Bebidas
Melhor café do Paraná é de Cambira
O melhor café do Paraná vem de Cambira, próximo de Apucarana no Norte do estado. O grão produzido no Sítio Mori, do empresário Evilásio Shigueaki Mori, conquistou o 14° Concurso Café Qualidade Paraná 2016, na categoria Cereja Natural. A competição, que reúne os melhores produtores de cafés do Paraná, é promovido pelo governo do estado e a premiação foi realizada no final de outubro em Londrina.
A boa notícia para os curitibanos é que não precisa ir até Cambira para tomar uma xícara do premiado café. O grão é torrado e usado pelo barista Leo Moço, da torrefação artesanal Café do Moço e da cafeteria Barista Coffee Bar, em Curitiba. Do lote vencedor são apenas duas sacas de 60 kg disponíveis na casa. Mas o barista serve outras bebidas (a partir de R$ 5) feitas com grãos do mesmo produtor. A cafeteria vende também pacotes com o blend (R$ 17,50, 250 g).
O lote vencedor foi escolhido entre 43 produtores finalistas. Os degustadores analisaram dez quesitos como limpeza da bebida, corpo, sabor, acidez, aroma, uniformidade, doçura, além de atribuírem uma nota pessoal. O premiado grão foi usado por Leo Moço em junho, quando o barista competiu no campeonato mundial na Iralnda. Carioca radicado na capital paranaense, Moço é bicampeão brasileiro (2013 e 2015).
O Sítio Mori fica no distrito de Gleba Dourados, região que tem um microclima favorável para a produção de cafés especiais. “Esse é o resultado de muito trabalho e dedicação, e interesse em dominar o assunto. Podemos mostrar para outros produtores — pequenos, médios e familiares — que o café especial é muito viável”, explica Mori.
“O Paraná já é reconhecido como um produtor de cafés de alta qualidade, embora tenha havido redução de áreas nos últimos anos e a produção seja pequena, comparada com outros estados”, diz o economista Paulo Sérgio Franzini, da Câmara Setorial do Café, e coordenador do concurso. “Os cafeicultores hoje buscam a qualidade para sobreviver na atividade em pequenas áreas, pois a maioria dos participantes é da agricultura familiar”, afirma.
O concurso
O concurso Café Qualidade Paraná engloba quatro categorias, divididas entre café natural e cereja descascado, e os pequenos agricultores familiares competem com microlotes. Na última etapa estavam na disputa 26 lotes de café natural e 17 de cereja descascado. Ao todo foram mais de 240 concorrentes.
Mulheres premiadas
O concurso premiou ao todo 20 produtores nas quatro categorias: três prêmios foram conquistados por mulheres. O destaque foi a cafeicultora Ceres Trindade de Oliveira Santos, de Joaquim Távora, que venceu pelo segundo ano consecutivo na categoria microlote. “O segredo é dedicação, muito cuidado que vai do manejo da lavoura até o processo de colheita e secagem”, explica.
As outras empresárias premiadas foram Flávia Jacob Saldanha Rodrigues, de Jacarezinho, e Laura Inocência de Freitas, de Tomazina.
Cafés especiais
Até a geada negra, em julho de 1975, o Paraná era um dos maiores produtores mundiais de café commodity, ou seja, grãos de baixa qualidade destinados à grande indústria. Nos últimos anos, cada vez mais empresários têm investido na produção de cafés especiais, assim chamados por terem uma qualidade elevada. Para ser definido tal, o café deve atingir pelo menos a pontuação de 80 na escala até 100 da SCAA – Specialty Coffee Association of America.