Bebidas
Destilaria de Morretes lança caipirinha em lata nos EUA
O drink mais tradicional do Brasil ganhou uma versão mais prática – só que não dá para comprar por aqui. Produzida pela destilaria paranaense Porto Morretes, a caipirinha de limão, açúcar e cachaça começou a ser vendida em lata nos Estados Unidos há quase dois anos, e já registra um crescimento de mais de 40% ao ano nas vendas. Chamada de Novo Fogo, a versão norte-americana é um pouco menos alcoólica que a original, mas o suficiente para conquistar paladares e ganhar sabores diversos como manga e maracujá.
A ideia de fazer uma caipirinha em lata surgiu há menos de quatro anos quando a destilaria paranaense uniu a sociedade com um representante nos Estados Unidos que já importava a aguardente de cana-de-açúcar produzida em Morretes. Segundo o fundador da empresa, Fulgêncio Torres, os sócios americanos apontaram que o mercado de bebidas prontas para o consumo estava em franco crescimento, e que a caipirinha tinha grande potencial.
“A nossa cachaça é consumida principalmente em coquetéis, por ser muito flexível com tantos outros ingredientes, e recentemente teve um ‘boom’ no consumo pelos americanos. Aí apareceu essa possibilidade de enlatar a caipirinha, na esteira do que diversas outras empresas vêm fazendo lá nos últimos anos”, explica. Ele ressalta que, diferente da vodca que é só etanol, a cachaça tem mais de 200 compostos que surgem durante a fermentação e a destilação, por isso que se tornou tão consumida nos Estados Unidos.
Gostinho diferente
Embora a caipirinha tenha conquistado parte dos paladares americanos, Torres conta que um brasileiro consegue sentir a diferença entre uma preparada aqui e a versão enlatada de lá. Isso porque o drink precisou passar por algumas adaptações – a começar pelos ingredientes.
“Toda a produção da caipirinha é feita nos Estados Unidos, apenas a cachaça usada é daqui do Paraná. Lá, nós tivemos de mudar o tipo de limão, a quantidade de açúcar, por conta da tendência de comidas e bebidas com uma quantidade menor de calorias, e o teor alcoólico – de 12% para 8%. E ainda adicionamos gás carbônico, a chamada ‘carbonatação’, para manter a caipirinha fresca como se tivesse sido preparada na hora”, esclarece o fundador da Porto Morretes. No entanto, o tipo de limão e a quantidade de açúcar usados não foram divulgados.
A cachaça exportada para os Estados Unidos corresponde a 70% da produção da destilaria de Morretes. Ela passa por um processo de filtragem antes de ser embarcada a granel para a finalização e envase do drink na cidade de Seattle. Lá ela é vendida a US$ 5 cada latinha de 200 ml (em torno de R$ 19). Neste verão norte-americano, que corresponde ao inverno brasileiro, foram lançados ainda os sabores manga e maracujá.
E no Brasil?
Fulgêncio Torres Viruel afirma que a caipirinha enlatada foi lançada primeiro nos Estados Unidos por uma questão de tendência de consumo, mas também por conta da alta carga tributária brasileira. Embora tenha planos de produzir por aqui também a partir do ano que vem, ele conta que tudo vai depender de como a economia vai avançar.
“Estamos em uma discussão bastante intensa com o governo do Estado para tentar flexibilizar as regras tributárias, este é o principal empecilho para lançar a caipirinha enlatada no mercado nacional. Lá com os americanos é muito mais simples, mas aqui eu não consigo nem pensar em quanto custaria por conta da complexidade da carga tributária aplicada em cada estado do país”, analisa. Além de Morretes, a destilaria também produz cachaça orgânica nas cidades de Tupãssi e Nova Aurora, no interior do Paraná. No entanto, a produção dessas duas últimas é voltada apenas ao mercado doméstico.
Mas Fulgêncio já adianta: se tudo correr como o planejado, a caipirinha em lata vendida no Brasil será ao gosto do brasileiro, mais alcoólica e com mais açúcar.