Bebidas
10 anos de Vô Milano: o universo da cachaça brasileira em um só lugar
Cachaça, marvada, branquinha, pinga, caninha. Os nomes da bebida tipicamente brasileira são inúmeros, assim como os rótulos da Vô Milano Cachaçaria, loja especializada 100% em cachaça que fica no Mercado Municipal de Curitiba e que completa 10 anos. São mais de 400 rótulos entre bebidas “simples”, envelhecidas, puras e compostas.
A história da loja se confunde um pouco com a história da família. Heric Girardello conta que o bisavô, Bernardo Milano, ensinou o neto, pai de Girardello, a fazer uma infusão de cachaça com uva. Bebida que é vendida até hoje na loja da família, administrada atualmente por Heric e sua esposa, Eliana Diniz Girardello.
Quando a cachaçaria foi aberta, Girardello conta que eram cerca de 100 rótulos, além da venda de outras bebidas. Mas a família resolveu se especializar na cachaça, apesar de ela continuar sendo estereotipada. “A cachaça não é valorizada. Além disso, não é um produto de grande valor agregado. Temos muito trabalho a fazer”.
Cacharitiba
Um dos passos para a valorização já foi dado há sete anos, com a criação da Cacharitiba, evento que é realizado no Mercado Municipal e reúne todo o universo da cachaça. No ano passado foram 26 expositores de todo o Brasil. Neste ano ela será realizada entre os dias 18 e 21 de outubro.
Desde que assumiu a loja, em 2011, Girardello cita duas mudanças no setor. “O produtor se profissionalizou. Melhorou a qualidade da embalagem, a questão técnica, a percepção da qualidade”, diz. O consumidor também evoluiu, conta. A Cacharitiba contribuiu para as duas mudanças, avalia. Neste ano, inclusive, o evento vai abrigar um encontro nacional das confrarias de cachaça e ainda vai receber a Academia Brasileira de Cachaça de Alambique.
Minas Gerais é tida como a meca da cachaça, mas o Paraná tem conseguido destaque ao longo dos últimos anos. Em um ranking de cachaças eleitas por especialistas da Cúpula da Cachaça, em 2016, o primeiro lugar ficou com a Porto Morretes, de Morretes, e o terceiro com a Companheira, de Jandaia do Sul. Neste ano, a Companheira permaneceu no terceiro lugar. “Temos qualidade, mas a maioria dos produtores têm a cachaça como processo secundário porque é difícil vender, é um produto de baixo giro”, diz. A maioria dos rótulos da loja é de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
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A Cachaçaria Vô Milano é o território ideal para os amantes da cachaça. É possível encontrar cachaças a partir de R$ 25, chegando a R$ 2 mil (Weber Haus 12 anos, de Ivoti-RS, envelhecida seis anos em barris de carvalho francês e seis anos em bálsamo).
A cachaça tem uma característica peculiar, afirma Girardello. Enquanto a maioria das outras bebidas é normalmente envelhecida em carvalho, a cachaça pode ser envelhecida em 30 madeiras diferentes. A cachaça descansa pelo menos seis meses. Ele explica que o jequitibá e o amendoim são madeiras mais neutras. As mais tradicionais são a amburana, que confere toques de amêndoa e baunilha, e o bálsamo, que contribuiu com toques de anis e azeitona. Quando ela repousa em tonéis de inox é chamada de branca, purinha ou prata.
As cachaças ainda podem ser compostas. Mas como explica Girardello, conforme a legislação brasileira prega, ao agregar qualquer coisa à bebida ela passa a ser chamada de aguardente composta de cachaça. Na Milano são vendidas a aguardente de banana, de Morretes, e a Bernardo Milado, com uva, inclusive com a fruta (a que está à venda está há sete anos em garrafa). Ainda há algumas curiosas. Uma delas é de Belém do Pará e tem o jambu, uma erva que amortece a boca.
Para comemorar o aniversário, a loja está com mais de 100 produtos em promoção. Ao comprar duas unidades de um mesmo produto, o segundo tem 50% de desconto.
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