Fernanda Massarotto
Jornalista, paulistana. Não sei cozinhar, mas adoro comer. Moro há 15 anos em Milão, no norte da Itália. Pedalo pelas ruas com minha bicicleta vermelha em busca de novidades da cidade, especialmente as gastronômicas.
À milanesa
Restaurante instala mesas em minicasas de madeira para assegurar distanciamento social entre clientes
Se não fosse pelo tilintar das louças e pelo aroma das receitas veganas e vegetarianas, qualquer um que adentrasse o grande salão do restaurante Capra e Cavoli, em Milão, teria a impressão de estar em um set cinematográfico. Mesas e cadeiras alojadas em charmosas casinhas de madeira. O cenário porém nada tem a ver com a paixão dos proprietários por cinema. Pelo contrário. A pandemia devido ao coronavírus foi a responsável por essa criativa transformação que resultou na redução da capacidade 70 para 35, uma medida para assegurar o distanciamento social imposto pelas normas anti-Covid.
Barbara Clementina Ferrario, dona do restaurante vegano e vegetariano que fica no bairro boêmio Isola, de Milão, conta porque optou pelas "casinhas" ao invés das clássicas divisórias. "Queríamos recriar o clima "amigável" típico dos burgos medievais, mas sempre tendo em mente a distância. Assim, criamos esses espaços que lembram pequenas moradias em madeira, usando velhas portas e janelas. E todas elas com vista para uma pracinha", explicou a italiana para o jornal La Repubblica. "Trabalhamos com o designer Pietro Algranti que possui um laboratório de peças de decoração realizados com materiais reciclados, e cada uma das 14 mesas foi transformada em uma casinha com uma identidade própria".

Apesar da distância e da separação física entre cada mesa, as pessoas ainda conseguem se ver, sem porém interagir. O objetivo de Barbara Clementina Ferrario foi o de proporcionar à sua clientela uma experiência única, oferecendo assim, além da boa culinária vegana e vegetariana, algumas horas de relax com total segurança.
Apesar da redução na capacidade do restaurante, os preços não sofreram nenhum tipo de alteração. "Não gosto e jamais hipotizei aumentar o valor dos pratos. Ninguém tem culpa pelo acontecido e assim sendo, não é justo que o cliente pague pelo nosso prejuízo durante os meses de lockdown", acrescentou ao jornal italiano a proprietária do Capra e Cavoli. "Poderia ter instalado as divisórias de acrílico mas acredito que o investimento em uma decoração criativa seja a minha demonstração de esperança quanto ao futuro". A clientela, é claro, agradece!
