Bebidas
Alvarinhos e Albariños
Os brancos com a uva Alvarinho tornaram-se ícones universais. Convém notar que a casta já era cultivada, e seus vinhos muito estimados, há séculos nas regiões do Minho (Portugal) e Galícia (Espanha), ambas vizinhas e muito conhecidas pelos pescados. O vinho principal por ali é o branco, de diversas castas: Vinho Verde no Minho e branco simplesmente na Galícia. São refrescantes, estimulantes, de boa acidez, perfumados. Vão às mil maravilhas com os lavagantes, caranguejos, polvos, lulas, rodovalhos, robalos (bar), percebes e toda a cornucópia marítima, que naquela região atinge os melhores sabores do mundo. De todos esses vinhos regionais, marítimos, do Minho e Galícia, desponta com maior nobreza o Alvarinho, chamado Albariño na Espanha. A casta difundiu-se e hoje em dia há alvarinhos na Califórnia, Austrália, América do Sul, inclusive no Brasil.
A cor em geral é pérola ou palha clara. São perfumados mas sem exagero. Devem ser intensos, e ao mesmo tempo leves, sem pesar, mas sim estimulantes, refrescantes, sápidos, de dar água na boca. O frutado delicioso e fresco lembra pêssegos, pomelo, zest de tangerinas, tem o famoso toque “tangy”. Devem ter boa mineralidade . Tem excelente presença em boca, corpo vivaz, cheio e profundo. Raramente possuem agulha, são na verdade vinhos brancos secos, como os melhores do mundo; e não no estilo usual dos vinhos verdes, com as leves e esfumaçadas borbulhinhas.
O serviço deve ser em copos de vinho branco, não muito largos, a cerca de 10ºC de temperatura . Suportam bem 3 a 5 anos de vida, mas o ideal é aproveitar o fulgor da juventude. Se no rótulo não tiver a safra, no contra rótulo deverá constar.
A prova foi conduzida às cegas, no novíssimo restaurante Alfredo’s Gallery. O serviço perfeito foi realizado pelo sommelier Cesar Simbala. Após a degustação, o talentoso chef Marcelo Oliveira serviu algumas inspiradas entradas: figo e mussarela de búfala, carpaccio de polvo e pêssego com prosciutto Parma e parmesão. A seguir o emblemático e riquíssimo Fettucine à Alfredo. De sobremesa, uma refrescante e leve cassatina de frutas.
Sem preconceito contra os brancos
Alguns dos melhores vinhos que já provei na vida foram brancos. Das maiores satisfações à mesa é desfrutar de um bom prato de um fruto do mar com um belo e refrescante vinho branco. Sem esquecer que não existe bebida tão estimulante. Por que, então, muita gente ainda nutre má vontade com os vinhos brancos ?
No passado era uma questão de esnobismo de ignorantes: dizia-se que tintos eram para apreciadores, brancos para mulheres e rosés para americanos … Não podia haver bobagem maior. Atualmente, os Estados Unidos são o maior mercado de vinhos do mundo ( 60 bilhões de dólares por ano), especialmente vinhos finos: só em Bordeaux de luxo, cerca de US$ 1 bilhão por ano. As mulheres sempre provaram muito bem e atualmente consomem e desfrutam dos vinhos em pé de igualdade com os homens.
Penso que a causa da má vontade é que a má qualidade dos brancos aparece mais fácil do que nos tintos. O vinho branco é mais difícil e crítico: tanto para elaborar, como para guardar e provar. Esse problema tem sido atenuando pela evolução da enologia. Cada vez é menor a quantidade de brancos mal feitos . Vale a pena um esforço para vencer o preconceito, provar os rótulos e descobrir os brancos de que mais gosta. Abrir um bom branco é um prazer inigualável, sinônimo de bom gosto e conhecimento.









