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Brasileiros querem alimentação sustentável, mas carne lidera preferência, diz pesquisa inédita
Pesquisa internacional realizada pela Sodexo e Harris Interactive com mais de cinco mil pessoas em quatro países revela que há um desejo urgente pela adoção de uma alimentação sustentável. No Brasil, o estudo Food Barometer revela que 89% das pessoas entendem o tema como urgente. O índice coloca o país à frente da França (82%), Inglaterra (73%) e Estados Unidos (72%). Na média global, 75% dos entrevistados tem visão positiva sobre alimentação sustentável. No Brasil, o tema é visto como positivo para 90% das pessoas.
Embora o desejo por práticas sustentáveis se revele real, a prática revela hábitos alimentares que vão em outra direção, muito enraizados à cultura local. No Brasil, 74% das pessoas ouvidas pela pesquisa informam que consomem proteína animal regularmente, acima da média global, de 71%. Desse contingente, 34% afirma não ter intenção de reduzir o consumo.
A pesquisa apontou uma dificuldade na percepção das pessoas quanto ao próprio hábito alimentar e sustentabilidade: 56% dos entrevistados nos quatro países entendem que a alimentação que adotam já é sustentável. Mas produtos lácteos (78%) e carne (71%) permanecem como os produtos mais consumidos regularmente, à frente de itens com pegada de carbono menor, como cereais (60%) e proteínas vegetais (45%).
O consumo da carne vermelha, por exemplo, está associado ao maior impacto o meio ambiente, já que a produção da carne bovina utiliza grandes quantidades de recursos naturais – solo e água – e envolve ainda a emissão de gases de efeito estufa, ligados às mudanças climáticas no mundo. A carne vermelha ainda é a mais consumida no Brasil, seguidas das carnes de frango, peixe e suína.
“O estudo mostra que as mudanças que as pessoas estão dispostas a fazer são mais ajustes pontuais do que transformações reais e profundas”, destaca Andrea Krewer, CEO da Sodexo no Brasil. “Quando questionados sobre as alternativas que podem introduzir em sua alimentação, os entrevistados responderam com produtos que já consomem. Para substituir a carne, por exemplo, mencionam ovos ou laticínios. Por outro lado, os dados revelam uma certa relutância em abraçar alternativas como proteínas vegetais, com refeições à base de plantas”, detalha.
Expectativa e medidas adotadas
O Brasil se destaca também diante dos outros países por uma demanda maior de produtos sustentáveis fora de casa, com expectativas acima da média local em quatro ambientes diferentes: 70% esperam que restaurantes ofereçam alimentação sustentável; o mesmo índice vale para o desejo de caminhos mais sustentáveis em escolas e universidades, e 67% querem também no ambiente de trabalho.
Ainda de acordo com a Food Barometer, 76% dos brasileiros entrevistados informaram adotar medidas de redução no desperdício de alimentos em casa, enquanto 60% afirmaram comprar alimentos de produtores e vendedores locais; 49% disseram ter reduzido o consumo de alimentos processados; 46% fogem do uso de embalagens plásticas e 48% dão preferência ao consumo de produtos sustentáveis.
A pesquisa foi realizada entre junho e julho de 2023, e ouviu 5.246 entrevistados no Brasil, (1.525), França, Reino Unido e Estados Unidos. Feita de forma online, adotou amostras representativas de sexo, idade, categoria profissional e região.
Segundo a executiva da Sodexo no Brasil, a intenção, com a pesquisa, é colocar o ecossistema em movimento para acelerar mudanças comportamentais de consumo de alimentos no trilho da sustentabilidade. E deste modo, gerar impacto positivo no planeta, nas pessoal clientes, consumidores e parceiros de negócios. “Esse estudo inédito está nos ajudando a entender melhor as aspirações, expectativas e os desafios concretos que temos e teremos no futuro com nossa atuação”, informa. “A ideia é usar esses dados para acelerar mudanças reais”, afirma.