Bebidas
SP ganha bar de drinks com destilados e ingredientes orgânicos
Quem só come produtos orgânicos e gosta de sair de casa para tomar um bom drinque com destilados gostaria de algo do gênero. Na noite desta segunda, 27, abre oficialmente o bar que se intitula o primeiro 100% orgânico no estado de São Paulo, o Viva Bem, em São Caetano do Sul.
Além de vinhos vivos e cervejas artesanais, bem mais comuns em lojas de produtos naturais e bares tradicionais, o bar terá uma lista de coquetéis e caipirinhas preparados com gim, vodca e cachaça de produção certificada. As bebidas orgânicas são produzidas a partir de matéria-prima cultivada sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos.
O bar é a realização de um sonho da proprietária, Marcia Munhoz. “Me alimento bem, com o maior cuidado, só de produtos orgânicos. Quando bebia fora de casa um vinho ou um drinque me imaginava tomando uma sopa de agrotóxico. Por isso pensei em fazer um bar especial, para quem tem esse perfil poder sair de casa e encontrar bebida de acordo com seu padrão de consumo”, diz.
“Nossos coquetéis são 100% orgânicos. Destilados e especiarias da nossa mercearia, frutas da nossa quitanda. Escolhemos revisitar os drinques clássicos e demos nosso toque especial”, conta Marcia.
O destaque do local é o que leva o nome da casa, feito com gim com infusão de cúrcuma, kombucha (bebida probiótica), adoçado com calda de gengibre e estévia (edulcorante natural) e finalizado com especiarias, que sai por R$ 26.
Entre os clássicos, Bloody Mary, com suco de tomate orgânico, limão e sal defumado, por R$ 29; caipirinhas com cachaça ou vodca, frutas e especiarias, variando de R$ 24 (cachaça) a R$ 26 (vodca), e o gim-tônica, com limão e especiarias, por R$ 26. As preparações usam várias cachaças, a vodca da marca Tiiv e o gim Vitória Régia, orgânicos nacionais.
“Mais de 15% da população é adepta a esse estilo de vida que prioriza produtos naturais e orgânicos. O bar é para essas pessoas, com opções orgânicas, veganas, vegetarianas e para pessoas intolerantes à lactose e ao glúten“, diz.
Comerciante por acaso
Psicóloga de formação, Marcia fez macrobiótica e depois adotou uma dieta de alimentos orgânicos. Quando o filho quis montar um negócio de produtos naturais, ela aconselhou: melhor focar exclusivamente nos orgânicos e biodinâmicos, “o futuro da alimentação”. Depois de pesquisar fornecedores pelo Brasil, abriram juntos um empório , em 2011. Pouco tempo depois, porém, o filho desistiu do comércio.
“Fiquei com a batata quente – orgânica – na mão”, brinca. “Foi aí que minha veia de comerciante acordou”, conta. Do empório, saiu a quitanda e da quitanda veio a necessidade de processar os alimentos. Nasceu um bistrô. Agora, em um espaço mais amplo, o negócio vira bar e restaurante.
“A empresa tem crescido de 25% a 28% ao ano e eu estava há tempos buscando um local maior. Para fazer o bar e o restaurante, passamos de 100 metros quadrados para 600 e multiplicamos por 5 o número de funcionários”, diz. “São Caetano está mudando de perfil. Tem um IDH alto, mas era provinciana. Agora, pessoas que moravam fora estão voltando, antenadas com alimentação saudável”, diz.
“Exceto o pioneiro, em Porto Alegre, não conheço nenhum outro bar completamente orgânico como o nosso. Mas não achei arriscado abrir. Quem chega primeiro bebe água limpa. Esse mercado cresce 30% ao ano no Brasil”, diz.
Bar orgânico em Porto Alegre
O pioneiro bar 100% orgânico, Espontâneo, de Porto Alegre, abriu suas portas em setembro de 2015.
Marcos Delgado e Pietro Rocha, os fundadores, já organizavam uma rede de consumo colaborativo, a Triboviva, quando tiveram a ideia de servir comida e bebida, usando ingredientes oriundos de agricultura familiar local e orgânicos.
As caipirinhas, feitas com cachaça gaúcha Velho Alambique, de Santa Tereza, desde o começo fizeram sucesso. Com o passar dos anos, porém, a comida foi ganhando mais destaque entre os frequentadores, conta Delgado, atualmente o único proprietário.
“Nossas pizzas viraram o carro-chefe do Espontâneo”, diz. Com massas orgânicas e integrais, algumas das receitas levam “embutidos coloniais”, que não são orgânicos, no topo. A preocupação com os insumos locais fala mais alto.
Na carta de drinques, além das caipirinhas, entre R$ 15 a R$18, há a cerveja orgânica Steinhaus, produzida pela Coopernatural, também gaúcha.
Bebidas orgânicas
O aumento da demanda por produtos saudáveis e as exigências de proteção ao meio ambiente favorecem o consumo dos orgânicos em geral. O Brasil é o quinto maior mercado do mundo.
Depois de invadirem os pratos, os orgânicos estão crescendo nos copos. O país é o sétimo no consumo de bebidas orgânicas.
O mercado dos vinhos orgânicos já é significativo e o das cervejas vem crescendo com a pulverização das produções artesanais. A oferta de cachaças orgânicas também é alta, com mais de 15 marcas no mercado.
A primeira vodca orgânica do país, a Tiiv, chegou ao mercado em 2016. É produzida em Taquaritinga, no interior de São Paulo. E, no ano passado, foi lançado o primeiro gim orgânico do país, o Vitória Régia, produzido pelo grupo Carmosina. Feito de cana de açúcar orgânica, tem quatro processos de infusão com orgânicos: zimbro, semente de coentro, cardamomo e limão. Apesar da infusão de pimenta Jamaica, que não é orgânica, o produto ganha o selo, por ter 97% de ingredientes desse tipo.
VIVA BEM – rua Piauí, 700, bairro Santa Paula, São Caetano do Sul, SP.
ESPONTÂNEO – rua Cabral, 301, bairro Rio Branco, Porto Alegre, RS.
ORGÂNICOS NO BRASIL
Faturamento de R$ 3 bilhões em 2017;
Cerca de 15 mil produtores;
15% da população brasileira se diz adepta ao veganismo;
Mais de 500 mil toneladas de alimentos orgânicos em 2017;
Expectativa de crescimento de 30% ao ano
Fonte: Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis).
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