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Seca, geadas e demanda global impulsionam inflação e afetam consumo diário do café moído. Crédito: amenic181/Bigstock.

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Café mais caro: inflação do grão atinge maior alta em 30 anos

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12/05/2025 15:29
Se você tem sentido no bolso o impacto daquele cafezinho de todo dia, saiba que não está sozinho. A discussão se o café deve ou não ter açúcar fica para outra hora — assim como os impactos disso nas cafeterias —, porque o foco agora é um número que assusta: o preço do café moído subiu 80,2% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior alta desde maio de 1995, quando o Brasil ainda vivia os primeiros meses do Plano Real.
Item essencial na rotina dos brasileiros, o café vem sendo pressionado por uma combinação de fatores. A começar pelas condições climáticas: o calor e a seca afetaram severamente a produção, provocando perdas expressivas nas plantações. Além disso, episódios recorrentes de geadas e ondas de calor nos últimos quatro anos dificultaram a recuperação das lavouras. A bienalidade negativa, típica da cultura do café em anos alternados, também contribui para a queda da oferta em 2025.
No cenário internacional, outros grandes produtores, como o Vietnã, enfrentam problemas semelhantes. Soma-se a isso o aumento da demanda global — com destaque para a China, que passou da 20ª para a 6ª posição entre os maiores importadores do café brasileiro —, e os custos logísticos mais altos, impactados por tensões no Oriente Médio e alta no frete. O resultado é menos café disponível e mais caro para o consumidor.

Inflação de abril e o peso da alimentação

Em abril, a inflação oficial ficou em 0,43%, segundo o IPCA. O principal responsável pelo avanço foi o grupo Alimentação e bebidas, com alta de 0,82% — desaceleração frente a março (1,17%), mas ainda com forte impacto. O café moído, sozinho, subiu 4,48% no mês. Também pesaram no índice alimentos como batata-inglesa (18,29%) e tomate (14,32%).
Outros grupos também registraram aumentos, como Saúde e cuidados pessoais (1,18%), influenciado pelo reajuste nos medicamentos, e Vestuário (1,02%), com a chegada das novas coleções. Na contramão, o grupo Transportes recuou 0,38%, puxado pela queda nas passagens aéreas (-14,15%) e combustíveis.
Apesar da desaceleração na comparação com março, os alimentos seguem como vilões da inflação. E, entre eles, o café ocupa posição de protagonista: amargo, mesmo para quem o prefere com bastante açúcar.

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