Bebidas
Brasileiros preferem tomar menos cerveja, mas com mais qualidade
Brasileiros de todas as classes socioeconômicas têm priorizado qualidade à quantidade de cerveja, aponta uma pesquisa divulgada pela Mintel (agência especializada em pesquisa de mercado) na última semana. Ainda que o comportamento seja mais perceptível entre consumidores das classes A e B (68%), nas demais classes isso também é maioria (52%).
Mais da metade (53%) dos jovens entre 18 e 24 anos se mostraram motivados a experimentar novos tipos de cerveja, especialmente as com “novo sabor” ou “sabor inovador”. Para Ana Paula Gilsogamo, especialista em alimentos e bebidas da Mintel, isso representa para as marcas mais tradicionais da bebida uma oportunidade de “investir em sabores inovadores e exóticos para atrair esse público por meio da curiosidade”.
Ela sugere ainda que as marcas trabalhem em mudanças nas embalagens da bebida. “Investir em embalagens menores para produtos premium pode ser uma oportunidade para atrair as classes mais altas. Apesar de várias marcas nacionais já terem lançados versões menores de seus produtos, as cervejas artesanais e de trigo ainda não aproveitaram essa oportunidade”, ela escreveu.
A pesquisa também identificou que os consumidores tendem a relacionar cervejas artesanais à qualidade dos ingredientes e a sabores inovadores. Questionados sobre quais fatores definem uma cerveja artesanal, quase metade deles (45%) respondeu “ingredientes de alta qualidade; 43% mencionou “sabores únicos e inovadores”; e 34%, “ingredientes e métodos de fermentação natural”.
Esses dados apontam para uma verdadeira mudança no consumo de cerveja no Brasil que afeta o mercado, especialmente no crescimento de volume, relacionado às quantidades consumidas, como também na estrutura do mesmo.
Pode ser uma notícia preocupante para as grandes empresas de cerveja do Brasil: segundo a pesquisa, 40% dos consumidores acreditam que quando uma pequena cervejaria é comprada por uma grande empresa, a qualidade da cerveja diminui. Isso representa uma verdadeira dificuldade para as grandes marcas de se adaptar aos novos hábitos dos consumidores.
“As marcas precisam criar estratégias para mostrar que a aquisição de uma cerveja artesanal por uma grande empresa não vai prejudicar sua qualidade. Aliás, a comunicação da manutenção da qualidade, especialmente dos ingredientes usados, é essencial, pois a percepção do consumidor brasileiro em relação às cervejas artesanais está mais ligada à qualidade dos ingredientes utilizados do que ao tamanho das marcas ou aos métodos de fermentação”, concluiu a analista.
Ainda que seja preocupante, a estimativa da Mintel é de que o mercado cresça até 1% em volume até o final deste ano; em relação ao valor de mercado, este deve crescer 3,3%.
Metodologia
No Brasil, as pesquisas da Mintel são realizadas presencialmente com 1.500 pessoas de todos os grupos socioeconômicos e faixas etárias dos 16 aos 55 anos. Os entrevistados moram nas dez maiores cidades do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Belém, Fortaleza, Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre.