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Bebidas

Curitibana viajará para nove países pesquisando chás

Flávia Schiochet
31/07/2013 13:00
Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A publicitária Daniele Lieuthier trocou a vida da agência pela cozinha há pouco tempo. Em 2008, em uma viagem à França como au pair (um programa de babá internacional), ela começou a se interessar pelo assunto e aprendeu receitas tradicionais do país. Quando voltou ao Brasil, o coração bateu mais forte ao criar nas panelas em vez de no computador.
Começou a preparar jantares temáticos para amigos e conhecidos e chegou a cozinhar para grupos grandes, de até 50 pessoas. Desde janeiro deste ano, ela começou a planejar uma viagem para pesquisar o universo dos chás. Daniele partiu na última terça-feira (30) e retorna em julho do ano que vem.
Durante a viagem de um ano, ela vai passar por nove países em três continentes: Europa, Ásia e África. França, Inglaterra, Turquia, Índia, Nepal, Tailândia, China, Japão e Marrocos. Seu objetivo é fazer uma pesquisa de mercado, entender mais da cultura da bebida e das tradições para poder abrir uma casa especializada em chá em Curitiba.
Quem quiser acompanhar as novidades da viajante pode seguir seu blog (www.caminhodocha.com), no qual ela vai postar textos, imagens e vídeos sobre os países visitados, e o que mais ela descobrir sobre os produtores e consumidores de chá pelo mundo. Ela ainda está em fase de descoberta sobre sua vocação para a cozinha. “Não sei explicar, mas é muito bom ver alguém feliz depois de ter comido algo que você preparou com tanto carinho. Acho que esse é o meu grande objetivo: trazer um pouco mais de alegria para o mundo. Nem que seja só por alguns minutinhos”. Confira o que mais ela contou ao Bom Gourmet.
Como começou seu interesse por chás?
Eu tomava chá de vez em quando, desses de saquinho, que todo mundo conhece. Mas foi só quando morei na Argentina que provei um blend de chá a granel pela primeira vez. Eu trabalhava em um restaurante que servia esse tipo de chás e infusões, então provei vários, e me apaixonei. São muitíssimo mais saborosos que os chás de saquinho, é outra categoria. Desde então, comecei a comprar chá a granel no mercado municipal, e passei a fazer testes de blends, misturando diferentes tipos de chás e ervas com frutas e outras especiarias.
Você vai passar por nove países. Quanto tempo de pesquisa e definição do itinerário?
Estou pesquisando os destinos desde janeiro deste ano. Desde que voltei da minha última viagem (morei na Argentina por um ano e meio, e, um ano antes disso, morei na França, por um ano), sabia que não iria demorar para alçar voo de novo. Escolhi os destinos de acordo com sua importância no mundo dos chás e da pâtisserie. Tenho um roteiro pré-estabelecido, mas como toda boa mochileira, sei que os destinos e o tempo de permanência podem acabar sendo modificados. O objetivo da viagem é descobrir. Tenho que ir pra onde tiver coisa interessante pra ver, provar e aprender. Mas, por enquanto, o trajeto é: uma semana em Paris, uma semana em Londres, três meses na Turquia, um mês na Índia, um mês no Nepal, um mês na Tailândia, cinco meses na China, uma semana no Japão e uma semana no Marrocos.
De onde surgiu a ideia de abrir uma casa de chás em Curitiba?
Desde que eu ingressei no mundo da gastronomia, sabia que iria abrir um restaurante em algum momento. Mas, como ainda não tinha decidido o que, resolvi estudar um pouco de tudo, fazer da minha vida um trainee gastronômico. Comecei trabalhando como auxiliar de cozinha em um restaurante aqui em Curitiba. Logo, decidi ir para a Argentina estudar culinária. Mas, ao invés de fazer o curso de chef, que durava dois anos, decidi fazer primeiro o de Confeitaria e Padaria, que durava apenas um. Foi uma escolha muito feliz!
Enquanto estava na Argentina, trabalhei como garçonete. Sempre achei que, pra um dia ser chef, primeiro eu precisaria aprender a fazer tudo, e fazer bem. Mas não trabalhei em um só restaurante, trabalhei em sete. Queria conhecer o modo de pensar de cada proprietário, cada gerente. Ver diversas possibilidades, para depois escolher a melhor. Na volta para o Brasil, encarei um cargo de gerência no Estofaria Bar, no Alto da XV. Também me matriculei em um curso de Gestão em Gastronomia, no Centro Europeu, e em um MBA em Gestão Estratégica de Negócios, na UFPR. Durante esse ano e meio no Brasil, fiquei cada vez mais profissional, mais entendida. Mas ainda faltava encontrar a cereja do meu bolo.
E, com todos os bolos e pãezinhos que eu aprendi a fazer, sabia que a minha praia estava mais pro lado dos cafés e casas de chá, ao invés de um restaurante. Até cheguei a pensar em fazer uma viagem para pesquisar cafés, ir morar um tempo na Colômbia. Mas meu coração me chamou pros chás. Quando morei em Buenos Aires, vi diversas casas de chás sendo inauguradas. Em São Paulo também já tem várias. Identifiquei o ramo como tendência e resolvi apostar. Se aqui em Curitiba, até neve tem, uma casa de chás não pode dar errado.
O que você espera encontrar nessa viagem?
O principal objetivo dessa viagem é fazer uma enorme pesquisa de mercado mundial. Vou fazer o máximo de cursos que puder. Em Londres, por exemplo, vou passar um dia inteiro com uma das maiores especialistas de chá do Reino Unido, Jane Pettigrew, que tem 13 livros publicados sobre o assunto. Na Turquia e na China, que são os países onde vou passar mais tempo, também pretendo fazer cursos de sommelier de chás.
Além dos cursos, estou com muita sede por conhecer e experimentar. Quero visitar todas as plantações de chás e outras ervas aromáticas que puder. Quero sentar, tomar um chá e comer um bolinho em todas as casas de chás que encontrar. Quero conversar, ouvir e aprender com todos os vendedores de especiarias e chás, todos os sommeliers, todos os bebedores. Quero sentar do lado da “chinesinha” e perguntar pra ela qual é o chá preferido dela, o que a bebida significa pra ela e qual é a receita mais deliciosa que ela já provou (estou estudando mandarim!). Quero me inspirar em todos os ambientes em que entrar, me inspirar na rua, na casa das pessoas que conhecer, em tudo o que estiver ao meu redor.
Com todos esses contatos, certamente vou encontrar fornecedores. Mas não pretendo servir nada que venha pronto. Na volta, vou montar meus próprios blends cheios dos sabores e experiências que essa viagem vai me trazer.

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