Bom Gourmet
Babilônia completa 20 anos de olho no futuro sem abrir mão do passado
A proposta era ousada: um restaurante aberto 24h, com todo o cardápio disponível sem distinção de horário em um espaço sofisticado e confortável, com outros negócios acontecendo simultaneamente. Quando há 20 anos, no dia 9 de novembro de 2003, os irmãos Marcelo e Carlos Eduardo Woellner Pereira abriram o Babilônia Gastronomia & Cia, sabiam que o passo dado era quase provocador. Mantiveram a proposta da operação sem interrupção por 18 anos, até que a covid-19 revirou a dinâmica de funcionamento de todo o planeta. Era preciso estar atento às mudanças de comportamento e hábitos de consumo pós-pandemia.
Então o restaurante se adaptou à nova realidade e, agora, em um projeto de rebranding sem perder seu DNA, olha para o futuro. As duas décadas bem vividas, que fizeram da casa uma referência na fervilhante cena gastronômica curitibana, são uma prova de que a ousadia deu certo. Os irmãos receberam amigos e familiares para celebrar os 20 anos do restaurante no último dia 9 de novembro.
O rebranding que marca o aniversário do Babilônia propôs mudanças na fachada, na decoração, no cardápio e no modelo de atendimento, com objetivo de se preparar para os próximos 20 anos. É que Marcelo e Carlos não querem parar no tempo. A ideia é manter os clientes fiéis e atrair novas gerações de consumidores, atentas ao que acontece pelo mundo e em busca de novas experiências e possibilidades. “Foi sem dúvida nenhuma a intervenção mais significativa que fizemos no restaurante”, afirma Marcelo. Mais do que apenas comemorar, o alvo do projeto, que começou a tomar forma em janeiro de 2022, é fazer do espaço confortável e aconchegante instalado no número 541 da Alameda Dom Pedro II, no Batel, algo contemporâneo, conectado às mudanças de comportamento. O trabalho foi assinado pelo escritório GH&A, especializado em design de consumo.
O rebranding preservou a essência do restaurante e a
vocação para a inovação sem abrir mão do conforto de quem frequenta o espaço há
duas décadas. Como a já tradicional mesa de empresários e profissionais que se
reúne todas as quintas-feiras, desde a inauguração, e que aprovou o resultado.
vocação para a inovação sem abrir mão do conforto de quem frequenta o espaço há
duas décadas. Como a já tradicional mesa de empresários e profissionais que se
reúne todas as quintas-feiras, desde a inauguração, e que aprovou o resultado.
Uma das novidades deste novo momento do Babilônia é a
primeira franquia de drinks engarrafados de Curitiba, a APTK, que ganha espaço
próprio dentro do ambiente remodelado do restaurante. A marca do bartender
paulistano Alê D’Agostino reúne 30 rótulos, entre eles a versão engarrafada do
novaiorquino Cosmopolitan, o drink a base de vodca, licor e sucos de cranberry
e limão que ganhou o mundo na série Sex and the City. “Trazer a APTK,
com produtos de alta coquetelaria, tem muito a ver com esse novo público”, define
Marcelo.
primeira franquia de drinks engarrafados de Curitiba, a APTK, que ganha espaço
próprio dentro do ambiente remodelado do restaurante. A marca do bartender
paulistano Alê D’Agostino reúne 30 rótulos, entre eles a versão engarrafada do
novaiorquino Cosmopolitan, o drink a base de vodca, licor e sucos de cranberry
e limão que ganhou o mundo na série Sex and the City. “Trazer a APTK,
com produtos de alta coquetelaria, tem muito a ver com esse novo público”, define
Marcelo.
No cardápio, há mais ofertas de petiscos e porções menores,
assim como novos pratos. Os clássicos continuam: “mantivemos a base do
cardápio, os best sellers, os mais conhecidos”, explica Marcelo. Entre eles,
seguem no menu o Mignon Babilônia, o Frango Dijon, o sanduíche Ambulante de
Mignon – o mais vendido nas madrugadas, relembra o empresário – a salada Capri
e o Carpaccio de Salmão.
assim como novos pratos. Os clássicos continuam: “mantivemos a base do
cardápio, os best sellers, os mais conhecidos”, explica Marcelo. Entre eles,
seguem no menu o Mignon Babilônia, o Frango Dijon, o sanduíche Ambulante de
Mignon – o mais vendido nas madrugadas, relembra o empresário – a salada Capri
e o Carpaccio de Salmão.
O começo
Em 1995, Marcelo e Carlos adquiriram uma pequena empresa de refeições coletivas que atendia ao mercado corporativo. “Sofremos horrores nos primeiros três anos”, recorda Marcelo. “Queríamos dar a empresa para alguém, trocar por uma vitrola”, brinca, sobre as dificuldades da época. Como não havia plano B, insistiram até gerar bons resultados. Três anos depois, entraram de sócios no Comendador Grill, restaurante ainda em atividade na Comendador Araújo, hoje com um antigo sócio dos irmãos.
Em 99, inauguraram o Leonardo, no hotel Mercure da rua Alferes Ângelo Sampaio. E começaram a curtir a ideia de trabalhar propostas diferentes. Um ano depois, foi a vez de abrirem a pizzaria Carolla. Para o empreendimento, foram a outros estados buscar referências e trouxeram um italiano que treinou os pizzaiolos. “A ideia era sofisticar a pizza”, recorda.
Sem fechadura
Quando encontraram o imóvel da Dom Pedro II, surgiu a vontade de ir além. “Alugamos sem saber o que fazer”, assume. A ideia de algo que não fechasse veio da observação das lojas de conveniência dos postos de combustíveis, que estavam sempre lotadas durante a madrugada, e de carrinhos de cachorro-quente, que reuniam adeptos mesmo tarde da noite.
O modelo adotado teria como uma das referências o restaurante carioca Garcia & Rodrigues que, inspirado em complexos gastronômicos europeus, oferecia em um mesmo espaço rotisseria, delicatessen, padaria, confeitaria, adega, restaurante e loja de itens de cozinha. Visitas a São Paulo e Porto Alegre ampliaram o leque de referências. O nome do restaurante veio de conversas dos sócios com a dupla de arquitetos. Ao serem apresentados ao projeto dos irmãos, a arquiteta Cláudia Pereira, que trabalhou na elaboração do ambiente ao lado do colega Gabriel Valente, exclamou: “nossa, esse negócio vai ser uma Babilônia!” Foi o suficiente.
Nasceu o restaurante com espaço para uma panificadora, adega terceirizada, charutaria, uma pequena livraria, loja de CDs e DVDs e um canto dedicado à venda de semi-joias italianas. “A gente brincava que não tinha fechadura na porta”, ri, já que a operação não parava nunca. As equipes eram divididas em três turnos, e toda a logística de recebimento de insumos para a cozinha e demais itens, mais gestão de estoque, foram estruturadas para que não houvesse falta de absolutamente nada em momento algum, incluindo madrugadas e finais de semana. “Já tivemos reclamações de todas a naturezas, mas nunca a de alguém que pediu um estrogonofe às 3h da manhã e não comeu porque faltou carne”, diz, com certo orgulho.
Vai e vem
Nas oscilações da economia, o empreendimento cresceu –
vieram o Mediterrâneo, restaurante inaugurado em 2008, e as franquias do
Babilônia, mais duas lojas próprias (Cabral e Shopping Palladium) – e reduziu
quando foi necessário. Somadas todas as operações, em 2012, chegaram a ter 500
funcionários. A separação da sociedade naquele mesmo ano reduziu a equipe pela
metade, e deixou os irmãos com o Babilônia, as franquias e as duas unidades
próprias.
vieram o Mediterrâneo, restaurante inaugurado em 2008, e as franquias do
Babilônia, mais duas lojas próprias (Cabral e Shopping Palladium) – e reduziu
quando foi necessário. Somadas todas as operações, em 2012, chegaram a ter 500
funcionários. A separação da sociedade naquele mesmo ano reduziu a equipe pela
metade, e deixou os irmãos com o Babilônia, as franquias e as duas unidades
próprias.
A pandemia mudou a realidade global, e foi preciso inicialmente pausar o atendimento 24h. Veio a necessidade de interromper as atividades e permanecer com o delivery até que tudo se aproximasse do normal. Com a retomada, e já sem as franquias e as duas lojas próprias, Marcelo e Carlos entenderam que não fazia mais sentido trabalhar sem parar, e adaptaram o modelo da unidade do Batel. “Definimos novos horários. Abrimos às 11h, vamos até a meia-noite durante a semana. Finais de semana, até as 2h. Um horário bacana, saudável e com público muito interessante”, pondera.
Ed Sheeran solo
Em 20 anos, o Babilônia viu entrar pela porta um cast de estrelas que impressiona. Dos narradores das emissoras de TV que vinham à cidade para a transmissão de jogos de futebol a artistas em cartaz pela cidade, a lista inclui Galvão Bueno, Eva Wilma, Miguel Falabella, Luiz Felipe Scolari quando ainda dirigia a Seleção Brasileira, o humorista Paulo Gustavo, Agnetha Fältskog, uma das vocalistas do Abba, e um solitário Ed Sheeran, em 2017, quando se apresentou na cidade. “O cara veio sozinho, a pé, sem segurança, do nada. Entrou feito um desconhecido”, conta Marcelo. Durante nossa conversa, na hora do almoço, surge uma noiva e se senta na mesa ao lado. “Aqui acontece de tudo”, ressalta.
Amigos e clientes antigos vez ou outra perguntam se as franquias ou o atendimento 24h podem voltar. Por enquanto, não há planos para isso. “A qualidade de vida melhorou mil por cento”, afirma Marcelo. É que, com dez restaurantes, um deles com atendimento ininterrupto, não havia pausa ou fim de semana, comenta. “Agora dá para jogar Beach Tennis, e o Carlos está jogando Tênis, coisa que a gente não fazia antes”, comemora.
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