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Capixaba leva ouro no 3º Campeonato Brasileiro de Torra e amadora fica em 2º lugar
O responsável por dominar a torra perfeita do café foi anunciado na noite deste sábado (7), último dia do 3º Campeonato Brasileiro de Torra. Depois de quatro dias de provas no piso superior do Mercado Municipal de Curitiba, o capixaba Jonathan de Campos Piazarolo foi consagrado campeão dentre 24 competidores do país. Em novembro, ele representará o Brasil no campeonato mundial, em Taiwan. A gaúcha radicada em Curitiba e amadora em torra, Michele Loreto, ficou em segundo lugar; em terceiro, o mineiro Jack Robson Silva, de Varginha.
Em quarto, quinto e sexto lugares ficaram Zélio Augusto Filho (Florianópolis, SC), Luís Paulo Carvalho de Mendonça (Belo Horizonte, MG) e o campeão de 2018, Donieverson dos Santos (Poços de Caldas, MG), respectivamente.
“O prêmio representa toda uma história de vida”, disse Jonathan de Campos Piazarolo logo após a entrega do troféu. Não era exagero: dos seus 38 anos de idade, o mestre de torra passou 20 trabalhando com cafés especiais. Na parte interna de seu braço direito, a tatuagem de uma máquina de torra denuncia o amor pela profissão. Jonathan é co-proprietário do Trentino Cafés Especiais em Vitória, Espírito Santo. No ano passado, ficou em 9º lugar na competição.
Amadora
“Foi um susto, porque isso é um hobby para mim”, exclamou a gaúcha radicada em Curitiba há 15 anos, Michele Loreto, ao ser anunciada segunda colocada. Apesar de torrar cafés desde 2005, ela se considera uma amadora.
“Meu marido tem uma importadora de vinhos aqui e trazemos cafés da Bahia para vender em pequenas quantidades. Eu ainda não consigo acreditar”, disse. Michele foi uma das cinco competidoras mulheres a participarem do campeonato.
Boas torras, mas falta de ousadia entre os competidores
O objetivo do campeonato é avaliar a capacidade de transformar o café verde em um produto pronto para chegar à xícara com seu potencial máximo de qualidade. Para isso, os competidores precisaram classificar os grãos recebidos e identificar neles defeitos e qualidades. Depois de uma degustação prévia, traçaram um plano de torra que foi entregue a quatro jurados, junto com as amostras de café.
Segundo a avaliação dos juízes, porém, não houve nenhum destaque na prova. “Poucas pessoas ousaram. A maioria das torras eram conservadoras”, disse Georgia Franco de Souza, jurada, mestre de torra e proprietária do Lucca Cafés Especiais, anfitrião do evento ao lado da fabricante Probat.
“Eles receberam um café médio do cerrado mineiro, de 84 pontos [na escala da Associação Brasileira de Cafés Especiais, BSCA]. É com esse tipo de café que dá para saber se a pessoa consegue fazer muito ou pouco”, explicou. Os grãos foram fornecidos por dois patrocinadores – a Expocaccer Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado LTDA e JC Grossi e Filhos, também do cerrado mineiro.
Para o juiz Josué Morales, guatemalteca especialista em cafés especiais há 16 anos, os competidores deveriam “esquecer que aquele era um café do cerrado”. “O nível de torra foi bom, mas todos eles despertaram sabores típicos da região, com gosto de caramelo, chocolate, castanha. Poderiam ter explorado uma acidez mais expressiva, sabores mais florais”.
Júri
As provas foram avaliadas por quatro jurados: a mestre de torra Georgia Franco de Souza (à frente do Lucca Cafés Especiais, anfitrião do evento ao lado da Probat Leogap, fabricante de equipamentos de torra e moagem de café), Gabriel Borges (da Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana, AMSC), Christian Sarrassini (da SMC, Comercial e Exportadora de Café S/A) e Josué Morales, da empresa de rastreabilidade brasileira/guatemalteca Los Volcanes Coffee.
O campeonato de torra é uma das competições que fazem parte do Campeonato Brasileiro de Barismo, organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
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