Bom Gourmet
Conheça os bartenders de Curitiba que fizeram história na coquetelaria brasileira em 2025

Ariel Todeschini, Leo Oliva e Alieksey Machinsky, principais destaques da coquetelaria nacional em 2025 são de Curitiba. Crédito: Divulgação.
Guilherme Lima é o mais novo destaque da coquetelaria curitibana. Em novembro, ele foi o grande vencedor do The Next Bartender, competição do Bom Gourmet que celebrou as novas promessas da mixologia da cidade que tem se consolidado como referência nacional.
No embalo da competição, conheça os bartenders de Curitiba que, em 2025, fizeram história e fixaram a capital no mapa da coquetelaria brasileira e internacional.
Ariel Todeschini

Natural de São Lourenço do Oeste (SC), Ariel, 30 anos, construiu boa parte de sua trajetória na coquetelaria em Curitiba, passando por diversas casas da cidade até chegar ao seu novo momento profissional à frente do seu próprio bar recém-inaugurado, o Testarossa ("cabeça vermelha", em italiano, cuja principal referência é a Ferrari Testarossa, mas que pode ser uma referência ao fato do seu dono ser ruivo).
Mas o Testarossa não veio sozinho. A inauguração coroa um ano em que Ariel ultrapassou as fronteiras de Curitiba ao conquistar o título de campeão do World Class Brasil 2025, etapa nacional de uma das maiores competições de coquetelaria do mundo, em junho. O feito definitivo – ele já havia chegado entre os finalistas no ano passado – o levou a representar o país na etapa mundial da competição em outubro.
O resultado é parte de uma trajetória de anos. Desde jovem, Ariel começou a trabalhar em bares no interior, mas teve seu ponto de virada quando entendeu que a coquetelaria poderia ir além de uma fonte de renda. “Eu entendi que a coquetelaria era uma linguagem, um jeito de expressar cultura e impactar pessoas. Participar dos campeonatos e conhecer profissionais que me inspiram foi decisivo para enxergar um potencial na profissão”, comenta.
Ser campeão do World Class Brasil 2025 é um marco em sua carreira, especialmente pelo nível da competição e pelo reconhecimento que ela traz. Mas, para Ariel, as conquistas mais significativas vão além dos troféus e representam a consolidação de uma identidade própria atrás do balcão, marcada por vitórias como o Coffee in Good Spirits Brasil em 2018 e a final do Bacardi Legacy. “Sou um bartender que busca equilíbrio entre propósito e técnica. Gosto muito de criar, mas também valorizo muito a gestão, a formação de equipe e a entrega de experiência”, compartilha.
Nos últimos anos, Ariel ampliou sua atuação, levando seu conhecimento para além dos bares. Por meio de projetos de consultoria e gestão, tem ajudado a desenvolver novos espaços e a abrir caminhos para outros profissionais do setor, fortalecendo a cena curitibana de coquetelaria. “Tem uma geração nova super talentosa, novos bares ganhando força e uma valorização maior da identidade local. Vejo também uma busca mais consciente por hospitalidade”, comenta.
O que mais atrai Ariel na coquetelaria são as oportunidades de criar experiências que conectam técnica, sabor e afetividade. “Gosto do equilíbrio entre precisão e criatividade, e de como o bar é um ponto de encontro entre pessoas, culturas e ideias. E mais do que tudo, me atrai o potencial de transformação social que a nossa indústria carrega.”
Como drink favorito, o bartender comenta que varia muito de acordo com o contexto. Mas, se tivesse que escolher um, seria o Manhattan (uísque, vermute doce e bitters), por conta da elegância, intensidade e equilíbrio. “É o tipo de coquetel que respeita a tradição, mas que também permite variações sutis de acordo com o perfil de quem prepara”, complementa.
A abertura do Testarossa marca o início de uma nova etapa, que reúne tudo o que ele construiu até aqui: repertório, visão e maturidade profissional – agora traduzidos em um espaço que reflete sua própria trajetória na coquetelaria.
Leo Oliva

Leo Oliva tem 28 anos, é natural de Petrópolis, serra do Rio de Janeiro e atua há dois anos no ramo da coquetelaria e há oito no universo dos cafés especiais. Sua entrada no bar foi motivada por um campeonato: ele é o campeão nacional de 2025 do Coffee in Good Spirits, a mesma competição que Ariel venceu em 2018 e que celebra os melhores preparos de bebidas alcoólicas com café.
Em 2023, em busca de aprimorar seus conhecimentos e se preparar melhor para o campeonato, Leo pediu uma oportunidade de trabalhar no Mykola Bar, de Alieksey Machinsky (veja mais abaixo), com o intuito de ganhar experiência de balcão. “Eu nunca tinha trabalhado em bar. Tudo o que sabia vinha do que estudava por conta própria, com livros, bebidas, conversas de balcão e minhas garrafas em casa. Nunca tinha vivido a rotina de um bar de verdade. Então bati na porta do Mykola e pedi pra alguém me ensinar. Isso foi há dois anos, quando entrei lá como bartender e comecei a me desenvolver”, conta Leo.
Em junho deste ano, o “baristender”, como se define pela união entre barista e bartender, representou o Brasil na etapa mundial do Coffee in Good Spirits. Na ocasião, apresentou uma analogia entre a produção da cachaça brasileira e a do café. “Foi minha primeira vez fora do país, então tudo era novidade. Não cheguei à final, mas fiquei muito satisfeito com meu desempenho. Consegui apresentar o que queria, falar sobre as brasilidades e os sabores brasileiros. Foi incrível poder representar o país e mostrar um pouco de nós para o público de fora”, comenta.
Mesclando o universo do café e da coquetelaria, Leo comenta que o que mais o atrai no setor é a hospitalidade. “Na coquetelaria, a arte de servir e gerar experiências para quem está do outro lado do balcão é muito mais intensa, mais viva e prioritária. Claro que isso também é vivido no café, mas nunca foi tão intenso quanto eu tive no bar. E quero trazer isso junto aos baristas”.
Fora do balcão, Leo confessa ter dificuldade em escolher um coquetel favorito, mas no momento se inclina por aqueles de perfil mais vínico e amargo, como o Old Hickory Cocktail, que é uma mistura de vermutes secos e doces com bitters.
Alieksey Machinsky

Aos 34 anos, nascido em Curitiba, Alieksey atua na coquetelaria desde 2019. O interesse pela área surgiu no ano anterior, quando trabalhava em uma companhia de teatro e, para complementar a renda, abriu com amigos um café em frente ao teatro. Com o tempo, o espaço passou a funcionar também como bar, e foi ali que ele teve o primeiro contato com o universo dos drinks.
Incentivado por amigos bartenders, começou a aprender técnicas, se apaixonou pelo ofício e decidiu se especializar. O teatro acabou fechando, mas o encanto pela coquetelaria permaneceu. Foi então que ele decidiu investir de vez na área e foi para a Irlanda, onde fez cursos e trabalhou em bares e destilarias de whisky, uma das experiências mais marcantes da sua carreira.
Em 2019, inaugurou o Mykola Bar, que começou como uma “portinha”, com capacidade para apenas 12 pessoas e uma equipe enxuta. “Abrir o bar foi muito significativo para mim, porque pude aplicar tudo o que vinha estudando e planejando sobre coquetelaria”, afirma. Além da criação de drinks autorais, o bartender também celebra as conquistas do lado empreendedor, como o aumento da demanda e a mudança para um espaço maior.
“Quando você para de comprar, por exemplo, uma garrafa de Campari por semana e passa a comprar sua primeira caixa direto do fornecedor, é uma baita conquista”, comenta. Nos últimos anos, o Mykola ganhou destaque no cenário nacional, conquistando a 49ª posição na lista dos 100 melhores bares do Brasil, da Exame 2025.
Na coquetelaria, uma das coisas que Alieksey considera mais atraente é a possibilidade. Entre as combinações que mais chamam sua atenção, estão as que exploram insumos brasileiros. Um exemplo é o coquetel apresentado na Campari Bartender Competition 2025, no qual se consagrou campeão nacional e avançou para a fase latino-americana, utilizando o maracujá como destaque. “É um ingrediente 100% brasileiro, mas o mundo inteiro usa. Aqui no Brasil, às vezes esquecemos disso e tratamos o maracujá como se fosse algo comum, sem lembrar o quanto ele é nosso”, diz.
O bartender compara a coquetelaria ao teatro, ressaltando a importância de contar histórias por meio dos insumos e das técnicas. “Se você não transmite nada através do seu coquetel, ele é vazio, e a experiência do cliente também”. Apesar da criatividade nas criações autorais, ele defende o respeito aos clássicos, destacando que dominar as bases é essencial para inovar.
Do outro lado do balcão, Alieksey prefere coquetéis carbonatados e longos, estilo que também marcou suas criações na Campari Bartender Competition. Entre os clássicos, um dos favoritos é o Blood and Sand, mistura de vermute rosso, suco de laranja, licor dinamarquês de cereja e whisky escocês defumado.
Gabriel Bueno

Com 29 anos de idade, Gabriel Bueno também se destaca no cenário da coquetelaria curitibana. Com mais de 10 anos de experiências e passagens pelo Ponto Gin e pelos atuais La Boca e Céu, ostenta o título de finalista de duas edições do World Class Brasil, maior competição de coquetelaria do mundo, ficando entre os 20 melhores do país, em 2024.
Neste ano, foi um dos vencedores da categoria “Pra ficar de olho” do Prêmio Bom Gourmet 2025, em que o Comitê especializado nomeia profissionais e negócios que estão ganhando destaque na cena gastronômica local. Além disso, Gabriel foi um dos mentores do The Next Bartender.

