Bebidas
10 mitos e verdades sobre a cerveja
Se o futebol é a primeira paixão nacional do brasileiro, a cerveja, sem dúvida, está logo atrás. Não há mesa de bar, confraternização ou festa que não seja regada à bebida. Em 2013, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, foram produzidos no Brasil 14 bilhões de litros de cerveja e o país se consolidou como o maior consumidor da América Latina.
Segundo a consultoria britânica Mintel o brasileiro toma o equivalente a 66 litros de cerveja por ano, um dos índices mais altos do mundo. E de 2012 para 2014 o consumo de cervejas especiais cresceu 36%. Mesmo sendo um costume muito popular, o assunto continua cercado por mitos que acabam confundindo o consumidor.
Um dos mais comuns é a que temperatura a cerveja deve ser consumida. Que deva ser sempre servida gelada é mito. “Cada estilo tem uma temperatura ideal para ser servida que, muitas vezes, é indicada no rótulo”, destaca Luis Celso Jr., beer sommelier e colunista do Bom Gourmet. “No Brasil temos o costume de tomar muito gelada porque o estilo mais comum é o american lager, uma cerveja que é preferível tomar em temperatura mais baixa”. O especialista, porém, alerta: “Se for muito gelada, as papilas gustativas ficam amortecidas e não dá para apreciar o sabor da bebida”.
Confira esse e outros mitos e verdades sobre a cerveja:
1. Chope é a mesma coisa que cerveja.
VERDADE. A Sociedade da Cerveja, movimento feito por especialistas e apaixonados pela bebida, explica que o chope e a cerveja são, sim, a mesma bebida. A diferença, porém, é que a cerveja passa por pasteurização, um tratamento térmico que garante maior prazo de validade ao produto, enquanto o chope não passa por esse processo. Ele também é mais calórico e tem um prazo de validade menor.
2. A melhor posição para guardar a cerveja na geladeira é deitada.
MITO. A cerveja deve ser guardada de pé para que, pelo menos no caso das cervejas especiais, as leveduras decantem no fundo. Na hora de servir, o consumidor poderá escolher se quer misturá-las ou não à bebida, como no caso das Weiss, que deve ter o fundo da garrafa agitado exatamente com esse fim. Outra recomendação é manter as garrafas ou latas nas prateleiras de cima da geladeira e não na porta, lugar que é mais suscetível às mudanças de temperatura.
3. Cerveja tem que ser estupidamente gelada.
MITO. Não necessariamente. Quando servida em baixíssima temperatura, a cerveja acaba anestesiando as papilas gustativas da língua, que fazem com que você perca a sensibilidade para degustar a bebida. Cada estilo de cerveja tem uma temperatura ideal, geralmente indicada no rótulo. O calor pede cervejas geladas, mas sem exageros.
4. Cerveja de garrafa é melhor que a de lata.
MITO. O recipiente não interfere no sabor ou no aroma. A lata, porém, tem duas vantagens em relação à garrafa: do ponto de vista do meio ambiente é mais facilmente reciclável; do ponto de vista da qualidade da bebida, ela isola da luz, um dos maiores inimigos da cerveja, pois acelera o envelhecimento da bebida.
5. Cerveja não condiz com um estilo de vida equilibrado.
MITO. A cerveja é produzida com ingredientes naturais, a partir de grãos de cevada (e outros cereais) maltados, lúpulo, água e levedura (fermento). O lúpulo, planta do tipo trepadeira, tem propriedades relaxantes e ajuda a preservar a cerveja de forma natural. O malte de cevada é fonte de ferro, rico em fósforo, zinco, magnésio e vitaminas B2 e B6. Além disso, também tem propriedades antioxidantes e ajuda na manutenção de níveis saudáveis de colesterol no sangue. Em suma, a cerveja é feita com ingredientes naturais. Ter um estilo de vida equilibrado também envolve vários fatores, entre eles alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. A recomendação, claro, é um consumo moderado.
6. Cerveja dá barriga.
MITO. A relação entre as duas coisas não é direta. O problema é que o consumo de cerveja está muitas vezes associado a alimentos nem sempre saudáveis, como tira-gostos e frituras que se encontram em bar e botecos. Refrigerantes geralmente são mais prejudiciais à saúde pela elevada quantidade de açúcar, de corantes e de conservantes.
7. O colarinho não serve para nada.
MITO. Pelo contrário, ele tem várias funções. Isola a bebida evitando a oxidação e mantendo a temperatura, e revela se a cerveja é de boa qualidade. Colarinho é a denominação no chope, espuma no caso da cerveja. Há ainda cervejas com pouca ou nenhuma espuma. No chope, a espessura ideal do colarinho é de dois dedos.
8. Vinho é mais saudável que cerveja.
MITO. Uma taça de vinho tem 240 kcal, enquanto uma taça de cerveja tem pouco mais da metade disso (123 kcal). Além disto, a cerveja possui os mesmos compostos benéficos à saúde que o vinho: antioxidantes, vitaminas e sais minerais. “É injusto dizer que uma bebida traz mais benefícios que a outra. Ambas tem”, frisa Luis Celso Jr. “A cerveja tem vitaminas do complexo B que são importantes para reconstruir células do nosso corpo, além de ácido fólico e cálcio” complementa.
9. Não existe copo específico para tomar cerveja.
MITO. Cada estilo pede um copo ou uma taça diferente, pois o formato do recipiente interfere no sabor e no aroma. Os copos de boca fechada são utilizados para cervejas menos aromáticas, enquanto bebidas com mais aroma pedem recipientes com bocas largas para que ele se volatilize e chegue ao nariz, melhorando a experiência do consumidor. “É muito mais legal tomar no copo adequado porque o consumo se torna uma experiência mais completa. Algumas marcas de cerveja criam copos exclusivos que valorizam ainda mais a bebida”, explica Luis Celso Jr.
10. Água muda o gosto da cerveja.
MITO: Isso fazia sentido até o século XIX, quando realmente havia diferença entre água de diversas fontes em diferentes lugares. Por isso Alemanha e República Tcheca despontaram. Hoje, pelo menos em relação às cervejas industriais, a água é tratada para ter o mesmo gosto em qualquer lugar do mundo.
* Fontes: Luis Celso Jr., beer sommelier e colunista do Bom Gourmet, e Sociedade da Cerveja, movimento de especialistas e apaixonados por cerveja.