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Vinícola boutique em Campo Largo tem produção pequena e premiada
Em um mundo dominado por homens, uma mulher luta a cada dia para ganhar espaço no mercado dos vinhos. Heloise Merolli herdou em 2003 a Vinícola Legado, em Campo Largo, a 30 quilômetros do Centro de Curitiba, e hoje, quase 15 anos depois, a sua pequena produção começa a aparecer no cenário nacional.
No final de julho, os vinhos da Legado faturaram dois prêmios no Vini Bra Expo, no Rio de Janeiro: o Flair Brut, espumante branco elaborado com uvas Viogner pelo tradicional método champenoise (o mesmo usado na região de Champagne) conquistou o oitavo lugar na categoria dos espumantes, enquanto o Sfizio Merlot Lote 13 ganhou a medalha de bronze na categoria dos tintos.
“Aqui só temos 4,8 hectares cultivados que dão 28 a 30 toneladas de uva por ano. Ao todo produzimos cerca de 10 mil garrafas por ano, são lotes muito pequenos, com 500 ou mil garrafas”, explica Heloise, que é sommelier de formação. A equipe que trabalha na elaboração dos vinhos é pequena: são seis pessoas que fazem desde a colheita até a vinificação.
A vinícola, localizada a 1.040 metros de altitude, usa a técnica de plantio espaldeira: as plantas são bem espaçadas e ficam a 1,20 metros do solo, o que permite ótima ventilação e exposição ao sol. As uvas plantadas são as tintas Cabernet Sauvignon, com mudas importadas de Bordeaux em 1998, Merlot, Pinot Noir e as brancas Viogner e Fiano di Avellino.
Essa última é típica da cidade de Avellino, perto de Nápoles, no Sul da Itália, uma qualidade raríssima no Brasil. “Somos a única vinícola brasileira a produzir vinho com essa uva”, diz Heloise. O vinho, disponível nas safras 2013 (R$ 39 no site da empresa ou na loja da vinícola) e 2015 (R$ 43), é leve e refrescante ideal para pratos delicados como macarrão ao pesto, aves, peixes e saladas.
Boa parte da uva produzida não é empregada para elaborar os vinhos, mas é vendida para pequenos produtores e famílias da região que fazem vinhos para consumo próprio. “No mundo ideal empregaria toda a uva para produzir meus vinhos, mas preciso de capital para manter o negócio rodando. Para produzir um vinho precisa de dinheiro que fica parado por muito tempo ”, explica Heloise.
Enquanto consolida a produção, Merolli já está testando novas castas: Pinot Meunier, Alvarinho e Chardonnay. “Plantamos 130 mudas de cada em 2016, esperamos ter a primeira pequena safra em 2019”, torce a produtora.
Rótulos premiados
O vinho do qual Heloise mais se orgulha é o Sfizio Merlot Lote 13 (R$ 120), premiado no concurso carioca, que é feito com um corte de três safras (2013, 2014 e 2015). O rótulo é produzido da mesma forma que o renomado vinho italiano Amarone: as uvas passam por um processo de passificação em que perdem 40% do volume e concentram sólidos e desenvolvem aromas. Essa etapa dura de 20 a 40 dias, em seguida o vinho é armazenado em barricas de carvalho francês.
Enoturismo
A Vinícola Legado abre aos sábados e domingos para visitação. O tour guiado dura cerca de uma hora e inclui o passeio de trator pelos vinhedos, a visita à cantina e à loja com degustação de três vinhos. O passeio custa R$ 20 e pode ser feito em dois horários: 11h30 e 15h.
Outra opção é o piquenique, que custa R$ 45 por pessoa, sendo que R$ 25 são revertidos em compras na loja da vinícola. No momento não há opções para comer no local, mas os visitantes podem levar sua própria comida para passar o dia ao ar livre.
Entrevista com Heloise Merolli, da Vinícola Legado
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