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Bebidas

Seis grandes Barolos

Guilherme Rodrigues
03/09/2014 06:00
Os grandes Barolos são vinhos para beber de joelhos. Dentre os maiores tintos do mundo, orgulham a vinicultura italiana como seu maior vinho: nobre, sofisticado, da mais alta costura e com personalidade própria, do terroir, muito bem marcada. No passado eram famosos pela dureza na juventude, necessitando décadas de estágio para arredondarem. Atingindo o sublime na maturidade. Felizmente, com os recursos da enologia moderna, trabalhos e seleção nas vinhas, já
nascem bem acessíveis ao gosto, sem prejuízo da capacidade de longo envelhecimento.
Duas escolas se digladiam na região, nos últimos 40 anos. A tradicionalista e a moderna. A primeira submete o mosto a extrações muito longas e estagia os vinhos em grandes barris ovalados de madeira em geral eslovena e usada, os famosos botti. A moderna faz como em Borgonha ou Bordeaux, com extração mais curta e envelhecimento em barris menores de carvalho francês. Hoje há uma tendência à síntese, à utilização por um vinicultor de dada escola, de alguns meios da outra vertente. Seja como for, os Barolos estão cada vez mais grandiosos, obrigatórios nas adegas e mesas dos grandes conhecedores de vinhos.
O terroir secular é composto pela casta Nebbiolo, empregada isoladamente, cultivada na região demarcada do Barolo, no Piemonte, sobre uma formação de colinas de solo argilo-calcário. Dentro dela, diversas sub-regiões, com nuances diversas para os vinhos. São dois vales principais: Serralunga (comunas de Castiglione, Falletto, Monforte e Serralunga d’Alba), com vinhos mais potentes; e Central (comunas de Barolo e La Morra), com tintos mais elegantes e perfumados. A principal cidade é Alba, fora mas bem próxima do limite da denominação de origem. Ali também fica o paraíso das trufas brancas, as melhores do mundo.
Selecionamos 12 grandes Barolos, de diversos preços e das variadas escolas enológicas para mostrar aos amigos do Bom Gourmet. Todos excelentes. Apresentamos a seguir os campeões. Entre os maiores vinhos do mundo, o preço da garrafa pode ascender de mil reais. Mas há grandes rótulos acessíveis, como o leitor poderá constatar. A prova transcorreu às cegas, no Madero-Durski, em copos balão tipo Bordeaux, em amostras numeradas, sem que os provadores conhecessem antecipadamente o rótulo ou origem. O serviço impecável foi realizado pelo renomado sommelier Addison Dupczak. Os vinhos agradecem bom arejamento e temperatura em torno de 17 graus C. Após a degustação, vieram à mesa os perfumados e suculentos assados únicos do Madero. Além deste redator, participaram da prova os experientes degustadores Flávio Bettega, João Manoel Garcia e Luiz Carlos Zanoni.

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Guilherme Rodrigues é advogado, enófilo, membro de importantes confrarias internacionais. Dedica-se ao estudo e à degustação de vinhos há 25 anos.