Bom Gourmet
A tradição da chimia: doce que mantém viva a herança alemã no Rio Grande do Sul

A chimia é um doce de frutas em forma pastosa, similar à geleia. | Foto: reprodução/Getty Images
Presente à mesa dos gaúchos há gerações, a chimia é um doce típico trazido pelos imigrantes alemães que se mantém atual, entre memória afetiva e novos usos na gastronomia.
A chimia nasceu da tradição trazida pelos imigrantes alemães, que encontraram no doce uma forma prática de conservar frutas e garantir energia para as famílias. De preparo simples — polpa de fruta e açúcar —, ela foi sustento em tempos desafiadores e hoje se consolidou como símbolo da identidade alimentar do Rio Grande do Sul.
Para Alexandre Ledur, diretor da Bom Princípio Alimentos, a força da chimia está justamente em unir passado, presente e futuro.
— Ela nos conecta às nossas raízes, resgata memórias afetivas e nos convida a valorizar os momentos simples da vida. Na mesa de café da manhã, continua tendo o mesmo papel: unir pessoas.
Memória afetiva
Mais do que um doce, a chimia desperta lembranças ligadas à infância, ao café colonial e às receitas das avós.
— Ela nos transporta para a mesa farta da casa dos avós, para o pão quentinho com café coado. É nesses detalhes que mora sua força. A chimia não é apenas sabor, é acolhimento, conversa boa, família reunida — afirma Ledur.
Do pão às novas combinações
Embora permaneça associada ao consumo tradicional — pão, biscoito caseiro e cuca —, a chimia vem conquistando espaço em releituras gastronômicas.
— Hoje vemos a chimia brilhar em recheios de bolos, acompanhando sobremesas sofisticadas e até em combinações inusitadas na cozinha contemporânea. Ela respeita a tradição, mas também se reinventa — diz.
Diversidade de sabores
Entre os mais consumidos, estão uva, figo, morango e abóbora com coco. Segundo Ledur, cada colherada carrega tanto memória quanto adaptação ao paladar atual.
— Essa diversidade mantém viva a tradição, mas também acompanha o consumidor que busca novas experiências sem abrir mão do que é familiar — destaca.
Tradição e modernidade
Mesmo em produção em maior escala, o desafio é preservar a essência artesanal.
— Acreditamos que inovar não significa esquecer as raízes. Em cada pote buscamos transmitir a mesma qualidade de quando começamos em 1996 — afirma Ledur.
A chimia, que nasceu da simplicidade, atravessa gerações e segue presente à mesa dos gaúchos. É doce de memória, de afeto e, ao mesmo tempo, de constante renovação.
