Bom Gourmet Negócios
"Chega de esconder a própria natureza", Catherine Petit, diretora-geral da Moët Henessy no Brasil, sobre a liderança feminina
Quem conhece um pouquinho do mundo dos vinhos, com certeza, já se deparou com a fascinante história da Veuve Clicquot , a celebre casa de champanhe francesa. Hoje um império, a maison foi liderada e se tornou sinônimo de luxo sob o comando de Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, uma mulher, sem dúvida, à frente de seu tempo. Conhecendo a história de Barbe-Nicole, que no século 19 liderou o império comercial internacional, o qual evoluiu e hoje faz parte da marca global Moët Henessy, não é uma surpresa que a Veuve Clicquot possua um programa que incentiva e premia o empreendedorismo feminino.
O projeto internacional criado pela maison de champagne tem como missão, gerar maior inclusão, impacto e visibilidade para líderes empreendedoras femininas. O Bold by Veuve Clicquot existe há mais de 50 anos, mas só chegou ao Brasil em 2022. O programa lançou em 2019 o estudo Barômetro Internacional do Empreendedorismo Feminino e desde 2022 realiza pesquisas e eventos focados no empreendedorismo e na liderança de mulheres em território brasileiro.
Em passagem por Curitiba para divulgar o Bold by Veuve Clicquot na capital paranaense no fim de 2023, a diretora-geral da Moët Henessy no Brasil, Catherine Petit, falou com o Bom Gourmet sobre o projeto e também à respeito dos desafios da mulher no mundo dos negócios.
"Ousadia é algo comum nas mulheres de sucesso. É ter a coragem de superar os obstáculos, os preconceitos e os medos e se convencer que elas conseguem. Parece fácil. Mas é um trabalho contínuo que requer muita resiliência", diz Catherine, que há mais de duas década ocupa cargos-chave no mercado de bebidas de alto padrão.
Confira a seguir a entrevista de Catherine Petit para o Bom Gourmet.
Um brinde ao Dia das Mulheres!
Catherine, algumas características relacionadas ao universo feminino nem sempre são valorizadas no mundo dos negócios. É possível ser uma grande empreendedora ou líder empresarial sem que para isso seja preciso perder essas características?
Acho que, no mundo de hoje, mais do que nunca, é possível ser uma mulher de sucesso “apesar” de certas características femininas que antes eram interpretadas como fraqueza ou falta de competência… Aqui, me explico: eu acredito muito na liderança inclusiva, uma liderança que se apoia em valores de transparência, honestidade, respeito e coragem. É ficar na escuta e valorizar os outros, ser curioso e se abrir a diversidade.
Acho, por exemplo, que hoje não é mais um problema mostrar a sua vulnerabilidade. Ninguém é perfeito e quem esconde suas fraquezas não consegue crescer. Trabalhar em equipe e se completar significa poder atingir níveis maiores de excelência.
Mulheres são naturalmente mais inclusivas, empáticas e devem usar essas características a seu favor. Chega de esconder a própria natureza. O mundo de hoje é muito mais sensível à diversidade e inclusão e as mulheres tem um papel no desenvolvimento desse assunto na sociedade.
O programa Bold by Veuve Clicquot existe desde a década de 1970, como a empresa vê a evolução da mulher no mundo dos negócios de lá para cá? E como você vê as brasileiras nesse cenário global?
Acho que quando o programa começou somente se celebrava a “performance” que era para uma mulher chegar até um cargo de responsabilidade. O troféu era para destacar as mulheres que conseguiam posições de liderança no mundo dos negócios, o que era raro e merece destaque!
Continua sendo difícil ter uma carreira no mundo empresarial para uma mulher, qualquer que seja o país. É um mundo que demanda muito e implica escolhas para as mulheres que querem ser mãe, resiliência porque são ambientes competitivos que não combinam sempre com a personalidade das mulheres e ousadia, pois é preciso quebrar os paradigmas da sociedade e dizer “eu também consigo”.
Foi isso que motivou a Maison Veuve Clicquot a mudar e alargar a sua plataforma há uns 10 anos atrás. Era necessário destacar a ousadia das mulheres para inspirar outras e incentivá-las a empreender.
No evento em Curitiba tivemos mulheres no papel de liderança em diferentes áreas. Mas, você enxerga que elas têm alguma característica em comum que as faça ocupar esse papel de líder? Podemos dizer que é algo que também a Madame Clicquot tivesse?
Exatamente: a ousadia, que eu acabei de descrever, é algo comum nas mulheres de sucesso. É ter a coragem de superar os obstáculos, os preconceitos e os medos e se convencer que elas conseguem. Parece fácil. Mas é um trabalho contínuo que requer muita resiliência. Eu fico fascinada com as inúmeras mulheres brasileiras que já conheci que estão começando a enxergar esse potencial. Tem muita coisa boa para as mulheres brasileiras daqui pra frente.
No mundo do empreendedorismo feminino vemos muitas mulheres começando em trabalhos relacionados à gastronomia. Qual seu conselho para mulheres que estão liderando seus próprios negócios?
O mais importante é fazer o que gosta, se sentir inspirada em empreender. Pois esse impulso inicial vai lhes dar a força de perseverar. Gastronomia requer paixão. Segundo, é essencial fazer conexões, não só no âmbito que pretende atuar, mas em geral. Pois uma rede sólida se torna a melhor arma para enfrentar obstáculos: providencia conselhos, conecta com outras pessoas ou simplesmente está aqui para um apoio moral! Terceiro, acreditar sim em todas as etapas… todas nós podem chegar aonde sonhamos.
O mais importante é fazer o que gosta, se sentir inspirada em empreender. Pois esse impulso inicial vai lhes dar a força de perseverar. Gastronomia requer paixão. Segundo, é essencial fazer conexões, não só no âmbito que pretende atuar, mas em geral. Pois uma rede sólida se torna a melhor arma para enfrentar obstáculos: providencia conselhos, conecta com outras pessoas ou simplesmente está aqui para um apoio moral! Terceiro, acreditar sim em todas as etapas… todas nós podem chegar aonde sonhamos.
Agora, falando sobre borbulhas. Estivemos em 2023 em Garibaldi (RS) e pudemos conhecer um pouco mais sobre a Chandon e a preocupação em relação ao meio ambiente. Como vocês percebem o impacto dessas práticas no resultado das uvas e, por consequência, das bebidas produzidas?
Nossa atuação para proteger o meio ambiente é dividida em dois pilares: proteger a terra pois é dela que vêm as uvas e reduzir a pegada carbono para contribuir com a preservação do planeta. Na proteção da terra, temos muitas iniciativas, que vão do manejo do solo por meio da cultura de cobertura para mitigar os problemas de erosão, à fertilização, utilizando adubos orgânicos e minerais, o controle de doenças e pragas monitorando e usando alternativas naturais quando é possível, conservação do meio ambiente e da biodiversidade restaurando a flora e a fauna nos nossos vinhedos.
Todas essas práticas implementadas no nosso próprio vinhedo nos levaram a obter um certificado de viticultura sustentável por três anos seguidos (a certificação PIUP - Produção Integrada de Uva para Processamento), certificação que se estendeu para a adega para a elaboração dos espumantes em 2022.
Também compartilhamos nossas práticas sustentáveis com nossos produtores fornecedores de uva porque acreditamos que educação é também importante para proteger sempre mais o planeta.
A redução da pegada de carbono passa por uma relação de iniciativas que vai de uso de energia verde a reciclagem de um máximo de insumos, em particular o bagaço, resíduo sólido da prensagem das uvas é transformado em composto que retorna como adubo para o vinhedo.
Ainda falando de espumantes, como tem se comportado o mercado pós-fim da pandemia e a volta total à normalidade? Quais os planos para a Chandon no Brasil em 2024?
Como para toda a categoria de vinhos e espumantes, nós conhecemos um boom de vendas pós-pandemia, mas acho que o lançamento da nossa nova identidade de marca e nossa nova plataforma de comunicação – orgulho de ser Brasileiro, todos são benvindos a nossa mesa e tudo começa no vinhedo – contribuíram também a seduzir um consumidor, que mudou bastante no decorrer do tempo. Além do prazer de saber que a Chandon é elaborada no Brasil, nosso consumidor é muito sensível ao nosso posicionamento no assunto ESG. Por isso que continuamos crescendo apesar da “volta a normalidade” e torcendo para que seja assim em 2024.
Como para toda a categoria de vinhos e espumantes, nós conhecemos um boom de vendas pós-pandemia, mas acho que o lançamento da nossa nova identidade de marca e nossa nova plataforma de comunicação – orgulho de ser Brasileiro, todos são benvindos a nossa mesa e tudo começa no vinhedo – contribuíram também a seduzir um consumidor, que mudou bastante no decorrer do tempo. Além do prazer de saber que a Chandon é elaborada no Brasil, nosso consumidor é muito sensível ao nosso posicionamento no assunto ESG. Por isso que continuamos crescendo apesar da “volta a normalidade” e torcendo para que seja assim em 2024.