Bom Gourmet
Apesar da reclamação dos clientes, cardápio digital segue e não deve sumir dos restaurantes
Acabou a pandemia, mas o cardápio digital continua. E, segundo quem entende da área de gestão de negócios de alimentação fora do lar, esse é um caminho sem volta, apesar da reclamação dos clientes. A disputa cardápio digital x cardápio impresso chegou, claro, ao mundo das discussões nas redes sociais. Mas também avançou no Legislativo.
No Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa aprovou uma lei que obriga bares e restaurantes a oferecerem cardápios impressos aos clientes. Na Assembleia Legislativa do Paraná, tramita desde abril deste ano um projeto de lei no mesmo sentido. Assim como na do Rio de Janeiro, a proposta do deputado paranaense Tito Barichello (União) proíbe que restaurantes, lanchonetes, bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres disponibilizem apenas o cardápio na modalidade digital aos consumidores.
Dessa forma, ele não acaba de vez com o uso do cardápio digital, mas estabelece que o impresso deve continuar disponível para os clientes. "O projeto ora proposto não pretende proibir a disponibilização de cardápios digitais, mas, sim, oferecer uma alternativa ao consumidor que possui dificuldade no acesso daquela modalidade de cardápio, ofertando-lhe, pois, exemplar de cardápio impresso", explica o parlamentar no texto do Projeto de Lei.
Mas, se o cliente tem sempre razão, a obrigatoriedade que as casas legislativas tentam impor parece só adiantar um caminho natural do mercado. “Nas mentorias que promovemos, temos que a melhor solução é trabalhar com as duas alternativas visando atender todos os públicos e evitando possíveis situações adversas que ambos podem apresentar”, diz o Head do FoodCo., Henrique Cassins.
A frente da maior comunidade virtual de donos de bares e restaurantes do Brasil, Cassins enumera as vantagens da versão do menu digital. “Tem um excelente custo-benefício e é muito prático para realizar ajustes, como preço e novos pratos”, diz.
Sócia-proprietária do Boi and Beer, a empresária Patrícia Veron Tessaro utiliza desde a inauguração do restaurante, em outubro de 2018, o cardápio via tablet. “É um mundo de possibilidades. A vantagem é que é muito prático. Mudar o cardápio não é problema. Você tira o produto em 30 segundos. Também não tem o desgaste do cliente pedir algo do cardápio e não ter”, afirma.
Além do tablet, Patrícia diz que o sistema de autoatendimento via QR Code também será utilizado pelo restaurante ainda no mês de maio. “Será implementado para não fazer o cliente esperar em casos de mesas grandes, com um número grande de pedidos pelo tablet. O cliente poderá escanear a ficha do seu próprio celular”, comenta.
Semifinalista do Maschef Brasil 2019 e proprietário do Lemí Bar, o empresário Eduardo Richard faz uso do QR Code como sistema de acesso ao cardápio online de seus estabelecimento e defende as vantagens do meio digital. “Se você resolve colocar um prato novo no cardápio, não é necessário imprimir novas vias. Tem um dinamismo maior para o empresário de deixar o cardápio sempre atualizado, sem ter um cardápio impresso riscado ou que não ficou pronto a tempo, e ter que escrever alguma coisa à mão ou colar um adesivo do prato que está disponível na semana”, explica.
O cardápio impresso vai acabar?
Mas, mesmo que só conte vantagens para o cardápio digital em relação ao impresso, Richard diz que planeja em breve ter a versão do menu em papel. “Para o caso das pessoas que não tem o celular na mão, que estão sem bateria ou sem internet ou realmente uma pessoa mais idosa que não sabe mexer com as tecnologias”, comenta.
O movimento é natural. Afinal, ninguém quer deixar de vender por causa de um cardápio. Como observa Eduardo Macieira, professor de marketing digital da EGG Educa, escola de gestão de negócios da gastronomia, embora exista um movimento mais forte do cardápio digital, muitos estabelecimentos ainda têm os cardápios físicos para atender quem não tem tanta familiaridade com o meio eletrônico ou está sem acesso ao celular no momento.
Além disso, ainda existe o aspecto digitalização dos negócios. Incluir um cardápio digital pressupõe a implementação de um sistema e o cadastro de produtos. E o acesso a essas tecnologias ainda não chegou a todos os estabelecimentos gastronômicos. Por isso, os pequenos empreendedores, em geral, acabam trabalhando mais com cardápios físicos, enquanto os estabelecimentos de maior porte é que tendem a usar mais o formato digital.
Serviço
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