A simplicidade da vovó Palmirinha

Ela é a avó que todos nós gostaríamos de ter. Afinal, são tantas as comidinhas preparadas com carinho que já saíram de sua cozinha… Além do dom da culinária, Palmira Nery da Silva Onofre – vovó Palmirinha – é uma mulher guerreira! E, aos 83 anos, está a todo vapor e continua a fazer o que mais gosta na vida. “Cozinhar é mais do que fazer comida, é uma arte. Amo o que faço, crio sempre novas receitas e não me vejo fazendo outra coisa”.

A culinarista, que nasceu em Bauru (SP), enfrentou muitas dificuldades nesta vida e foi cozinhando que se tornou conhecida, na década de 1990, após ser chamada por Ana Maria Braga para participar do seu programa na Record, o “Note e Anote”. Foi ali que virou “Palmirinha” e, por seu jeito simples, receitas práticas e triviais, ganhou milhões de fãs.

Em 1999, foi para a TV Gazeta para um programa só seu, o “TV Culinária”, onde ficou por 11 anos. Em 2011, veio o convite para fazer o “Programa da Palmirinha”, no canal Bem Simples, da Fox International Channels Brasil, onde ela e seu boneco Guinho ensinam pratos fáceis e recebem convidados. Vovó Palmirinha conta para o Conversa Temperada, nesta primeira edição de 2015, um pouco da sua trajetória.

Desde pequenininha sempre fui muito curiosa e minha mãe, como boa cozinheira, me colocava para mexer nas panelas. E foi lá no sítio dos meus pais, em Bauru, que aprendi os primeiros passos de uma boa cozinheira. Lembro como se fosse hoje: o pão do sítio, o bolo de fubá, o fogão à lenha…

Criei sozinha as minhas filhas. Arregacei as mangas e fui vender sonho. Precisava pagar um empréstimo para uma comadre. Ela havia me ajudado a comprar uniforme escolar das minhas filhas. Embalei os sonhos de forma bem bonita e fui vender nas ruas. Vendi quase tudo. E percebi que eu podia viver da culinária. O trabalho faz com que realizemos os nossos sonhos e revela a força que existe dentro de nós.

Vivi muitas coisas. Passei por momentos muito difíceis, porque naquele tempo mulher que se separava do marido era muito mal vista. Mas não tive medo. A vida das minhas filhas era mais importante. Por isso, arregacei as mangas e fui à luta. Cheguei a trabalhar em quatro lugares no mesmo dia. Trabalhei como empacotadora de peças de automóveis, fiz faxina e até lavei carros para ganhar um extra. Aprendi que não há maneira fácil para se conseguir as coisas difíceis, a não ser trabalhar e fazer as coisas com carinho. Quanto mais amor damos, mais recebemos. Quanto mais amor colocamos nas nossas atitudes, mais a nossa vida fica cercada de coisas boas.

Continuo sendo a mesma Palmirinha… A diferença é que conheci muitas pessoas maravilhosas.

Sim, sou uma mulher realizada. Tenho uma família linda, recebo um carinho imenso do meu público e só tenho a agradecer por tudo.

Adoro macarrão e frango com polenta. As receitas salgadas, principalmente pães, são as minhas favoritas, porque lembram minha infância, dos pães que a minha mãe fazia para os meus irmãos.

Tenho muitos planos, mas a única certeza é que continuarei fazendo a arte da culinária. As receitas sempre me acompanharão por onde eu for.