Bom Gourmet

Café de Mandaguari conquista 20ª Indicação Geográfica do Paraná

Bom Gourmet
01/07/2025 17:45
Thumbnail

Grão cultivado no noroeste do Paraná ganha Denominação de Origem e leva o Estado à marca de 20 Indicações Geográficas reconhecidas. Crédito: Divulgação/Cafeman.

O café de Mandaguari acaba de conquistar um lugar de destaque no mapa nacional: nesta terça‑feira (1), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu o grão, cultivado em seis municípios do noroeste paranaense (Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas), como Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO). É a 20ª IG do Paraná e a segunda a obter o selo DO, ao lado do mel de Ortigueira, reforçando seu potencial como ícone regional.
A conquista confirma que cada xícara do café de Mandaguari traduz condições naturais — relevo acidentado, altitude ideal, clima equilibrado pelo Trópico de Capricórnio e solo fértil — combinadas a fatores humanos, como tradição familiar, rigor nas técnicas de cultivo, colheita seletiva e processamento cuidadoso.
Hoje, segundo o Sebrae/PR, são cerca de 3,1 mil hectares plantados, com uma produção média anual de 5,4 mil toneladas que movimentam quase R$ 100 milhões. Entre as variedades mais cultivadas estão Icatu Vermelho, Catuaí Vermelho, Mundo Novo, IPR 106 e IPR 107.

Denominação de Origem reforça tradição do café de Mandaguari

A história do município está intrinsecamente ligada ao café: mesmo após a geada devastadora de 1975, os produtores mantiveram as plantações, transformando Mandaguari em referência de qualidade. Hoje, o grão se destaca pela consistência densa, notas frutadas que lembram chocolate e caramelo, e acidez equilibrada.
O terroir, composto pela terra roxa — solo basáltico rico em ferro e outros nutrientes — e pelo microclima proporcionado pelo Trópico de Capricórnio (noites frias e dias quentes), favorece o amadurecimento lento e uniforme dos frutos. A produção, majoritariamente familiar, alia saberes tradicionais a esse ambiente único.
Outro diferencial é a microbiota local: certas bactérias não consomem o açúcar dos grãos durante a fermentação, preservando seu dulçor natural, sem interferir nas notas aromáticas de cada variedade.

Segundo estado em número de IGs

Em 2025, o Paraná consolida‑se como “colecionador oficial” de selos de qualidade, com seis IGs reconhecidas até agora. Em janeiro, as broas de centeio de Curitiba receberam a 15ª IG estadual, seguidas pela cracóvia de Prudentópolis (16ª IG), embutido de receita ucraniana desde 1960. No início de maio, o urucum de Paranacity e de Cruzeiro do Sul tornou‑se a 17ª IG do Paraná e o primeiro fruto do Brasil a obter o selo, graças aos mais de 5% de bixina em suas sementes. Ainda em maio, a Carne de Onça de Curitiba garantiu a 18ª IG, elevando à categoria de patrimônio gastronômico esse petisco típico da boemia curitibana. Em junho, o queijo colonial do Sudoeste do Paraná tornou‑se a 19ª IG, na modalidade Indicação de Procedência, valorizando a tradição leiteira de 42 municípios.
Ao obter a Denominação de Origem para o café de Mandaguari, o Paraná não apenas amplia seu portfólio de selos de qualidade (ficando atrás apenas de Minas Gerais no ranking nacional), mas também fortalece o desenvolvimento sustentável das regiões envolvidas. Para os cafeicultores da Cafeman (Associação dos Produtores de Café de Mandaguari), o próximo passo é negociar sacas a preços mais elevados e explorar novos mercados, inclusive no exterior.
Além dessas, as outras 14 IGs do Paraná são: mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais e morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; e uvas finas de Marialva.
O Estado também participa da IG do mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, compartilhada com municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além das IGs já concedidas, o Paraná tem ainda dez pedidos em análise no INPI, envolvendo produtos como cervejas artesanais de Guarapuava, mel de Capanema, pão no bafo de Palmeira, tortas de Carambeí, mel de Prudentópolis, ponkan de Cerro Azul, ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu, ginseng de Querência do Norte, café da serra de Apucarana e ostras do Cabaraquara.