Bom Gourmet
Batata: uma boa companheira na cozinha
Toda semana ela aparece na sua mesa. Seja em palitos, cubinhos, assada inteira, cozida, frita ou em forma de purê, a batata é o quarto alimento mais consumido no mundo, perdendo o pódio apenas para o trigo, o arroz e o milho. Apesar de todas as batatas serem colocadas no mesmo saco, a branca (de casca amarela ou rosa) é de uma espécie diferente da batata-salsa e da batata-doce.
O chef Dyogo do Prado, do Espaço Gourmet Escola de Gastronomia, alerta que é preciso prestar atenção nos tipos e quais as técnicas de cocção ideais. “A Asterix e a Monalisa são batatas brancas, mas a primeira retém menos líquido, por isso é melhor para fritar e preparar massas, como nhoque”, explica. Na grade da escola, há um minicurso só com receitas com o tubérculo. A aula- show Preparações com Batatas ensina sete preparos usando as batatas Monalisa, Asterix e doce.
“Em uma das receitas, usamos os chips de batata-doce para fazer uma releitura de mil folhas com ganache de chocolates branco e preto”, explica Dyogo. A tradicional batata recheada foi feita com a batata-doce cortada ao meio com carne de cordeiro especialmente para o Bom Gourmet.
Como bom alimento que é, a batata branca está presente em diversas culinárias: na maionese brasileira, no pierogi dos poloneses, a kartoffelklösse (bolinho de batata) dos alemães, no fish and chips dos ingleses, nas batatas ao murro de Portugal, nas papas rústicas espanholas e no gnocchi italiano. Por ser cosmopolita, é um curinga na gastronomia. Que o diga o chef Ivan Lopes, do Mukeka Cozinha Brasileira, que adora trabalhar com todos os tipos. “Elas são muito versáteis como acompanhamento e no preparo. Dá para assar, cozinhar, fazer conserva. É um alimento neutro, que combina tcom qualquer coisa, carne branca, vermelha ou peixe e dá para comer batata em todas as refeições, do café da manhã ao jantar”, diz.
Em seu restaurante, ele serve a batata-salsa na forma de purê com carne de porco e a batata-doce no ceviche amazônico. Para esta reportagem, ele preparou uma conserva de batata bolinha e uma maionese de batata com maçã. “Gosto de usar a Asterix para a maionese porque ela fica mais ‘crocante’”, diz.
Para Priscila Deus, chef do Pobre Juan, mesmo que elas combinem com praticamente tudo, há ingredientes que casam perfeitamente e destacam seu sabor. É o caso da doçura da batata doce com o cítrico das raspas de limão siciliano, que ela sugere servir com carne suína. Outro preparo é com outra espécie de batata, a salsa ou mandioquinha. “Faço uma musseline e coloco um pouco de manteiga trufada ou azeite trufado. A mandioquinha equilibra sabores mais acentuados como este ou o do gorgonzola”, ensina.
No cardápio do Pobre Juan, estão, entre outros pratos, a batata gratin e a batata frita e inflada, a suflê. “A elaboração é trabalhosa e é difícil de fazer em casa. Uso a Asterix fatiada, fica dentro de uma panela com óleo a 130 graus C, mexendo sempre. Depois transfiro para uma fritadeira a 200 graus C. É o choque térmico que a faz inflar”, conta Priscila.
A batata souflé, como é chamada a batata inflada no restaurante argentino La Linda, está no cardápio desde a abertura da casa, em julho de 2011. Por semana, são usados 100 quilos de Asterix e quase 70 litros de óleo para fazer as famosas batatinhas. “O óleo é usado exclusivamente para as papas. Na Argentina, o restaurante El Palacio de las Papas Fritas usa uma batata que chamamos de negra, mas a polpa é branca, para fritar. Eles só colocam na fritadeira e ela já infla”, conta a sócia- proprietária Marcela Crespi.
As batatas passam três vezes pelo óleo para ficarem infladas e crocantes. As que não inflam são usadas para as tortillas de papas, confirmando a versatilidade dos preparos com esses tubérculos. Os chefs fazem coro: batata é sensacional.
O segredo para um bom purê
Os chefs são unânimes ao indicar o ponto de cozimento da batata como o segredo para um bom purê. Ivan Lopes, do Mukeka Cozinha Brasileira, indica cozinhar a batata Monalisa ou Asterix com casca, para que ela não absorva tanta água e não perca amido e sabor para o líquido. É coisa de dois minutos se ela estiver cortada em cubinhos, segundo o chef, ou até 15 minutos inteira, com casca. Depois, é só descascar e amassar bem, temperando a gosto.
“O segredo para fazer purê de qualquer batata é não deixar passar do ponto de cozimento. Não pode cozinhar demais. A batata-salsa, por exemplo, está pronta quando quebrar. Bato com noz-moscada e catupiry e sirvo com camarão. Fica uma delícia”, ensina. Para Dyogo do Prado, a batata salsa pode ser combinada com creme de leite e ser misturada até ficar cremosa e líquida. Outra dica dos chefs para os cozinheiros pacientes que não querem que a batata perca o sabor é assar as batatas por cerca de 30 minutos ou até estarem macias para amassar ou cozinhá-las no vapor, inteiras ou em cubos, com casca ou sem.
>>>Descubra como a batata conquistou o mundo.
Variedades


Esta batata tem a polpa mais seca.
Por ser mais firme e de formato
mais alongado que a branca é
geralmente usada para fazer batata
frita.
Origem: América do Sul, mas a
variedade é fruto de um melhoramento
genético feito na Holanda.
Tempo de cozimento: de 30 a 45
minutos com casca.
Coloração: amarelo claro na polpa
e rosa ou vermelho na casca.
Formato e tamanho: de médio a
grande, oval alongada.
Boa para: fritar, cozinhar e usar
em massas.



Espécie: Arracacia xanthorrhiza
Também chamada de mandioquinha,
mandioquinha-salsa ou batata
baroa, este tubérculo tem polpa
mais quebradiça e um cheiro levemente
doce. Até o ano de 2000,
o Paraná era o principal produtor
desta batata. Naquele ano, a colheita
foi de 72 toneladas.
Origem: região andina da Colômbia,
Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.
Tempo de cozimento: em média
15 minutos com a casca.
Coloração: amarelo na polpa e na
casca.
Formato e tamanho: fina e
alongada.
Boa para: cozinhar e fazer purês. Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
>>>Conheça também a batata yacon.
Receitas
<div class="embed-receitas" data-link="https://bomgourmet.com/bomgourmet/receitas-pratos/conserva-de-batata-bolinha/" data-image-url="https://media.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/2014/05/batatas-batata-bolinha-conserva-85c3e730.jpg" data-image-width="271" data-image-height="181" data-title="Conserva de batata bolinha" data-author="por Chef Ivan lopes, do Mukeka Cozinha" data-yield="Rendimento: " data-plates="Tipo de prato: vegetarianos" data-menu="Menu: acompanhamento, entrada, happy hour, lanches" data-occasion="Ocasião: dia a dia" data-time="" data-prepare="preparo / não especificado" >
* * *
Serviço
Restaurantes e escolas:
Espaço Gourmet Escola de Gastronomia. Al. Prudente de Morais, 129, Mercês – (41) 3019-0437. La linda. Rua Presidente Rodrigo Otávio, 835, Hugo Lange – (41) 3078-1732. Mukeka Cozinha Brasileira. Rua Machado de Assis, 417, Juvevê – (41) 3156-3028. Pobre Juan, piso L1 do Pátio Batel (Avenida do Batel, 1.868), Batel – (41) 3020-3670.
Lojas e peças:
Bergerson Presentes. Al. Presidente Taunay, 45, Batel – (41) 3304-4426. Roca utilidades. Avenida Visconde de Guarapuava, 1.856, Centro – (41) 3075-9950. Villa Batel. Al. Doutor Carlos de Carvalho, 1.332, Batel – (41) 3018-6488.