cultural Laje de Pedra a qual retratou as paisagens do Rio Grande do Sul.

Em uma área total de 61 mil m², o hotel terá 357 apartamentos, 4 restaurantes e 5 bares. Também está prevista a construção de uma piscina com vista para o Vale do Quilombo e um teatro para eventos no local. A previsão é que já em 2026 o Hotel Kempinski Laje de Pedra esteja aberto para receber os primeiros hóspedes.