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Bebidas

Produção de espumantes no Paraná começa a despontar e ganhar prêmios

Andrea Torrente
23/12/2018 18:00
Embora a produção ainda seja incipiente, o Paraná começa a despontar na elaboração de espumantes e a conquistar prêmios nacionais e internacionais. Clima e terroir de algumas regiões do estado, dizem os especialistas, são propícios para produzir vinhos de qualidade e os investimentos em tecnologia e pesquisa por parte das vinícolas, realizados nos últimos anos, elevaram o nível das borbulhas.
Legado, em Campo Largo, é uma das vinícolas que cultivam suas próprias uvas. Foto: Divulgação.
Legado, em Campo Largo, é uma das vinícolas que cultivam suas próprias uvas. Foto: Divulgação.
Atualmente a produção de espumantes se concentra principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, mas há vinícolas também no interior: Bituruna, na região de Guarapuava, e Mariópolis, perto de Pato Branco.
“O terroir é bom, aqui plantamos a 880 metros de altitude. Faz friozinho de noite e calor de dia, essa diferença térmica é boa para a uva”, diz Waner Harget, dono da vinícola RH, especializada na elaboração de espumantes, em Mariópolis.
Pinot Noir, Chardonnay e Viogner – que são as principais uvas usadas também para a produção do champagne, na França – são as favoritas dos produtores paranaenses. Em alguns casos, como na Vinícola Legado, em Campo Largo, na Região Metropolitana da capital, o Merlot é usado para fabricar o espumante rosé.
Heloise Merolli produz espumantes na Vinícola Legado, em Campo Largo, segundo o método champenoise. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
Heloise Merolli produz espumantes na Vinícola Legado, em Campo Largo, segundo o método champenoise. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
“O clima ajuda a preservar a acidez e a grande diferença de temperatura entre o dia e a noite confere mais aroma ao vinho”, explica Heloise Merolli, da Legado. “Aqui o subsolo é rico em calcário que agrega mineralidade ao espumante e dá finesse e elegância”, complementa.
É verdade que a chuva, dizem os vitivinicultores, atrapalha o cultivo por tornar mais fácil a proliferação de doenças. Por isso, a elaboração de vinhos tintos por essas bandas é mais complicada. Uvas tintas precisam de mais sol, calor e demoram mais para amadurecer, aumentando a possibilidade que apodreçam.
Já as uvas brancas, as mais empregadas na elaboração de espumantes, têm um ciclo vegetativo mais curto e se adaptam melhor ao frio: a temperatura ajuda na preservação da acidez, uma das características mais apreciadas e buscadas nos espumantes.
Técnica
Espumante do PR é produzido com método champenoise, o mesmo usado na região francesa da Champagne. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Espumante do PR é produzido com método champenoise, o mesmo usado na região francesa da Champagne. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo.
Diferentemente do espumante gaúcho e catarinense – produzido pelo método champenoise (tradicional empregado na região de Champagne com segunda fermentação na garrafa) e o charmat (com segunda fermentação em tanques de inox), as vinícolas paranaenses usam somente o primeiro.
Apesar dessa técnica ser mais onerosa e demorada, o pequeno volume de produção justifica o emprego dela, já que o método charmat (que dá mais frescor e aromas frutados ao vinho) exige grandes e custosos tanques de inox. Ao todo são 661.800 litros produzidos por vinícolas paranaenses em 2018. Para comparação, o Rio Grande do Sul fabricou 17,4 milhões em 2017.
“O método champenoise dá complexidade e longevidade ao vinho, pois o liquido fica em contato com as leveduras na garrafa por pelo menos 12 meses”, explica Merolli.
Pesquisa e associativismo
Giorgeo Zanlorenzi, da vinícola Famiglia Zanlorenzi, é um dos fundadores da associação Vinopar. Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo.
Giorgeo Zanlorenzi, da vinícola Famiglia Zanlorenzi, é um dos fundadores da associação Vinopar. Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo.
Não dá para falar de um único terroir paranaense. “Há uma diferença gigantesca entre uma cidade e outra, por exemplo, entre São José dos Pinhais e Campo Largo”, diz Merolli. Mudam clima e subsolo, e, por consequência, também os vinhos.
Segundo Wagner Gabardo, dono da escola de sommelier Alta Gama, em Curitiba, e secretário executivo da Associação dos Vitivinicultores do Paraná (Vinopar), ainda faltam “estudo e experimentação para descobrir outras microrregiões, quais variedades podem se adaptar melhor, e atrair profissionais do setor que se estabeleçam aqui. Precisa de um corpo técnico que assuma a frente”.
A associação, criada em 2016, reúne atualmente 17 vinícolas, além da Colinas de Pedras, empresa de Piraquara especializada no envelhecimento dos vinhos. Nem todas as vinícolas cultivam suas uvas no Paraná, algumas importam do Rio Grande do Sul.
Uma delas é a Famiglia Zanlorenzi, que produz em São Marcos, na Serra Gaúcha. A empresa, responsável pela produção de 600 mil litros de espumante por ano, na verdade realiza apenas uma pequena parte do processo produtivo no Paraná. Mas isso deve mudar.
“Estamos trabalhando com o setor para voltar a produzir no estado de uma forma agressiva. No ano que vem vamos fomentar o plantio no Paraná, buscando parceiros locais”, diz Giorgeo Zanlorenzi, que comanda a Famiglia Zanlorenzi, em Campo Largo. “Nosso clima e terroir têm condições para espumante de qualidade fantástica”, garante o empresário.

Espumantes paranaenses premiados

Famiglia Zanlorenzi

Lunar Perfetto Rosé Brut

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2018 – Medalha de Ouro – 15º Concurso Internacional de Los Mejores Vinus Espumosos Effervescents du Monde – Dijon – França
2018 – Medalha de Ouro – 22º Concurso Internacional de Vinos y Licores La Mujer Elige – Mendoza – Argentina

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Lunar Perfetto Moscatel

2018 – Medalha de Ouro – 22º Concurso Internacional de Vinos y Licores La Mujer Elige. Mendoza – Argentina

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Lunar Perfetto Moscatel Rosé

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2018 – Medalha de Prata – 22º Concurso Internacional de Vinos y Licores La Mujer Elige. Mendoza – Argentina

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Lunar Perfetto Prosecco

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2018 – Medalha de Ouro – Challenge International du Vin – Bordeaux – França

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Franco Italiano

Cuvee Excellence Reserve Brut

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2010 – Medalha de Ouro – 7º Concurso Nacional de Vinhos Finos
2011 – Medalha de Ouro – VII Concurso do Espumante Brasileiro
2013 – Medalha de Ouro – Concour Mondial Bruxelles
2017 – Medalha de Ouro – X Concurso Espumante Brasileiro

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Franco Italiano Espumante Moscatel

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2011 – Medalha de prata – VII Concurso do Espumante Brasileiro
2014 – Medalha de Prata – VII Concurso Internacional de Vinhos do Brasil
2017 – Medalha de Ouro – X Concurso do Espumante Brasileiro

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Vinícola Araucária

Poty Lazzaroto Brut

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2017 – Medalha de Ouro – Grande Prova Vinhos do Brasil
2017 – Medalha de Ouro – X Concurso do Espumante Brasileiro
2016 – Medalha de Prata – VIII Brazil Wine Challenge
2016 – Medalha de Prata – GP Grande Prova de Vinhos do Brasil

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Poty Lazzarotto Nature

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2017 – Medalha de Ouro – X Concurso do Espumante Brasileiro

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Vinícola RH

Espumante Brut RH

Foto: divulgação
Foto: divulgação
2015 – Medalha de Prata – GP Grande Prêmio Vinhos do Brasil
2017 – Medalha de Ouro – GP Grande Prêmio Vinhos do Brasil

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Vinícola Legado

Foto: Divulgação<br>
Foto: Divulgação
Flair Nature 2015 – Medalha de Ouro – Concurso Mundial de Bruxelas em 2018
Foto: DIvulgação
Foto: DIvulgação
Flair Brut 2015 – Medalha de Prata – Concurso Mundial de Bruxelas em 2018
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