Bom Gourmet Negócios
Cozinha de casa é um dos trampolins para o empreendedorismo feminino; veja dicas para crescer
Do tabuleiro da baiana às marmitas fit, há séculos a cozinha de casa é um importante trampolim para o empreendedorismo feminino. Afinal, se a casa e o cuidado com filhos e família é, historicamente, "coisa de mulher", nada mais natural que seja a partir do espaço do lar que muitas mulheres comecem seus negócios. E, o que muitas vezes surge como uma forma de complementar renda ou comprar o pão de cada dia, com o tempo extrapola as paredes da casa e logo pode se tornar um importante ator na economia local.
Essa é a história da empresa de ultracongelados para panificação Doce D'ocê, de Chopinzinho, no Oeste do Paraná. A empresa, que em 2023 completa 30 anos, começou na cozinha simples da casa de Noeli Bazanelli. Hoje, é uma indústria do setor de alimentação que emprega quase 750 funcionários no município, sendo um dos principais empregadores da cidade.
"Eu sempre gostei de cozinhar. Mas, quando comecei a fazer as coisas para fora, na cozinha de casa, foi por pura necessidade mesmo. E isso é natural. É muito difícil, ainda mais no ramo de alimentação, quem não tenha começado assim", comenta Noeli.
No fim do ano passado, Noeli e o marido Carlos abriram duas lojas da marca de confeitaria fina da Doce D'ocê: a Frülling. Criada para ser um modelo replicável - ou seja, pensada já para virar franquia -, a marca trabalha com tortas, salgados e doces produzidos na fábrica de Chopinzinho e é um resgate dos tempos que Noeli produzia bolos desse tipo na cozinha de casa, no início dos anos 1990.
Tecnologia é aliada para acelerar negócios
Também com uma empresa que começou na cozinha de casa, a empresária Jackeline Castilho tirou proveito da tecnologia para acelerar o processo de crescimento da sua marca. Se no passado, as quituteiras contratavam pessoas para vender seus doces pelas ruas das cidades, hoje os aplicativos de delivery é que fazem esse papel.
Em 2020, no meio da pandemia, Jackeline começou a fazer bolos e brigadeiros em casa. Sempre pensando no delivery, depois de algumas semanas ela partiu para o iFood com a marca Doce Castelo Doceria. Jackeline agora tem dois pontos físicos, um no Água Verde e outro no Boqueirão, mas o delivery continua a ser o forte da marca.
O faturamento das duas lojas em fevereiro deste ano foi de R$ 121 mil, apenas no iFood. Em maio de 2020, quando a empresa começou, faturou R$ 5 mil na plataforma. "O iFood é o principal canal de venda desde o início. O delivery me ajudou a crescer na captação de clientes e divulgação da marca. A logística da entrega parceira, um serviço da plataforma, facilitou a venda e a entrega do produto no cliente", comenta.
Planejamento e formalização ajudam no sucesso do empreendedorismo feminino
Além de transformarem a cozinha de casa em um negócio, Jackeline e Noeli têm outros dois pontos em comum: planejamento e formalização. E seguir esse caminho é justamente o conselho da consultora Patrícia Albanez, do Sebare-PR, para as mulheres que estão iniciando a jornada do empreendendorismo feminino a partir da cozinha doméstica.
"É normal começar na informalidade, com as coisas que tem em casa, e ir testando. Mas disso a ter um negócio bem sucedido na gastronomia tem algun passos. O primeiro deles é a formalização", diz.
Sim, Patrícia está falando em fazer um plano de negócios e criar um CNPJ. Em resumo: sonhar de forma organizada e, claro, colocar o plano em ação. Como uma empresa constituída, explica Patrícia, o empresário consegue negociar prazos melhores com fornecedores, pleitear linhas de crédito mais barato e está, pessoalmente, mais protegido de eventuais problemas que venham a ocorrer com a empresa.
Para quem não sabe nem por onde começar no caminho da formalização, a sugestão de Patrícia é buscar os canais oficiais, como o próprio Sebrae e a Receita Federal. Descubra em que tipo de atividade econômica seu negócio melhor se encaixa, saiba as exigências legais que virão com a formalização e estude sobre as possibilidades futuras para a sua empresa. Para isso, a Sala do Empreendedor do Sebrae pode te ajudar.
E, o mais importante, não tenha medo de se profissionalizar. Infelizmente, ainda é comum que, quando uma mulher pretenda dar um passo que pareça um tanto mais ousado, surjam vozes para colocar a decisão em xeque.
Para esses momentos, ouvir a experiência de outras mulheres empreendedoras é um caminho. Existem diversos grupos de empreendedorismo feminino nesse sentido - virtuais e com encontros presenciais. Associações de classe, como a Abrasel, também podem ser um ponto de apoio importante, aconselha Patrícia.
Serviço
Sebrae: 0800 570 0800.