Bebidas
6 alambiques que valem a visita ao município catarinense de Luiz Alves
Luiz Alves é uma cidadezinha catarinense com pouco mais de 12 mil habitantes e fica na região turística Costa Verde e Mar, que ao lado de outras dez cidades compõem o Vale Europeu. Sua principal atração são as seis cachaçarias que produzem mais de um milhão de litros por mês. Todas elas podem ser visitadas e os passeios valem pela paisagem com engenhos coloniais, destilarias rústicas, ambientes tipicamente rurais e pelas pingas, é claro.
Para visitar as fábricas e alambiques é preciso agendar com os proprietários. A cidade não é bem estruturada. Para dormir ou desfrutar de um bom jantar vale ir até Blumenau, localizada a 33,5 km de distância e a 200 km de Curitiba (PR). Outra questão é que para visitar as cachaçarias é preciso ir de carro. O transporte público não é eficiente, não há Uber e táxis são difíceis de conseguir. Apesar das limitações urbanísticas e de mobilidade, os moradores são muito simpáticos e receptivos.
Para se ter ideia, fui buscar um guia na Secretaria de Turismo e voltei com o próprio secretário Vandrigo Wust, que me acompanhou no roteiro etílico e contou sobre o município.
Luiz Alves informalmente era conhecida como a Capital Nacional da Cachaça, mas perdeu o título em maio deste ano para a cidade mineiras Salinas, por decisão da Câmara dos Deputados. Para correr atrás do prejuízo, em junho deste ano, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina reconheceu Luiz Alves como a Capital Catarinense da Cachaça. Mas os catarinenses insistem que produzem as melhores cachaças do mundo. “Luiz Alves produz as únicas cachaças com melado do país, o que as deixa mais saborosas. Minas usa garapa”, disse Orecio Rech, presidente da Associação dos Produtores de Cachaça.
Um evento que comprovou a excelência das bebidas foi a Expocachaça, reconhecido festival realizado em Belo Horizonte. Em 2017, os produtores de Luiz Alves disputaram pela primeira vez o campeonato e desbancaram as pingas mineiras. A Wruck, Bylaardt, Spézia e Rech abocanharam as medalhas de ouro e prata. Em 2018, as aguardentes luizalvenses também saíram em primeiro e segundo lugar.
Embora Salinas seja conhecida pela produção de 60 marcas de cachaças, os alambiques de Luiz Alves são mais antigos, a maioria fundado entre os anos 30 e 40. Um destaque é a Fenaca (Festa Nacional da Cachaça), realizada desde 1984, no terceiro final de semana de julho, em comemoração à colheita da cana. No evento é montado o Corredor da Morte, onde ficam os estandes para degustação.
Mas não é preciso ir à Fenaca para sair tontinho de Luiz Alves. As seis cachaçarias oferecem muitas provas, enquanto explicam a história da fabricação. É uma delícia. Também é comum sair carregado de garrafas. Os produtos são bem baratos, as cachaças simples custam entre R$ 7 e R$ 20 meio litro. O valor depende mais das embalagens. Há recipientes em madeira, cobre, metal, vidro.
Em conversa com os produtores saí sabendo que a cachaça foi a primeira bebida destilada da América Latina, que São Paulo e Pernambuco disputam o pioneirismo e que os 500 anos de cachaça no Brasil devem ser comemorados com uma bebida tão rica quanto a nossa história.
Wruck
Otto Wruck começou a produzir açúcar mascavo no final dos anos 30 e fundou a cachaçaria em 1942. A Wruck é uma das poucas no Brasil a utilizar cana da sua própria produção. O plantio é de 10 hectares. Em 2017, concorreu com 256 marcas e recebeu a maior pontuação na Expocachaça, 98 pontos, ganhando a medalha de ouro. A cachaça premiada, extrapremium, custa R$ 70 a garrafa 600 ml.
Serviço: Rua Otto Wruck, 2.485, bairro Francês – (47) 3377-0077.
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Spézia
A família Spézia é acolhedora, nunca fecha as portas para os visitantes. E quem vai até o alambique tem a oportunidade de conversar com o fundador Frederico, que iniciou sua produção em 1949 com apenas uma marca, batizada de Aguardente Vencedora. Frederico compartilhou com o filho Almir os ensinamentos da boa cachaça. Atualmente eles vendem 200 mil litros por ano, para o Brasil, Alemanha, Inglaterra, Singapura e Espanha. Destaque para a cachaça de mel e limão, uma das mais elogiadas pelos turistas, R$ 8.
Serviço: Avenida Santa Paulina, 700 – Vila do Salto – (47) 3377-1175.
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Rein
Orecio Rech representa a quarta geração a frente da cachaçaria Rein (pura, em alemão). Seu bisavô Johann, imigrante alemão, fundou a empresa no dia 24 de março de 1938. A família tem a loja Flor da Cana em frente ao parque de eventos onde ocorre a Fenaca. Eles vendem cerca de 60 mil litros por ano. O destaque da Rein é a licor de hibisco, adocicado na medida certa, R$ 20 a garrafa de 670 ml.
Serviço: Rua Vereador Crisóstomo Gesser, 315 – Vila do Salto – (47) 3377-0777.
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Bylaardt
Imigrante holandês, Wilibaldo Van Den Bylaardt fundou o alambique em 1943, com dornas de madeira para a fermentação. A energia para a moenda era gerada por uma roda d’ água de madeira. Com o tempo o negócio foi modernizado, mas não deixou de ser artesanal. Todas as etapas são responsabilidade da família, desde o plantio da cana-de-açúcar até o processo de envelhecimento nos barris. Uma das atrações da visita é a casa de Wilibaldo, que foi preservada. Uma boa dica é experimentar a cachaça extra premium, de 18 anos, que ganhou duplo ouro no Festival de Bruxelas, neste ano. A garrafa custa R$ 112.
Serviço: Rua Prefeito Willibaldo Van Den Bylaardt, 6.395 – (47) 3377-1809.
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Morauer
Arno Fernandino Morauer fundou seu alambique de cobre, tonéis e barris de madeiras especiais como carvalho em 1955. A empresa já passou por várias etapas como produtora, engarrafadora e também na fabricação de licores. Hoje a terceira geração da família está à frente do alambique, mantendo suas tradições com o mais alto padrão de qualidade de uma destilaria artesanal. A garrafa de 600 ml com pinga envelhecida em barril de carvalho por 16 anos custa R$ 45.
Serviço: Rodovia SC 413 – Km 01, 57 – Centro – (47) 3377-1156.
Rossi
É a mais recente. Também é uma empresa familiar. Foi fundada há 16 anos. Uma das cachaças Rossi que faz sucesso entre a clientela é a de café, custa R$ 8 a garrafa de 500 ml. Quem vai conhecer o alambique pode acompanhar a produção do início ao fim, desde a cana sendo moída, a fermentação e a fabricação. A Rossi é uma cachaçaria colonial e tem também produz cachaças de garapa.
Serviço: Estrada Braço do Bugre – Serafim – (47) 3308-6307.
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