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Rígido e polêmico: Ivo Lopes marca o MasterChef

Da Redação, com Priscila Bueno, especial para a Gazeta do Povo
30/11/2016 02:00
Ivo Lopes na bancada do reality. Foto: Comunicação Band/ Divulgação
Ivo Lopes na bancada do reality. Foto: Comunicação Band/ Divulgação
Um chef que levaria uma faca e um moedor de pimentas para uma ilha deserta. Um pernambucano que passeia pela gastronomia paranaense (está em Curitiba desde 2013) e pela internacional (especialmente a francesa e italiana) a ponto de preparar tanto um molho de sabor único com o típico pinhão como um hambúrguer de javali.  Assim é o chef Ivo Lopes, que marcou a gastronomia da capital paranaense com preparos que já ganharam várias condecorações pelo Prêmio Bom Gourmet, da Gazeta do Povo, maior jornal do Paraná — premiação que existe há sete anos e reúne votos de júri especializado.
O chef consultor do restaurante Alessandro e Frederico marcou também a história do MasterChef Profissionais. Ficou entre os mais polêmicos e rígidos da edição, com comentários que geraram reações calorosas dos fãs do programa nas redes sociais (em um episódio mandou a participante Dayse Paparoto “varrer o chão”. Logo depois se desculpou em entrevistas). No começo do programa era um dos favoritos mas foi eliminado no top 4 da competição, exibido na terça-feira (29) pela TV Band.
Chef Ivo ensinando a preparar um risoto em uma aula show no Estúdio Bom Gourmet Pátio Batel. Foto: Fred Kendi/ Gazeta do Povo
Chef Ivo ensinando a preparar um risoto em uma aula show no Estúdio Bom Gourmet Pátio Batel. Foto: Fred Kendi/ Gazeta do Povo
Um profissional que conquistou seu espaço no reality MasterChef Profissionais principalmente pela experiência – começou na cozinha aos 16 anos — e pela fama de “durão”. Na estreia do MasterChef Profissionais o chef se saiu bem, apresentando uma releitura de um clássico, um talharim à carbonara, que preparou com espuma de queijo de cabra com pancetta crocante. Também comemorou o reencontro com Dayse Paparoto, chef que trabalhou com ele no Due Cuochi, inclusive sendo sua sous-chef.
No decorrer do programa, liderou equipes, fez amigos (tinha certa predileção por Dário) e foi comparado ao cantor Amado Batista. Deu broncas (em um episódio polêmico com Priscylla Luswarghi) e passou por alguns apertos. Foi acusado de arrogância ao considerar algumas provas “muito fáceis”.
Releitura do tradicional barreado preparado pelo Chef Ivo Lopes. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
Releitura do tradicional barreado preparado pelo Chef Ivo Lopes. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
Mas a confiança deu lugar a fragilidade. Em um episódio recebeu duras críticas de Henrique Fogaça e teve que enfrentar um ponto fraco seu: a pâtisserie. E surpreendeu, fazendo uma torta Ópera quase perfeita, na avaliação dos jurados. Mas, em outro episódio, ao apresentar uma inovadora torta de limão, recebeu críticas de Paola Carosella. “Você tem recursos para levar este prato a outro patamar. Você é famoso, Ivo, eu me lembro de sentar para jantar em restaurantes em que você estava. Você é o rei dos molhos, das carnes no ponto, dos braseados que desmancham na boca, das massas”, disse.
Ele também não deixou de mostrar apreensão diante do participante Marcelo Verde, quando o concorrente preparou um purê caramelado de repolho roxo como acompanhamento de coelho recheado de presunto Parma e cogumelos. Na época ele disse “hoje comecei a me preocupar com o Marcelo”. Marcelo também já havia definido Ivo como seu principal concorrente.
Talvez o que faltou para Ivo Lopes não ter ido para a final, como era esperado, foi a própria fórmula do programa: se superar a cada episódio e extrapolar os limites. Ivo, que vem de uma gastronomia clássica, é autodidata e tem 25 anos de experiência, poucas vezes ousou nos preparos (faz purê em grande partes das provas). Um grande exemplo disso foi o mau desempenho no episódio em que era preciso criar uma tela de artes plásticas com comida.
O Ivo fora do MasterChef
Mas o programa mostrou apenas um pouco do grande chef que Ivo é. Logo que chegou em Curitiba, montou o cardápio do restaurante Terra Madre junto com o irmão Ivan Lopes e com Rodrigo Martins. Anteriormente, no Rio de Janeiro, havia trabalhado com Danio Braga, no Locanda de La Mimosa, e em 2006, em São Paulo, no Due Cuochi. Participou de alguns festivais gastronômicos em Curitiba até assumir a cozinha do restaurante La Varenne, em Curitiba, em 2014. Lá, exerceu seu talento.
>>> No vídeo da série Vida de Chef 5 Estrelas de 2015, o chef apresenta sua rotina de trabalho e sua equipe, quando ainda estava no restaurante La Varenne:
Um dos pratos mais icônicos no La Varenne foi a apresentação do clássico ravióli de bacalhau recheado com a gema mole do ovo que, ao ser cortado, derrama seu recheio cremoso. E já em 2014 foi eleito pelo Prêmio Bom Gourmet como a melhor entrada de restaurante em Curitiba.
Entrecote grelhado com batatas rústicas ao molho mostarda. Foto: Fred Kendi/ Gazeta do Povo
Entrecote grelhado com batatas rústicas ao molho mostarda. Foto: Fred Kendi/ Gazeta do Povo
A casa, com um ano de vida, e com as panelas comandadas por Ivo, ganhou três prêmios, como melhor restaurante, prato principal e melhor cordeiro de Curitiba no Prêmio Bom Gourmet 2015.
>>> Confira o vídeo da aula que Ivo deu em abril deste ano no Estúdio Bom Gourmet Pátio Batel, em Curitiba, na qual prepara Baião de Dois durante a programação da Semana Nordestina:
Apesar da fama de durão, recebeu elogios de seus sub-chefs da época no La Varenne, ao descreverem como é trabalhar com Ivo na coluna Chef 5 Estrelas do Bom Gourmet. Mayra Batista disse que as cobranças e críticas feitas pelo chef, se vistas pelo lado positivo, são muito úteis. “Elas fazem com que eu me aprimore na organização, no meu foco e metas, para então buscar a ser tão boa quanto o meu mestre”. Felipe Miyake destacou o “senso organizacional que ele imprime na cozinha” e a bagagem que vem junto com tudo isso, “que são os sabores”.
Paleta de cordeiro com tagliolini. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
Paleta de cordeiro com tagliolini. Foto: Letícia Akemi/ Gazeta do Povo
O desempenho no La Varenne fez com que ele fosse eleito Chef 5 Estrelas do Prêmio Bom Gourmet em 2014 e 2015. Há exatamente um ano, passou a atuar como chef consultor da Alessandro & Frederico que tem cinco casas no Rio de Janeiro e uma em Curitiba.
O chef quando foi eleito Chef 5 Estrelas em 2014. Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo
O chef quando foi eleito Chef 5 Estrelas em 2014. Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo
Ao assumir a cozinha quis trazer uma “comida de alma” e acrescentou pratos como a costela de boi assada em baixa temperatura ao vinho tinto, a tagliata de mignon e o bacalhau com confit de palmito pupunha. Na época, o diretor geral da rede, o empresário Fabrizio Giuliodori, disse estar orgulhoso do trabalho realizado por Ivo Lopes. “Ele está somando sugestões inspiradoras para a rede, que aguçam o paladar”, diz.
>>> Ivo mostra sua versatilidade ao ensinar hambúrguer de javali:

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Aprenda a a preparar algumas receitas do chef Ivo Lopes

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