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Os primeiros registros do produto em Morretes são do século 16.

Bom Gourmet

Aguardente de Cana e Cachaça de Morretes recebe Indicação Geográfica do Inpi

Bom Gourmet
05/12/2023 17:46
A Aguardente de Cana e Cachaça de Morretes recebeu nesta terça-feira (5) o registro de Indicação Geográfica na modalidade Indicação de Procedência, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). A bebida, cujos primeiros registros são do século 16, já foi premiada internacionalmente e virou produto de exportação graças à qualidade garantida pelas características climáticas e processos de produção.
Com a aguardente, o Paraná soma 13 produtos com Indicações Geográficas, e se torna o segundo estado do país na lista. O Brasil chega a 119 indicações, com 85 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 34 Denominações de Origem (25 nacionais e 9 estrangeiras).
No caso da aguardente, a Indicação Geográfica é garantida inicialmente para três empresas que compõem a Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes (Apocam): Casa Poletto – Ouro de Morretes, Porto de Morretes e Magia da Serra. O processo foi protocolado no INPI em 27 de março de 2020 e contou com a colaboração do Sebrae/PR para a criação de uma associação, coleta de documentos, divulgação de matérias na imprensa, captação de relatos de moradores sobre a importância do produto, além de um levantamento sobre aspectos econômicos, culturais e históricos.
“A cachaça de Morretes é um produto fino, bem elaborado, com pureza, transparência, suavidade e sabor inigualável, fabricada em meio à natureza a partir de um processo de produção que fornece grande qualidade", informa o gerente da Regional Leste do Sebrae/PR, Weliton Perdomo. "É um símbolo de Morretes e a Indicação Geográfica colaborará para expandir o mercado nacional do produto além de estimular o turismo na região, o que colabora para a geração de renda e empregos locais”, afirma.
O processo contou com parcerias do Governo do Estado, por meio da secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), e da Agência de Desenvolvimento Cultural e do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur Litoral).

Qualidade local e natural

As características típicas da região garantem o registro. Chamada de havaianinha, a cana-de-açúcar plantada da região é produzida na região Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ao pé da serra, área reconhecida pela Unesco pelo seu patrimônio ecológico, e que confere características únicas ao solo, além de um clima quente e de baixa umidade. Os primeiros registros de produção de cachaça são do século 16. Ao final desse século, a cidade recebeu a permissão para que fosse instalado um dos engenhos centrais de açúcar. Já no fim do século 19, com a chegada de imigrantes europeus, havia mais de 50 engenhos na região. Após altos e baixos na produção, a produção foi retomada no início do século 21.
A cana de açúcar utilizada nas cachaças de Morretes é colhida manualmente e não recebe qualquer tipo de herbicida ou produto químico, além de obedecer a padrões de produção que garantem um produto natural e orgânico.Sem ser queimada, a cana é lavada antes de ser moída para o uso. A fermentação da bebida pode durar até 25 horas, já o processo de destilação leva cerca de três horas, o que garante uma cachaça com baixa acidez, além de não receber açúcar. O líquido é armazenado em alambiques de cobre, e todo o processo é acompanhado por um profissional especializado que segue padrões rígidos de produção.
A estimativa é que 100 mil litros sejam produzidos por ano, com cerca de 30 pessoes envolvidas na produção somadas as três empresas locais.

Títulos internacionais

As cachaças Ouro de Morretes e Porto Morretes já receberam prêmios em um Concurso Mundial de Bruxelas, na Bélgica e a segunda já foi eleita a melhor cachaça do Brasil. A Porto Morretes também tem a maior parte de sua produção destinada para a exportação, em especial para os Estados Unidos.
“Já realizamos também vendas para a França, Canadá e outros países. É uma bebida muito valorizada no exterior, o que nos garantiu um crescimento no ano passado. Mas ainda queremos expandir essas vendas para o mercado nacional. Competimos no mercado por conta da qualidade e não a partir do preço como é o caso de grandes indústrias. Acreditamos que a Indicação Geográfica pode resgatar a cachaça que é um patrimônio histórico e cultural da nossa cidade e expandir a nossa marca para todo o Brasil”, explica Fulgêncio Torres, proprietário da Porto Morretes.
Com a Cachaça de Morretes, o Paraná possui agora 13 produtos com registro de IG. Os demais são: o Barreado do litoral do Paraná, a Bala de Banana de Antonina, o Melado de Capanema, a Goiaba de Carlópolis, o Queijo de Witmarsum, as Uvas de Marialva, o Café do Norte Pioneiro, o Mel do Oeste, o Mel de Ortigueira, a Erva-mate São Matheus do Sul, o Morango do Norte Pioneiro e os Vinhos de Bituruna.
Outros nove produtos do Paraná aguardam reconhecimento realizado pelo INPI: Camomila de Mandirituba, Broas de Centeio de Curityba, Mel de Prudentópolis, Urucum de Paranacity, Queijos do Sudoeste do Paraná, Cracóvia de Prudentópolis, Carne de Onça de Curitiba, Café de Mandaguari, e Ponkan de Cerro Azul.
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