Bebidas
Veja quais são os 16 melhores vinhos produzidos no Brasil em 2019
BENTO GONÇALVES (RS) – Mais de mil pessoas se reuniram na tarde deste sábado (28) durante a 27ª Avaliação Nacional de Vinhos, no pavilhão do Parque de Eventos, em Bento Gonçalves (RS), para degustar os produtos brasileiros que serão referência da safra 2019. Sem muitas surpresas, a grande maioria dos medalhistas foi produzida no estado gaúcho, protagonista nacional na produção de vinhos. Entre as 16 amostras selecionadas, 15 são gaúchas e uma baiana.
Para chegar a este número, 120 enólogos avaliaram previamente 337 amostras de 47 vinícolas de várias regiões do Brasil, como o sul de Minas, o planalto catarinense e o leste de São Paulo, além da Serra e Campanha gaúchas.
A degustação às cegas foi realizada pelo serviço de 95 estudantes do curso de Vitivinicultura e Enologia para sommeliers, enólogos e enófilos do Brasil e de outros sete países, como Espanha, França, Itália e EUA.
Evolução
O progresso dos vinhos brasileiros ficou marcado na fala de cada um dos 16 comentaristas que compuseram o painel oficial da prova. Formada por enólogos, sommeliers, jornalistas e entidades do mundo do vinho no Brasil e no exterior, a mesa de avaliação fez inúmeros elogios aos produtores nacionais. “O progresso brasileiro não é nada menos que fantástico”, disse o jornalista e master sommelier Evan Goldstein, dos EUA.
Depois de avaliar uma amostra de tannat, o especialista demostrou surpresa em relação ao cultivo da casta no Rio Grande do Sul. “Quando cheguei aqui nas primeiras vezes, a tannat era pouco usada e agora quase todas as vinícolas estão cultivando. Isso mostra uma evolução com essa casta difícil que, pelo nome, já mostra o desafio de taninos que precisam ser trabalhados”.
Outras castas mais variadas apareceram na seleção, entre elas ancellota, alicante bouschet e cabernet franc. Mesmo assim, merlot e chardonnay foram maioria na seleção final.
Mudanças na legislação
O prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Rech Pasin, relembrou a batalha dos produtores brasileiros com a legislação atual, que categoriza o vinho como bebida alcoólica. Por conta disso, as bebidas são taxadas com preços altíssimos se comparados aos de países europeus. “Precisamos começar um grande levante para que o vinho não seja mais considerado apenas uma bebida alcoólica, mas um alimento. Que isso comece aqui no Rio Grande do Sul e depois se dissemine para o Brasil”, afirmou.
A presença do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reforçou a intenção de o governo apostar em mudanças. “Em vez de os estrangeiros chegarem aqui, nós é que vamos levar os vinhos brasileiros para disputar espaço lá fora”.
Espaço feminino
Cerca de 40% das mais de mil cadeiras da 27ª edição da Avaliação Nacional de Vinhos foram ocupados por mulheres. O número é expressivo quando comparado aos anos anteriores do evento, em que quase não havia participação feminina.
“As mulheres sempre estiveram trabalhando para o setor em todas as áreas, seja como enólogas, produtoras, sommelières, jornalistas. Mas agora elas estão ocupando mais espaços e isso aconteceu em todos os níveis da sociedade. Mesmo assim, ainda falta”, pontuou Regina Vanderlinde, que desde 2018 ocupa o cargo de presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a maior e mais importante instituição do setor no mundo.
Regina foi uma das três mulheres a integrar o painel de comentaristas desta edição. Ao lado dela, a jornalista Carolina Bahia e a blogueira e sommelier Alexandra Aranovich.
Troféu Vitis 2019
A turismóloga Ivane Fávero e o enólogo Lucindo Copat foram os homenageados de 2019 com o Troféu Vitis Amigo do Vinho Brasileiro e Destaque Enológico, respectivamente. A distinção é o reconhecimento prestado pela ABE a pessoas que em sua trajetória pessoal e profissional contribuem para a promoção do vinho brasileiro.
Veja a lista de amostras classificadas
CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE
Chardonnay – Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS)
Chardonnay – Domno do Brasil – Garibaldi (RS)
Chardonnay / Pinot Noir – Chandon do Brasil – Garibaldi (RS)
Chardonnay – Domno do Brasil – Garibaldi (RS)
Chardonnay / Pinot Noir – Chandon do Brasil – Garibaldi (RS)
CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO
Verdejo – Vinícola Terranova – Casa Nova (BA)
Chardonnay – Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)
Chardonnay – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)
Chardonnay – Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)
Chardonnay – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)
CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO
Sauvignon Blanc – Vinícola Campestre – Campestre da Serra (RS)
Moscato Giallo – Sociedade de Bebidas Panizzon – Flores da Cunha (RS)
Moscato Giallo – Sociedade de Bebidas Panizzon – Flores da Cunha (RS)
CATEGORIA VINHO TINTO FINO SECO JOVEM
Merlot – Guatambu – Dom Pedrito (RS)
CATEGORIA TINTO FINO SECO
Merlot – Casa Perini – Farroupilha (RS)
Cabernet Franc – Estabelecimento Vinícola Valmarino – Pinto Bandeira (RS)
Ancellotta – Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança – Flores da Cunha (RS)
Tannat – Família Bebber – Flores da Cunha (RS)
Merlot – Vinícola Miolo – Bento Gonçalves (RS)
Alicante Bouschet – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (RS)
Tannat – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)
Cabernet Franc – Estabelecimento Vinícola Valmarino – Pinto Bandeira (RS)
Ancellotta – Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança – Flores da Cunha (RS)
Tannat – Família Bebber – Flores da Cunha (RS)
Merlot – Vinícola Miolo – Bento Gonçalves (RS)
Alicante Bouschet – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (RS)
Tannat – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)
*A repórter viajou para a Serra Gaúcha a convite da Conceitocom
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