Minas ganha primeira Denominação de Origem de cafés do país

O café mineiro agora tem identidade própria. No começo deste ano, a bebida produzida na Região do Cerrado Mineiro – área a noroeste do Estado de Minas Gerais – foi reconhecida como a primeira D.O. (Denominação de Origem) do país neste segmento. Na prática, este registro reconhece a reputação e a qualidade do café produzido no local.

Em linhas gerais, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), responsável por conceder o título no Brasil, aponta que uma indicação geográfica comunica ao mundo que determinada região se especializou e tem capacidade de produzir um “artigo diferenciado e de excelência”. É o que acontece com os vinhos produzidos em Bordeaux ou os espumantes de Champagne, ambas regiões da França. Com os cafés, há regiões com D.O, em diversos países, como Colômbia e Honduras, por exemplo.

“A conquista da D.O. é o reconhecimento do trabalho de todos os cafeicultores que se dedicam em produzir um Café de Atitude [conceito de produção que segue regras de preservação e sustentabilidade]”, afirma Francisco Sérgio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

Segundo a Federação, o que diferencia a bebida produzida na região é o terroir, com estações climáticas bem definidas (o verão é quente e úmido e o inverno ameno e seco) e cafezais entre 800 e 1300 metros de altitude. Com isso, ela ganha aroma intenso com notas de caramelo a nozes, acidez delicadamente cítrica, corpo de moderado a encorpado, sabor adocicado com aspecto de chocolate e uma longa finalização.

A área englobada na D.O. Região do Cerrado Mineiro compreende 55 municípios e cerca de 4,5 mil produtores. Juntos, eles produzem perto de 5 milhões de sacas de 60 kg de café por ano, segundo dados da Embrapa Café. As cidades no Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas são os principais centros de produção e boa parte de seus produtos são exportados para Estados Unidos, Japão, Bélgica, Alemanha, Canadá e Reino Unido.

Nesta semana,  umas das marcas que utilizam cafés da região colocou pela primeira vez o selo de D.O. em sua embalagem. A Suplicy Cafés Especiais traz a mensagem na parte posterior do pacote. Acima, há um código QR que pode ser lido por smartphones e exibe a história do produtor e todas as características do lote. Nos próximos meses, novas marcas deverão adotar selo semelhante.