Bom Gourmet
Latte Art: da técnica delicada à xícara que vem com carinho
Não são apenas aroma e sabor que atraem os amantes do café. Os desenhos, delicadamente feitos na espuma de espresso e outros cafés especiais chamam a atenção porque trazem um carinho na entrega do produto pelas cafeterias. Essa técnica chama-se Latte Art, que se popularizou no início na década de 80 e hoje é dominada por baristas, mas também por apreciadores de um bom café.
Com os dois tons, do leite e do café, e a textura cremosa do leite vaporizado, saem de coração a ursinhos, de flores a cavalo-marinho. Os desenhos podem ser feitos de várias formas, sendo a mais comum a free pour, que é o despejo do leite vaporizado sobre o café, através de uma leiteira, com a formação de desenhos livres. A segunda é o grafismo, que usa um palito de metal, arrastado de forma precisa para criar as formas.
O barista Daniel Munari explica que a temperatura do leite não pode ser muito alta. “O leite, quando vaporiza, acumula ar e se estiver muito quente, o leite se desestrutura e fica impossível de trabalhar as formas. Por isso, precisa estar entre 60°C a 65°C”, explica Munari, um dos sócios do Royalty Coffee. Utilizar cafés torrados na hora e uma máquina profissional também ajuda, pois a “tela” da arte, ou a bebida, está concentrada e permite uma base melhor para os desenhos. Além disso, leite e café de qualidade, com a espuma feita na temperatura certa, também garantem a perfeição do sabor.
Cursos
Apesar de essa arte ser motivo de concursos internacionais, vem chamando a atenção de pessoas comuns. O barista Leonardo Araújo, do Café-escola Senac, conta que seus cursos de Latte Art tem sido procurados não apenas por profissionais de cafeterias, mas por apreciadores comuns do café. “São pessoas que gostam do café e da arte e querem aprender a fazer em suas casas”, conta. A popularização das máquinas residenciais de café especiais também aproximou leigos do preparo especial da bebida.
No curso, os alunos não só aprendem como fazer os desenhos mais básicos, como recebem teoria para compreender o que ocorre dentro da xicara e como dominar a vaporização. Assim, os cursos podem durar de 4h a 12 horas, dependendo do objetivo do aprendizado.
Nas cafeterias, a arte no café tornou-se regra. “As pessoas ficam encantadas pelo desenho. E hoje, na época de redes sociais, ter uma boa Latte Art na xícara é garantia de foto no Instagram pelo cliente, que marca a cafeteria, ou mesmo para as redes das próprias cafeterias. Ou seja, agrega valor ao produto”, comenta Leonardo Araújo.
Técnica avaliada em concurso
A técnica do Latte Art começou na década de 80 – não se sabe exatamente onde ou por quem - e dois baristas são conhecidos como os precursores: o norte-americano David Schomer e o italiano Luigi Luppi. Em 1989, Schomer criou a “Rosetta”, que virou sua marca e ajudou a popularizar o Latte Coffe nos Estados Unidos. Já Luigi Luppi aprendeu em Verona, também na década de 80, com o barista Piero Merlo. Passou estudar essa técnica, desenvolver outras formas e ensinar a outros baristas.
Hoje, os grandes artistas competem em concursos nacionais e internacionais. Curitiba é terra de alguns campeões, como a barista Graciele Rodrigues, segundo lugar no World Latte Art Championship 2012 e primeiro lugar no Brasilian Latte Art Champion 2012, 2013 e 2017. Outro que coleciona medalhas é Daniel Acosta Busch, campeão em 2015 e 2018 do Brazilian Latte Art.
Daniel Busch conta que começou a participar dos concursos em 2009 de forma despretensiosa e em 2015 conquistou o primeiro lugar do campeonato brasileiro, representando o país no campeonato mundial na Suécia. No mundial, não foi classificado entre os primeiros, mas trouxe muito na bagagem de volta. “Os baristas que competem estão cada vez mais aperfeiçoando técnicas e desenhos. Eu também estudei, melhorei, mas fiquei muito impressionado em como, principalmente os asiáticos, estão cada vez melhores”, conta.
Nos concursos, os concorrentes precisam entregar uma fotografia sobre a imagem que irão desenhar na xícara e reproduzi-la duas vezes, de maneira que fiquem com os mesmos contrastes, simetria, além da qualidade da textura e brilho.
Para seus clientes no Royalty Café, em Curitiba, Busch faz artes muitas vezes a pedidos. “Tem gente que pede um desenho específico em um capuccino ou café para um amigo. É uma forma de carinho”, comenta.
Máquina e assessórios para investir no Latte Art
Mesmo sem passar por cursos, ou estudar a técnica, é possível fazer desenhos no café utilizando alguns equipamentos. Veja alguns encontrados no mercado:
Creatista Nespresso – Máquina de café que vem com bico vaporizador para espuma de leite. São 8 tipos de receitas de café e até 11 possibilidades de criações com leite através do bico de vapor. A partir de R$ 2.799.
Leiteira – Um assessório essencial para fazer os desenhos pela técnica free pour, geralmente são de aço inox e com um bico bem saliente para derramar o leite com precisão. A partir de R$ 59,90.
Kit polvilhador de café – Formado por um pote polvilhador e moldes stencil com diversos desenhos. A partir de R$ 48,90.