Bebidas
Cervejaria de Curitiba vai servir rótulo em 1,5 mil pubs da Inglaterra
As notícias da cena cervejeira de Curitiba correm além-mar. A cervejaria Marston’s Brewery, da cidade de Burton-On-Trent, na Inglaterra, convidou a curitibana Bodebrown para produzir 160 mil litros do estilo Burton Pale Ale. O rótulo se chamará Bodebrown/Banks Brazilian Burton Pale Ale e será distribuído em 1.500 pubs britânicos controlados pela Marston’s Brewery.
Em 2015, a Bodebrown havia lançado uma versão desta cerveja inglesa no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau. Ao final de 2016, os ingleses se interessaram pelo resgate feito por uma cervejaria de um país tropical e convidaram os irmãos Paulo e Samuel Cavalcanti, mestres-cervejeiros e sócios da Bodebrown, para produzirem o estilo em sua cidade de origem – e com um ingrediente que falta em Curitiba: a água de Burton, mais rica em minerais, especialmente cálcio.
“Esta é a mãe de todas as Pale Ales que conhecemos hoje. Antes de inventarmos em cima dos estilos existentes, precisamos voltar às origens e resgatar as primeiras versões”, explica Samuel, que parte junto do irmão na noite de quinta, 16, para a Inglaterra. Este é o terceiro convite que a Bodebrown recebe de cervejarias britânicas desde sua inauguração, em 2009. O o primeiro foi com a inglesa Adnans Brewery e o segundo, com a escocesa Caledonian Brewery.
Ao servir a cerveja nos pubs ingleses, o estabelecimento vai entregar um “minipassaporte” com informações sobre Curitiba. A previsão é que os primeiros 48 mil litros fiquem prontos próximo a 20 de março. Ainda não há data para a cerveja chegar a Curitiba, mas a proposta da Bodebrown é importar de 100 a 150 mil litros e distribuir em growlers e servir em bares da cidade.
Com 5% de teor alcoólico, a Burton Pale Ale é uma viagem no tempo. “No século 19, as cervejas apresentavam entre 3 e 7% de teor alcoólico. Atualmente produzimos cervejas de 18%, 21%, mas na época as leveduras não suportavam um teor alcoólico tão alto. O cenário é como se entrássemos em uma máquina do tempo e pudéssemos beber esta cerveja”, explica Samuel. A cerveja histórica surgiu em uma época em que os maltes eram mais escuros e conferiam notas de tostado e torrado, como biscoito, castanha, nozes e café a estilos como Brown, Pales e Stouts. “A Burton Pale Ale usava um malte mais claro e por isso apresenta notas mais suaves, com dulçor mais presente e uma característica de pão levemente assado”, descreve.
A Marston foi uma das primeiras cervejarias inglesas a comercializar o estilo Burton Pale Ale. E a História guarda coincidências surpreendentes. Ao começar os estudos sobre o estilo, em 2014, Samuel escolheu o lúpulo Saaz, trazido por Paulo da República Tcheca, no lugar de um lúpulo inglês para produzir a Burton Pale Ale. “Escolhi este lúpulo por causa dos florais. Esta é uma cerveja considerada mais limpa em aromas, com um leve herbal e floral”, diz Samuel. Quando a Marston perguntou sobre a receita da Bodebrown, Samuel receou desapontar o interlocutor revelando o uso do produto checo. “Então eles me disseram que em 1834, quando começaram a comercializar a Burton Pale Ale, o lúpulo inglês era escasso e importavam o checo Saaz para produzir a mesma cerveja”, divertiu-se ao contar.
Enquanto a versão gringa não chega à capital paranaense, a versão brasileira da Bodebrown foi “corrigida” para ser relançada no Growler’s Day na sexta, 17 de fevereiro. “Há pouca diferença da Burton Pale Ale da Bodebrown de 2017 para a de 2015. É a mesma levedura, mas corrigimos processos. Adicionamos o lúpulo Saaz de forma mais fresca e do ponto de vista sensorial, tem uma pequena nota sulfurosa ao fundo. O dulçor do malte e o floral do lúpulo estão mais evidentes”, compara Samuel. O rótulo nacional também será servido na edição do Beertrain em 6 de março e será levada ao Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau, no dia 8 de março.
***
LEIA TAMBÉM