Casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas refletiram nos hábitos de consumo em Curitiba – pelo menos nos últimos dias, fora de casa. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), os bares da capital paranaense registraram uma queda de 30% nas vendas de destilados neste fim de semana. Em contrapartida, a procura por vinhos e cervejas cresceu em 40%.

Essa mudança foi sentida por Matheus Krauze, proprietário do Bar Jataí. O empresário afirma que, além do aumento na procura por cervejas e vinhos, os clientes também têm preferido bebidas que não ficaram associadas aos casos de intoxicação por metanol.

"Entre quem continuou consumindo destilados, a vodka e o whiskey tiveram uma redução maior. O Aperol Spritz [coquetel à base de Aperol, um licor de laranja amargo e ervas, e espumante prosecco] foi uma bebida que saiu muito ainda. Acredito que, pela sua composição, ela não tenha sido relacionada aos problemas", conta.

Todos os casos de intoxicação por metanol registrados até o momento vieram do consumo de bebidas destiladas. Segundo as investigações realizadas pela Polícia de São Paulo, a contaminação aconteceu em fábricas clandestinas.

As principais hipóteses levantadas sugerem que o metanol pode ter sido adicionado por engano no processo de destilação, ou ter sido usado para higienizar garrafas recicladas. De qualquer forma, o que se tem apurado é que as bebidas comercializadas não eram originais. A recomendação do Ministério da Saúde é que consumidores evitem bebidas destiladas, especialmente incolores, que não tenham certeza absoluta da origem.

Vários estabelecimentos de Curitiba têm ido às redes sociais para tranquilizar seus clientes, garantindo que seus produtos vem de fornecedores homologados e confiáveis. Mesmo assim, alguns consumidores ainda não se sentem seguros para consumir destilados fora de casa.

Para o estudante Felipe Azambuja, voltar a consumir este tipo de bebida só seria uma possibilidade após uma redução no número de casos. "Os bares podem comprar em um lugar confiável, mas não temos como saber de terceiros. Há muitos pontos na cadeia em que algo pode dar errado", diz.

Enquanto as investigações continuam, Krauze tem aguardado para publicar um posicionamento em suas redes. "Temos total certeza e garantia dos produtos que utilizamos. Trabalhamos direto com a indústria e marcas locais, então conhecemos a procedência e os processos. Mas, como ainda não sabemos a origem do problema, estamos esperando para se posicionar", explica.

Nesta terça-feira (07), foi confirmado mais um caso de intoxicação por metanol em Curitiba, totalizando três pacientes diagnosticados no estado – todos homens, moradores da capital, que seguem internados sob cuidados médicos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou ainda que casos em Foz do Iguaçu, Cruzeiro do Oeste e Ponta Grossa foram descartados, enquanto outros dois seguem em investigação, em Maringá e Toledo. O órgão emitiu nota técnica às Regionais de Saúde para reforçar o monitoramento e a notificação compulsória dos casos suspeitos.