Bom Gourmet
Guilherme Lima é o vencedor do The Next Bartender; confira como foi a noite da grande final

Grande final do The Next Bartender revelou Guilherme Lima como o novo nome de destaque da coquetelaria curitibana. Crédito: Nay Klym.
Guilherme Lima foi o campeão do The Next Bartender, reality do Bom Gourmet que revela os novos talentos da coquetelaria curitibana. O bartender de 24 anos, um dos participantes mais jovens da competição, venceu Vicenzo Nunes na noite desta segunda-feira (10), em uma final técnica na Casa Bom Gourmet, em Curitiba.
Após a fase de votação do público, os dois finalistas enfrentaram um novo desafio: criar uma carta de drinks que unisse criatividade, técnica, sabor e hospitalidade a uma banca de jurados. As duas cartas foram avaliadas por um júri técnico, formado por Cissa Mariah, Daniel Carmona, Gilmar Tomasson, Richard Orciuch e Victória Badui, além de Caroline Olinda, head do Bom Gourmet, e Igor Bispo, bartender e apresentador do The Next Bartender.
Cada um dos participantes preparou dois coquetéis autorais: um mocktail (não-alcoólico) e um alcoólico. Em uma disputa acirrada, com diferença de apenas 22 pontos, Guilherme Lima venceu a competição e levou para casa o troféu de campeão, além de um prêmio de R$3 mil em dinheiro, R$ 3 mil em produtos Bacco, um avental e um voucher da Aprons.

Como foi a grande final: cartas de drinks que passaram das memórias afetivas ao espetáculo
Definindo sua carta com a palavra surpreendente, a história contada nos coquetéis de Guilherme eram carregadas do sentimento de nostalgia e memórias afetivas do bartender. “Na final, eu queria trazer a essência das minhas nostalgias dentro de um copo, tentando colocar aquilo que eu senti uma vez e passar para eles”, afirma o vencedor do The Next Bartender.
No seu primeiro drink, o não-alcoólico, chamado Benedito, Guilherme trouxe a memória de comer jabuticabas do sítio de sua avó, que fica na cidade de Benedito Novo (SC). O coquetel é feito com um vermute Low ABV de jabuticaba, fermentado com infusões de ervas e cascas cítricas, e combinado a um Miden Zero. O resultado é uma bebida frutada e encorpada, com equilíbrio entre a doçura da jabuticaba e um toque herbal.
O coquetel alcoólico, batizado de Boiler, remete à antiga padaria homônima, de um amigo do bartender, e à torta que era presença constante no balcão. O coquetel é um blend clarificado por milk punch, que reúne Vodka Bacco lavada com biscoito Maizena, Jerez Pedro Ximénez, Nutelka da Bacco, pistache, manteiga de cacau e uma solução cítrica. A combinação traduz os elementos da torta em versão líquida.

“O processo criativo dos dois coquetéis foi natural. Contei com a colaboração da equipe e do chefe Daniel Munari, que me deu orientações importantes. A ideia do drink alcoólico, por exemplo, surgiu ainda quando eu trabalhava em Blumenau. Na época, eu não tinha a técnica para chegar ao resultado que buscava. Aqui, em contato com outros profissionais e aprimorando o método, consegui desenvolver melhor a proposta e trazer essa versão atual”, conta Guilherme.
Com o título de campeão do The Next Bartender, Guilherme conta que foi se surpreendendo a cada etapa da competição. “Estou muito feliz com o resultado. Comecei muito descrente de que iria avançar e foi uma surpresa ter ganhado. Acho que eu era o mais novo entre os bartenders e o com menos experiência em competição”, afirma.
Guilherme destaca que o processo exigiu uma preparação diferente da rotina atrás do balcão. “No começo, escrever textos e estruturar apresentações foi um desafio. Normalmente estamos no atendimento, improvisando, servindo as pessoas. Além disso, meu nível na coquetelaria evoluiu bastante”. Para frente, mantém o foco no trabalho diário. “Por agora, quero continuar fazendo um bom trabalho no Royalty Café e, quem sabe no futuro, participar de mais campeonatos, como o World Class”, conclui.
Na carta apresentada por Vincenzo, segundo colocado, a proposta foi teatral, inspirada nos textos de Paulo Leminski e nos deuses gregos, destacando as duas perspectivas do bar: a do bartender e a dos clientes. No coquetel não alcoólico Noctivago, ele apresentou uma releitura do Dry Martini com Gin Midden, vermute infusionado com hortelã-pimenta, manjericão, folha de oliveira e losna, além de sal de salmoura de azeitona preta, tinta de lula e gergelim preto, que conferem coloração e um leve toque de umami. Já no alcoólico Evoé, em homenagem a Baco, Vicenzo utilizou uma infusão de frutas (pêra, pêssego, banana, cupuaçu, damasco e figo), espumante brut, suco de uva verde, bitter de ervas e Vodka Bacco, finalizando com perfume de tomilho, alecrim e canela.
Vicenzo destaca que sua trajetória foi de mudança. Ele afirma que, no início, via as competições e o trabalho no bar de outra forma, mas que o estudo e a troca com colegas o ajudaram a amadurecer e que aparecem nos coquetéis apresentados na final. “Os dois coquetéis, eles são extremamente significativos pra mim porque falam sobre a minha história dentro do bar, sobre os meus clientes, sobre os meus colegas bartenders, mas principalmente sobre aquilo que a gente escolhe como família”, afirma Vicenzo.
Fortalecendo os novos talentos da coquetelaria curitibana
Com o encerramento do projeto, a percepção entre os envolvidos é de que a iniciativa cumpriu seu propósito: fortalecer a nova geração da coquetelaria curitibana. Para Igor Bispo, apresentador e mentor do The Next Bartender, o resultado vai além da disputa. “Não só os finalistas, mas todos evoluíram a cada etapa, na construção dos coquetéis, na escolha de ingredientes e na forma de apresentação. No fim, alcançamos o que buscamos: incentivar esse pessoal a dar um passo além no segmento”, afirma.
Hyan Assano, da Bacco Destilados - destilaria apresentadora do projeto - reforça que acompanhar o desenvolvimento dos bartenders ampliou o diálogo entre marca e profissionais. “Durante o processo, foi possível ver como os participantes exploraram diferentes usos dos nossos produtos, buscando equilíbrio e aplicabilidade no serviço. Esse tipo de troca é essencial para entendermos de perto as demandas do balcão”, observa.
Já Caroline Olinda, head do Bom Gourmet, ressalta que a jornada, realizada ao longo de cinco meses, trouxe desafios, mas também consolidou novos nomes na cena local. “Foi um período intenso, mas conseguimos apresentar talentos que já despontam. A evolução foi nítida, especialmente nos coquetéis não alcoólicos, que mostraram propostas criativas e bem estruturadas”, comenta.


